Se já era comum você chegar à sua casa e reparar em algum conserto por fazer (sempre tem um!), em tempos de isolamento social domiciliar esses pequenos ou grandes reparos – antes adiáveis (pois você passava o dia fora e tinha outras prioridades) – vão ganhando um caráter maior de urgência, pois as pessoas passam o dia encarando o serviço a ser feito. E a agonia é ampliada pela dificuldade em colocar gente estranha em casa para a execução do serviço, aumentando o risco de contaminação pelo Covid-19 et caterva. Some-se a evolução da tendência do Faça Você Mesmo (DIY – Do It Yourself – em inglês) e temos uma nova tendência no mercado. Na verdade, não tão nova: surgiu por volta de 1912 e começou a ganhar força em 1960 no Hemisfério Norte.
Essa tendência tem sido reforçada pelo descontentamento com a qualificação (?) de muitos ditos profissionais – eletricistas, pedreiros, carpinteiros –, que desconhecem princípios básicos de suas atividades e acabam piorando o problema que se propuseram a resolver. Afora o valor da mão de obra, calculado “conforme a cara do freguês” e o evidente desperdício de materiais – pela inaptidão em calcular as necessidades e pela perda manipulação errada. Sem falar ainda nos orçamentos que sempre precisam de aditamentos – normalmente, ao final, o custo chega a triplicar.
A frustração é grande, e aumenta quando o dito “profissional” recebe parte do valor adiantado e atrasa o serviço, abandona-o por problemas familiares ou porque encontrou algo melhor para fazer, ou se enrola por não ter dimensionado sua capacidade de atender clientes simultâneos.
No Brasil, em que grande percentual da população – maior mesmo que em países mais desenvolvidos – usa a Internet rotineiramente, as pessoas descobrem cursos completos e gratuitos até para a realização de obras de maior porte. Vale entretanto o conselho: uma coisa é colar duas peças de madeira, outra é derrubar uma parede… e talvez o prédio, como consequência. Nem tudo pode ser feito por amadores.
Existem muitos conjuntos de materiais para montagem no mercado, mas embora as pessoas que gostam de fazer coisas procurem ter as ferramentas mais básicas, não se espera que possuam outras menos usadas. Nem há tanto espaço assim, em muitas das residências modernas.
Um espaço no edifício – Então, fica a ideia para os construtores: em edificações novas, com muitos apartamentos, além dos múltiplos espaços de lazer, criar um espaço de oficina para os moradores exercitarem seus talentos de faça-você-mesmo, equipado com o ferramental necessário, bancadas apropriadas e mais algumas máquinas úteis, como serras elétricas, testadores de voltagem e, logicamente, extintores de incêndio e caixinhas de primeiros-socorros…
Bom lembrar que a tendência de crescimento nas atividades artesanais cria uma nova gama de usos para esse mesmo espaço, pois muitos objetos precisam ser cortados, colados, pintados… Sem falar que é também uma opção de lazer criativo cada vez mais procurada no Brasil.
Claro que será necessário criar regras de uso (quebrou, troque!; usou, reponha!), controle sobre quem pode e quando pode usar (crianças: só num espaço infantil de faça-você-mesmo, isolado do espaço adulto) etc. Mas, para isso servem as reuniões de condomínio, não é mesmo?
Caixa de ferramentas para o faça-você-mesmo: tendência em alta
Foto: SELephant/Wikipedia
Crescimento do artesanato também impulsiona a tendência do fazer-você-mesmo(a)
Foto: br.depositphotos.com
Além da vantagem econômica, é uma poderosa distração
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