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A história do blues por Martin Scorsese

14/12/2019
A história do blues por Martin Scorsese | Jornal da Orla

O DVD “A História do Blues”, lançado pelo selo Paramount em 2004 e produzido por Martin Scorsese, festejado cineasta, ator, produtor e roteirista americano, é uma preciosidade. 

 

É importante destacar que o Blues influenciou profundamente a nossa música e milhões de seguidores pelo mundo afora e nada mais justo do que essa bela homenagem ao gênero. 

 

Nele encontramos, nas suas melodias e letras histórias de vida, de lamentos, alegrias, desigualdades sociais, de amores e também de esperança.

 

No dia 7 de setembro de 2003, Martin Scorsese conseguiu realizar a proeza de reunir no Radio City Music Hall, templo da música de Nova York, para um concerto inesquecível de celebração ao Blues, os maiores intérpretes vivos do gênero nos últimos cinquenta anos.

 

Na mesma noite e no mesmo palco, simplesmente: B.B. King, Robert Cray, Buddy Guy, Clarence “Gatemouth” Brown, Ruth Brown, Natalie Cole, Bill Cosby, Keb' Mo', John Forgety, Macy Gray, India Arie, Dr. John e tantos outros. Um verdadeiro time de estrelas que brilham por si só e que puderam mostrar seu talento e todo seu amor incondicional à música. A direção musical ficou por conta do surpreendente e intenso Steve Jordan. 

 

O filme mostra com riqueza de detalhes toda a magia daquela noite inesquecível e memorável, numa mescla de imagens dos astros se apresentando no palco, várias entrevistas muito interessantes, imagens raras e exclusivas dos ensaios e clipes de arquivo que compuseram as imagens apresentadas nos telões.

 

Um verdadeiro show de imagens e uma produção simplesmente perfeita. E o gesto mais bonito da noite foi o caráter beneficente do espetáculo, cuja renda foi destinada integralmente à educação musical das novas gerações. E que com certeza possibilitou a inclusão social de muitas pessoas através da música, uma das formas de comunicação mais intensas e transformadoras.

 

Está aí um registro indispensável para todos aqueles que gostam de Blues, da sua herança importantíssima e de toda sua paixão. 

 

          
              

“Oscar Peterson Plays The George Gershwin Songbook”

 

O canadense Oscar Peterson é um dos meus pianistas preferidos. No ano de 1996 o selo Verve, um dos mais tradicionais do Jazz, lançou o CD “Oscar Peterson Plays The George Gershwin Songbook”, reunindo gravações feitas pelo pianista nos anos de 1952 e 1956 nos seus dois discos que homenagearam o genial George Gershwin.

 

No primeiro “set” do disco composto por 12 faixas, gravadas no mês de agosto de 1959, ele foi muito bem acompanhado por Ray Brown no contrabaixo e Ed Thigpen na bateria. E que pode ser considerado como o trio mais famoso da sua carreira.

 

Meus destaques ficaram para os temas “A Foggy Day”, “Love Walked In”, “Love Is Here To Stay”, “Summertime” e “Nice Work If You Can Get It”. Simplesmente, sensacionais.

 

Já o segundo “set” com mais 12 faixas, desta vez gravadas entre os meses de novembro e dezembro de 1952, ele foi acompanhado pelo incrível Barney Kessel na guitarra e novamente por Ray Brown no contrabaixo.

 

Destaco os temas “The Man I Love”, “Fascinating Rhythm”, “I’ve Got A Crusch On You”, “S’Wonderful”, “I Got A Rhythm” e “Love Walked In”.

 

A produção dos dois discos ficou por conta de Norman Granz, grande mentor do selo Verve e responsável por verdadeiras obras primas, lançadas através dos anos.

 

Ele inclusive foi determinante na carreira de Oscar Peterson, pois no ano de 1949, Granz o convidou a sair do Canadá para integrar a trupe de “all stars” do “The Jazz At The Philharmonic”, que excursionava pelos Estados Unidos. O sucesso para ele chegou imediatamente e recebeu do público um carinho muito grande.

 

Improvisador nato e cheio de swing, seu toque no piano é inconfundível. Influenciou vários pianistas e continua até os dias de hoje a influenciar pelo seu estilo raro e marcante.

 

 

Manfredo Fest – “Amazonas”

 

O pianista gaúcho Manfredo Fest, também posso considerar como um dos meus pianistas favoritos. Apesar de ter apenas dez por cento da capacidade visual ele esbanjou talento e um virtuosismo sem igual.

 

Começou a despontar no cenário musical no início dos anos 60 quando se mudou para São Paulo e lá formou seu primeiro trio. Nos anos seguintes gravou vários discos.

 

A parceria com Sérgio Mendes também foi decisiva e transformadora para sua carreira. 

 

Foi para os Estados Unidos no ano de 1967  e não voltou mais. Por lá lançou discos preciosos e marcantes.

 

Levou com ele uma bossa sem igual que encantou o mercado americano.

 

No ano de 1997, lançou pelo selo Concord Jazz o CD “Amazonas” ao lado de David Finck no contrabaixo, Vanderlei Pereira na bateria, seu filho Phil Fest na guitarra e os convidados especiais Steve Sacks no sax alto e flauta e o surpreendente Hendrik Meurkens na harmônica e no vibrafone.

 

Destaco os temas “Amazonas”, “Caminhos Cruzados”, “Madison Square”, “Tristeza De Nós Dois”, “Ela É Carioca” e “Estaté”.

 

Procure saber mais sobre a discografia de Manfredo Fest, principalmente os discos lançados para o mercado americano.

 

Tenho certeza de que você vais se surpreender e se apaixonar pela sonoridade deste brasileiro que fez muito sucesso lá fora e que infelizmente poucos o conhecem aqui no Brasil.