A pandemia do novo coronavírus trouxe para a vida da população diversos novos desafios.
As atividades econômicas de toda sorte foram afetadas diretamente. Algumas sofrendo adaptações mais severas, como bares e restaurantes, enquanto outras vem encontrando seu caminho de volta à produtividade, como ensino e a indústria.
Mas talvez o maior impacto que essa pandemia tenha causado na sociedade foi o isolamento social.
Para a maior parte das pessoas o isolamento social quer dizer duas coisas: contato extra com as pessoas que moram nos mesmos lugares (pais, filhos e afins) e menos ou nenhum contato com qualquer outra pessoa fora desse círculo direto.
Para os casais o impacto parece ter sido maior ainda. Houve um estrondoso aumento do número de pedidos de divórcios no terceiro mês de isolamento social de 18,7%* em relação ao mesmo período do ano anterior.
Parecia que os casais seriam os mais aptos a suportar o isolamento social uma vez que podem contar um com o outro durante o difícil período, mas os dados mostram que a realidade não é bem essa.
Se você está casado e pretende manter-se assim até o final da pandemia trouxemos 5 dicas valiosas que podem ajudar e muito nesse período crítico de adaptações.
Não tome nenhuma decisão muito importante sob alto estresse
Ultimamente, basta ocorrer um breve desentendimento e as pessoas já querem divorciar, parte disso, é em decorrência da possibilidade do divórcio extrajudicial. Por mais que pareça ser uma boa opção é desaconselhável tomar decisões muito importantes sobre a vida enquanto experimenta um alto nível de estresse.
O estresse age diretamente no sistema límbico e as constantes descargas de hormônios muitas vezes fazem situações simples parecerem complexas e problemas fáceis parecerem insolúveis.
Eles nublam o julgamento e deixa o sujeito apreensivo e sem uma resposta. Na falta de algum caminho que possa aliviar imediatamente a alta carga de estresse, acaba optando-se por terminar aquilo que julga ser a fonte do problema para se ver em paz o mais rápido possível.
Só que muitas vezes o julgamento está comprometido e assim quebra uma relação que ainda poderia render muitos bons frutos.
Decisões tomadas no calor do momento costumam ser aquelas das quais mais nos arrependemos no futuro.
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Faça uma Lista
É provável que as aquelas características do parceiro que não são agradáveis, mas toleráveis, fiquem mais evidentes com o tempo a mais que passam juntos.
Quando isso acontece, temos uma tendência a perceber cada vez mais as características desagradáveis às que gostamos, e assim nutrir um sentimento de que talvez o parceiro tenha mudado ou o seu amor por ele não esteja mais forte como pensava.
Volte às origens. Faça uma lista com 3 colunas. Na primeira coisa que você admira em seu parceiro, coisas que você ama em seu parceiro e coisas que ele fala ou faz que te deixam feliz.
Faça as três colunas e pense nele ou nela. À medida que for se lembrando, preencha as linhas com aquilo que o faz tão apaixonante.
Perceba que olhar para as características positivas ajuda a relevar um pouco mais todas as não tão positivas assim.
Não é tampar o sol com a peneira. É perceber que seu parceiro é aquela pessoa com tudo aquilo que você não gosta e TAMBÉM aquela pessoa com tudo aquilo que você ama.
É um ser completo. Nem um estorvo, nem um herói. É a pessoa que você escolheu para estar com você nos momentos mais importantes da sua vida. Quer fossem bons ou ruins.
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Evite a Hiperconvivência
É bem mais fácil conviver com uma pessoa em intervalos intermitentes de tempo do que constantemente.
Essa é, inclusive uma das maiores dificuldades de se cuidar de um bebê. Ele tem demandas o tempo inteiro e é preciso estar à disposição para atendê-las.
O casal já tem uma rotina e tarefas estabelecidas. Essa rotina também serve para delimitar o espaço pessoal de cada um dentro da dinâmica do relacionamento.
Uma parte pode gostar de conversar mais, outra menos. Ouvir música, assistir filmes, ler um livro, conversar com amigos pelo telefone. Estar juntos não quer dizer realizar toda e cada atividade do dia, juntos.
O espaço pessoal é imprescindível para a convivência harmoniosa.
Portanto não force a hiperconvivência. Tente manter suas atividades prazerosas e hobbies e esforce-se para não tolher também o espaço pessoa do seu parceiro.
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Aprenda, finalmente, a Conversar
Parece idiota, mas a maioria das pessoas, mais ainda os casais, não sabe como ter uma conversa sincera.
A Comunicação Não Violenta prevê, entre tantas coisas, uma forma de diálogo onde as suas necessidades são postas em pauta e também as necessidades da pessoa com quem se fala.
A maior parte das vezes quando nos comunicamos com o parceiro tendemos a apontar seus defeitos e cobrar posturas diferentes da que ele apresenta.
Muitas vezes estamos frustrados, nos sentindo mal quistos, com mágoas em relação a alguma atitude e, no momento do diálogo, jogamos tudo aquilo na mesa na intenção de aliviar o que sentimos.
É preciso conversar com seu parceiro mostrando o seu sentimento sem culpá-lo por aquilo. Algumas pequenas mudanças podem ajudar muito. Por exemplo:
- Você me deixa sozinho -> sinto-me sozinho quando você passa muito tempo fora
- Você está bebendo demais -> Gostaria que passasse mais tempo comigo sem estar alcoolizado
- Você não presta atenção em mim -> Sinto que minha aparência ou o que eu faço não tem importância para você
Transforme a acusação em uma explanação do seu sentimento. Apresente para o seu parceiro aquilo que te incomoda e assim ele pode também sair da defensiva.
A comunicação bem-sucedida faz com que o receptor perceba o sentimento do comunicante e não se sinta acusado. Dessa foram também não se sentirá acuado e, sem a necessidade de defender-se, poderá escutar o seu desejo ou sentimento e responder da mesma forma, estabelecendo uma troca confiável e não violenta de relatos.
Essa é a verdadeira conexão pela comunicação.
* Em números absolutos, os divórcios consensuais passaram de 4.471 em maio para 5.306 em junho de 2020. Houve crescimento em 24 estados brasileiros, especialmente no Amazonas (133%), Piauí (122%), Pernambuco (80%), Maranhão (79%), Acre (71%) Rio de Janeiro (55%) e Bahia (50%). Segundo o levantamento, apenas três unidades federativas não viram crescimento neste período: Amapá, Mato Grosso e Rondônia.
Na comparação com o mês de junho de 2019, também houve uma leve alta em nível nacional, 1,9%. Ao todo, 15 unidades da Federação registraram crescimento: Amazonas (30%), Distrito Federal (8,5%), Espírito Santo (18,4%), Goiás (33,8%), Minas Gerais (13,5%), Mato Grosso do Sul (36,1%), Mato Grosso (14,9%), Paraná (21,8%), Rondônia (31,2%), Roraima (100%), Rio Grande do Sul (7,8%), Santa Catarina (28,3%), Sergipe (40,9%), Tocantins (5,3%) e São Paulo (1,9%).