Enquanto o Brasil já desistiu de em 2033 garantir atendimento a toda a população com serviços básicos como água e esgotos (essa meta já ficou para 2050), o que poderíamos chamar de cidade do futuro – ou pelo menos uma delas, há vários outros exemplos bem encaminhados – deve começar a receber os primeiros habitantes já em 2021. Dentro de alguns meses, portanto. Seu nome? Woven City. Está situada aos pés do lendário Monte Fuji, no Japão. E uma fabricante de veículos, a Toyota, é a responsável pela criação dessa cidade… que não terá motoristas!
“Cabe a nós todos, especialmente a empresas como a Toyota, fazer nossa parte para ajudar a tornar o mundo um lugar melhor”, disse em janeiro deste ano o diretor executivo daquela montadora, Akio Toyoda, ao apresentar os planos da cidade de 708,2 mil m² na exposição Consumer Electronics Show (CES 2020), em Las Vegas/EUA. Os primeiros moradores serão cerca de dois mil funcionários da empresa, além de pesquisadores, pessoas ligadas a empresas parceiras e os que se cadastrarem para isso no site do projeto. O nome Woven significa algo como tecer ou entrelaçar, e homenageia o bisavô fundador da empresa, Sakichi Toyoda, cujos teares no final do século 19 promoveram a industrialização japonesa.
O vanguardista dinamarquês Bjarke Ingels – e seu grupo BIG, conhecido pelos projetos das Torres Gêmeas (New York), do museu Lego House, das cidades flutuantes artificiais Oceanix e da Mars Science City, nos Emirados Árabes – assina o projeto, que considera três tipos de vias de circulação – uma para veículos autônomos expressos (isto é, sem motoristas), um passeio recreativo para um misto de pedestres/bicicletas/patinetes – e um parque linear exclusivo para pedestres se conectarem com a natureza.
Laboratório vivo – A nova cidade não vai ser somente um laboratório, mas terá gente vivendo nela, trabalhando, se divertindo, estudando. Terá policiamento, bombeiros, serviços de saúde. Será organizada em módulos de 3×3 quadras urbanas, com oito prédios ao redor de um espaço livre (pátio) central. A infraestrutura da cidade fica escondida no subsolo, incluindo uma rede para entrega de mercadorias, filtros de águas pluviais e geradores de energia a partir do hidrogênio.
Neste verdadeiro laboratório vivo, serão desenvolvidas tecnologias ligadas à condução autônoma, à mobilidade, robótica, casas inteligentes e inteligência artificial, em meio a um ecossistema totalmente conectado e alimentado por células de combustível a hidrogênio e painéis solares, sem emissões de poluentes. Sensores monitorarão o estado de saúde dos moradores e ajudarão em tarefas cotidianas. Madeiras cultivadas serão amplamente usadas nas construções.
Seria possível dar muito mais detalhes sobre o projeto – veja o vídeo em inglês em https://youtu.be/MdBp9yYjWPc –, mas já é hora de deixarmos a “cidade do futuro” e voltarmos à realidade de um Brasil tão atrasado que não consegue, em pleno século 21, oferecer ao menos água tratada e saneamento básico para metade de seus habitantes…
Projeto está sendo instalado aos pés do famoso Monte Fuji, no Japão
Imagem: divulgação/Bjarke Ingels Group (BIG)
Cidade terá uma rede de vias expressas interligando os módulos, mas em seu interior os espaços serão dos pedestres
Imagem: divulgação/Bjarke Ingels Group (BIG)
Um pátio de lazer marcará o centro de cada módulo da cidade, cercado por oito prédios
Imagem: divulgação/Bjarke Ingels Group (BIG)
Contato com a natureza está previsto nas vias para pedestres
Imagem: divulgação/Bjarke Ingels Group (BIG)
No site da Woven City, as boas-vindas aos visitantes da futura cidade
Imagem: captura de tela