Nesta época do ano as pessoas tendem a ficar aflitas, ansiosas e nervosas por conta de uma série de compromissos e tarefas: o que fazer com o 13 º salário, as compras de fim de ano (presentes e os itens para as comemorações de Natal e Ano Novo), as confraternizações com colegas de trabalho ou parceiros comerciais, as reuniões familiares… Para muitos, níveis de estresse máximo! Então, o que fazer para evitar que este período se transforme numa grande angústia?
Doutora em Psicologia Social, a professora da Unisanta Gizela Monteiro, recomenda agir com serenidade e evitar atitudes impulsivas, o que não é nada fácil nesta época do ano, quando todo mundo já esta com a bateria emocional no limite de sua carga. Calma, ponderação, soluções intermediárias, diálogo e planejamento são palavras-chave para aproveitar esta época do ano sem dissabores. Confira:
Jornal da Orla — Praticamente todas as pessoas estão financeiramente “enforcadas” e, neste contexto, o 13º salário é muito bem vindo para pagar dívidas. No entanto, há também a tentação de comprar presentes (para outras pessoas e para si) ou investir nas festas de fim de ano (decoração, ceia etc). A decisão mais racional seria pagar os débitos, mesmo que isso signifique sacrificar o prazer de presentear ou fazer uma festa mais bonita. Por outro lado, seria total irresponsabilidade investir apenas na alegria e continuar numa situação financeira delicada — ou até mesmo piorá-la. Então, como resolver essa equação? Qual o ponto de equilíbrio? É possível identificar sinais de que está se ultrapassando os limites?
Gizela Monteiro — Penso que não há uma única forma de dar conta deste problema para todas as pessoas que o enfrentam. Pagamento de dívidas e presentear amigos podem ter valores diferentes, de acordo com as circunstâncias que as pessoas vivem. Sugiro é que a escolha seja feita com calma e ponderação. A impulsividade, uma característica dos tempos atuais, pode nos empurrar para uma decisão precipitada que nos leve ao arrependimento. Vale a pena também pensar em uma solução intermediária, comprar alguns presentes mais simples e artesanais, por exemplo, e pagar parte das dívidas.
Jornal da Orla — Na maior parte das vezes, é impossível escapar de confraternizações profissionais. Quais as melhores estratégias de como se comportar nestes eventos sem criar atritos com desafetos, por exemplo, e ao mesmo tempo não ficar com a desconfortável sensação de estar “engolindo sapos”?
Gizela Monteiro — Costumo dizer que trabalhar é a arte de engolir sapos. Contrariedades e desconfortos fazem parte do mundo do trabalho. Também nesse caso sugiro um caminho intermediário, de comparecer a confraternização e ficar o tempo necessário para ser visto e cumprir sua parte. Ingerir pouco ou nenhum álcool me parece também uma escolha sábia. Evita-se assim entrar em assuntos constrangedores e correr riscos.
Jornal da Orla — Em muitos casos, as reuniões familiares acabam pegando fogo e tendo desfechos desastrosos, seja por discórdias pessoais anteriores ou até mesmo por conta de discussões sobre política. Como escapar de situações delicadas? Quais as melhores maneiras de evitar provocações? Qual o limite de se travar um debate político durante a confraternização familiar?
Gizela Monteiro — Em tempos de polarização política, não entrar no assunto é a melhor maneira para evitar os desfechos desastrosos nas reuniões familiares. Caso seja esse o tema, tente mudá-lo ou afaste-se da roda. Não ingerir álcool é igualmente importante para não entrar em provocações. Para alguns é difícil separar o afeto do posicionamento político, mas pode-se aprender a fazer isso em nome do vínculo já construído.
Jornal da Orla — Nesta contagem regressiva para o final do ano, é grande a sensação de que há muitas tarefas para se fazer e pouco tempo. Como administrar melhor o tempo? Em alguns casos, as pessoas se incumbem tarefas desnecessárias. Que critérios usar para definir o que realmente é essencial e o que não vale perder tempo?
Gizela Monteiro — A palavra chave aqui é planejamento. Não temos tradição de organizar a agenda e fazer lista de tarefas. O brasileiro tende a ser imediatista, deixando muitas atividades para o último minuto. O planejamento pode garantir que tudo seja feito a tempo, como também proporcionar economia de dinheiro. Para separar o essencial do supérfluo, é preciso tempo e reflexão. Uma conversa com pessoas próximas e de sua confiança pode ajudar a pensar os critérios e aliviar o peso da escolha.
Como organizar o pensamento
A especialista em Programa Neurolinguística (PNL) Elis Borsoi dá algumas dicas para encerrar 2009 de forma mais leve, sem se penitenciar exageradamente pelos planos feitos no ano passado, mas não concretizados.
Ela afirma que é possível reprogramar nosso cérebro, como fazemos com um computador, para que a mente trabalhe melhor. “Aproveite esse período para limpar sua mente de bugs, que são os bloqueios emocionais responsáveis por nossos padrões de pensamentos negativos repetitivos”, explica.
Para facilitar o processo, Elis também sugere dividir determinados sonhos em pequenos objetivos, com datas de início e término. “É importante celebrar as pequenas e as grandes conquistas. Se você pode sonhar, você pode planejar, realizar e, consequentemente, celebrar seus feitos”, explica Elis, que é autora do livro “Como desbugar sua mente” e desenvolveu o método Inner Dev, de programação neurolinguística.
Elis Borsoi dá algumas dicas para que os planos se tornem realidade no ano que vem.
Dicas para desbugar a mente
1. Faça uma reflexão sobre os objetivos ou sonhos que você desejava realizar em 2019.
2. Pegue um caderno, bloco de notas ou algum meio digital e faça duas listas: uma com os objetivos ou sonhos que você realizou e outra com os que você não conseguiu concretizar.
3. Agradeça e celebre por tudo o que você conseguiu transformar em realidade, por menor que tenha sido esse feito.
4. Dentre os objetivos não realizados, verifique quais ainda estão na sua lista de desejos, se fazem sentido para o atual momento da sua vida. Pode ser que você tenha mudado algumas prioridades ou valores e perceberá que esses objetivos não se alinham mais com este período da sua vida.
5. Não sinta culpa pelo que não foi concretizado. Pense que você fez o que deveria fazer num determinado momento. Aceite que teve boas intenções quando fez algo que não foi favorável à realização desses objetivos e acolha isso no seu coração.
6. Se os objetivos não alcançados continuarem fazendo sentido na sua vida, pense e escreva os benefícios que vai obter com essa realização. Defina e escreva uma estratégia com bastante clareza nos detalhes, sobre o que você realmente fará para realizá-los em 2020.
7. Siga esses passos para criar uma nova realidade para 2020, com novas interpretações para os fatos que aconteceram na sua vida, aprendendo com seus erros e aceitando tudo como foi.
8. Comece o próximo ano criando trilhas diferentes na sua mente, para percorrer caminhos mais saudáveis até a realização de seus objetivos e sonhos.
9. Reavalie sempre a sua lista. Se for necessário, ajuste as metas, reveja prioridades e reforce a motivação para conquistar esses objetivos.
10. Lembre-se: tão importante quanto o destino é o caminho que você irá trilhar até a conquista dos seus sonhos!