O Livro das Lamentações – conhecido em hebraico como Megillat Eicha – foi escrito pelo profeta Jeremias em resposta à calamidade que se abateu sobre a Judéia em 586 AEC, quando o Império Babilônico destruiu Jerusalém e exilou seus habitantes.
No entanto, Eicha não é um relato histórico dos eventos. O livro lamenta a dor de uma nação e evoca as nuances teológicas que acompanham a tentativa de lidar com uma catástrofe.
Jeremias passou anos advertindo seu povo para que eles se arrependessem e parassem de insistir que o templo os protegeria. Para seu desgosto, os judeus honravam o templo mais em espetáculo do que em espírito.
Mas os judeus o ignoraram, até o aprisionaram e, para sua agonia insuportável, ele se mostrou certo. O templo foi destruído, o povo devastado, a nação dispersada e ele foi testemunha.
A primeira abordagem em Eicha se concentra em obter uma admissão de culpabilidade dos judeus. Os capítulos lutam com o sofrimento – mas também lutam com o pecado, com a culpa e a vergonha que acompanham uma confissão. No primeiro capítulo, Jerusalém reconhece a justiça de Deus e declara que a destruição ocorreu “por causa de todos os meus pecados”.
Entretanto, outros capítulos descrevem a incompreensão dos humanos que lutam com o papel ativo de Deus no sofrimento deles. Se os capítulos periféricos do livro projetam alguma medida de compreensão, esses capítulos refletem perplexidade e indignação.
O Livro de Eicha é atemporal.
Embora tenha sido composto após o final da primeira era do Templo, os Sábios do Midrash o acham cheio de alusões à destruição do segundo Templo, mais de 500 anos depois. Isso não é um anacronismo, porque a história judaica é um continuum.
Quando Jeremias chora, nós choramos com ele, porque – se formos pensativos e perspicazes – podemos ver toda a história judaica nas lamentações de Eicá.
Este é o desafio de Tisha B’av. Podemos perceber que este não é apenas um dia de lágrimas, mas de desafio e esperança?
O livro de Eichah chama Tisha B’av de “um dia de encontro judaico com Deus.
Dentro da turbulência circundante, o sofredor pode encontrar tranquilidade em seu ser mais íntimo. Os seres humanos têm a capacidade de combater o ataque de forças hostis que rodopiam em torno de nós, aproveitando a esperança e a fé que estão em seu cerne. Dessa forma, Eicha tece um retrato magnífico dos recursos e resiliência que estão profundamente dentro da alma humana.