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Carlos Lyra – chr39Eu chr38 a Bossachr39

31/03/2020
Carlos Lyra – chr39Eu chr38 a Bossachr39 | Jornal da Orla

Sugiro que você leia o livro “Carlos Lyra – Eu & a Bossa – Uma História da Bossa Nova” ouvindo os 2 CD’s (com 48 músicas no total), que acompanham a bela edição, lançado no ano de 2008 pela Editora Casa da Palavra e que reuniu as grandes histórias de um dos maiores personagens e intérpretes da Bossa Nova, que é Carlos Lyra. 

É óbvio que não poderia faltar música nas palavras e no formato diferenciado do CDBook, onde ele conta como personagem real que foi, histórias inéditas e confirmando algumas versões dos fatos que já conhecemos. Porém, com pitadas de humor e ironia, peculiares a sua personalidade, além de reflexões sobre a situação social-econômica do nosso país, vigente entre as décadas de 50 e 60.  

Considero como mais um registro importante da nossa literatura sobre a Bossa Nova, que hoje é um patrimônio cultural do Brasil e que servirá para que os mais jovens conheçam com detalhes o que aconteceu na época.  

Dividido cronologicamente em sete capítulos, a obra contou com a apresentação de Millôr Fernandes que diz que “Carlinhos é a pedra fundamental, o alicerce, a estrutura, a fachada, a cumeeira e os fogos de artifício da inauguração da Bossa Nova”. 

Destaco uma história curiosa, depois dos tempos de exílio, quando ele voltou aos Estados Unidos no ano de 1974, em Los Angeles, para participar de uma terapia alternativa chamada “Grito Primal” e lá teve a oportunidade rara e inesquecível de trocar algumas palavras com John Lennon e Yoko Ono, que também estava participando da terapia, e que segundo Lennon, salvou sua vida.

Suas composições se diferenciaram pela inspiração. “Canção que Morre no Ar”, “Minha Namorada”, “Primavera”, “Samba do Carioca”, “Você e Eu”, “Sabe Você?”, “Se É Tarde Me Perdoa”, “Marcha da Quarta-Feira de Cinzas” e as minhas favoritas “Influência do Jazz”, “O Negócio é Amar” e “Coisa Mais Linda” são algumas delas. 

Seus parceiros foram Vinicius de Moraes, Marcos Valle, Paulo Cesar Pinheiro, Ronaldo Bôscoli, Geraldo Vandré, Chico Buarque entre tantos outros nomes. 

A Bossa Nova para Carlos Lyra é a música da classe média feita para a classe média, e vou além dizendo que a Bossa Nova é a música feita por gênios para todas as classes sociais. E como Tom dizia: “Carlos Lyra, ou mais completamente, Carlos Eduardo Lyra Barbosa, elegante até nome”.

 

Marcos Valle & Stacey Kent – “Ao Vivo”

Quando o CD foi lançado em 2014, Marcos Valle estava comemorando 50 anos de carreira, como um dos principais intérpretes e compositores da Bossa Nova, sempre com uma jovialidade surpreendente. 

Já a incrível e simpática Stacey Kent apareceu na cena jazzística no ano de 1997 e logo despontou como uma das cantoras mais talentosas que surgiram nos últimos anos, sempre demonstrando em seus trabalhos uma grande admiração pelo Brasil. 

Eles se admiravam musicalmente a distância, há muitos anos, e quis a vida que um dia se unissem para apresentações no mesmo palco. 

Encontraram-se pela primeira vez aqui no Brasil para um projeto musical que marcou as comemorações dos 80 anos do Cristo Redentor em 2011 e depois, no ano seguinte, para outro projeto, desta vez com 4 apresentações e a química musical que compartilharam foi mágica e imediata. 

Deu tão certo, que resolveram gravar um disco juntos, registrado nesta temporada nas apresentações feitas no Rio de Janeiro, no palco da já extinta casa Miranda e lançado pelo selo Sony Music. 

O disco ganhou uma sonoridade mais jazzística, reforçando a versatilidade da música de Marcos Valle, que ganhou uma interpretação suave e cheia de emoção de Stacey Kent. 

Destaco as inéditas “Drift Away” e “La Petite Valse” e as revigoradas releituras de “Summer Samba”, “If You Went Away”, “Batucada” e “The Face I Love”, com um belo solo do marido de Stacey o saxofonista Jim Tomlinson, com nítidas citações de Stan Getz. 

A banda foi formada por Luiz Brasil no violão, Alberto Continentino no contrabaixo, Renato Massa na bateria, Jessé Sadoc no trompete e flugelhorn, Marcelo Martins no sax e flauta, Aldivas Ayres no trombone, além de Marcos Valle no piano. 

Como é prazeroso ouvir a Bossa Nova incorporada ao Jazz, numa mescla única e perfeita. CD indispensável e obrigatório. Que maravilha ouvir e desfrutar.

 

 

Bebel Gilberto – “Live In Rio”


“Filho de peixe, peixinho é”, assim posso definir a cantora e compositora Bebel Gilberto, que é filha dos brasileiríssimos João Gilberto e Miúcha e sobrinha de Chico Buarque.

Nascida nos Estados Unidos, em Nova York, ela durante muitos anos dividiu seus dias de vida entre os bairros de Manhattan e Ipanema e muito cedo começou na música. Também pudera, foram muitas as influências familiares.  

Lançou em 2014 pelo selo próprio Bebelucha, distribuído pela gravadora Biscoito Fino, no formato DVD e CD, ambos com 17 faixas, um registro ao vivo, que foi gravado no dia 5 de dezembro de 2012, em um grande palco montado ao ar livre na pedra do Arpoador, diante do mar de Ipanema, um dos mais belos cartões-postais do Rio de Janeiro e que teve a direção de Gringo Cardia. 

O local foi estrategicamente escolhido, pois ali a cantora cresceu e colecionou histórias maravilhosas. E como ela mesma afirma, o seu coração continua no Rio de Janeiro e a sua cabeça em Nova York. 

Na carreira já atingiu a marca de mais de 2,5 milhões de discos vendidos, fazendo sucesso no mundo inteiro com a sua Bossa Nova revitalizada, cantando em português e em inglês. 

O repertório deste trabalho traz todas as músicas de seu primeiro álbum e de seus outros trabalhos, uma versão atualizada muito bonita de “Preciso Dizer Que Te Amo”, “Bananeira”, “Samba da Bênção”, “So Nice (Samba de Verão)” e as suas composições, “Mais Feliz”, “Tanto Tempo”, “Close You Eyes” e um dueto extra, gravado em estúdio, ao lado de Chico Buarque em “Samba e Amor”. 

Os músicos que a acompanharam foram Masa Shimizu no violão e contrabaixo, Jorge Continentino nos sopros e violão, John Roggie nos teclados, Sacha Amback nos teclados, Magrus Borges na bateria e Marcos Suzano na percussão. 

Uma grande celebração da carreira desta americana bem brasileira.