Em 10 de julho de 1958, na cidade do Rio de Janeiro, mais precisamente nos estúdios da gravadora Odeon, localizado na Cinelândia, o genial violonista e cantor João Gilberto revolucionou a Música Popular Brasileira.
Neste dia, ele gravou o seu primeiro 78 rotações, acompanhado pela Orquestra liderada por Antonio Carlos Jobim, cantando com seu violão, "Chega de Saudade" no lado A e "Bim Bom" no lado B.
Como muito bem fundamenta meu querido amigo Carlos Alberto Afonso, dono da Toca do Vinicius, localizada no bairro de Ipanema, "está aí o primeiro documento fonográfico com o quadro estético da Bossa Nova, em gravação de seu próprio formulador, João Gilberto, acompanhado de seu co-arquiteto Tom Jobim, materializado pela canção".
O disco foi lançado em agosto de 1958 e sem dúvida alguma, esta gravação de "Chega de Saudade" foi um marco da Bossa Nova, hoje de caráter universal e patrimônio cultural da humanidade.
É bom destacar também, que o mesmo samba de Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes já havia sido gravado alguns meses antes, no também importante LP "Canção do Amor Demais", da divina cantora Elizeth Cardoso, que neste ano de 2020 completaria 100 anos.
Naquele disco, as músicas "Chega de Saudade" e "Outra Vez", contaram com a mágica levada no violão de João Gilberto e ali já pudemos constatar o que ele era capaz de fazer.
No ano seguinte, em 1959, João Gilberto lançou finalmente seu primeiro LP como líder e o nome não poderia ser outro, "Chega de Saudade". Depois disso, a música brasileira nunca mais foi a mesma.
E neste momento de questionamentos dos valores morais e éticos, de uma intensa crise política e social que estamos passando na atualidade, a Bossa Nova é a prova de que o Brasil pode dar certo.
A Bossa Nova está completando 62 anos. É nossa, genuinamente brasileira, digna de um orgulho enorme.
Pode ser definida simplesmente, como forma de execução do samba e sua batida característica é atemporal, imortal, capaz de preencher nossas almas e corações de uma infinita alegria.
Até breve Maestro Ennio Morricone
O mundo da música perdeu no último dia 06 de julho um dos seus nomes mais importantes.
O Maestro e compositor italiano Ennio Morricone, com mais de 500 trilhas sonoras compostas para o cinema e televisão, é com absoluta certeza, um nome que faz parte das nossas vidas, das nossas lembranças e das nossas emoções.
Não tenho nenhuma dúvida de que algumas de suas trilhas e músicas fazem parte da trilha sonora da sua vida, afinal, a inspiração era a sua marca registrada.
Na minha vida, algumas trilhas são definitivas e eternas: “Três Homens em Conflito” de 1966, “Era Uma Vez na América” de 1984, “Cinema Paradiso” de 1989, “Bugsy” de 1991, “Love Affair” de 1994 e “Malena” de 2000 entre uma centena de outras trilhas também muito especiais.
Muito precoce na música, começou a compor aos 6 anos de idade e estreou no cinema no ano de 1961.
Creio até que merecia ter tido um maior reconhecimento pela sua obra musical. Apesar disso, ao longo da carreira ganhou dois Oscars e dezenas de outros prêmios importantes, incluindo Grammys e Globos de Ouro.
Somente em 2007 recebeu um Oscar honorário por sua obra musical, prêmio que dedicou a sua esposa, grande companheira e crítica do seu trabalho, e a quem ele confiava plenamente.
De forma emocionante e marcante, antes de partir, o Maestro escreveu uma carta de despedida para seus amigos e família e um adeus especial a sua amada.
Dedico a coluna desta semana ao meu querido e saudoso amigo Carlos Eduardo Pappacena Carneiro, o Dadinho, um dos maiores admiradores e conhecedores da obra musical do Maestro Ennio Morricone.
Até breve Maestro Ennio Morricone! Sua música ficará para sempre entre nós!