O guitarrista inglês Andy Summers fez parte de um dos mais importantes grupos de Pop Rock das décadas de 70 e 80, o The Police, ao lado do contrabaixista e cantor Sting e do baterista Stewart Copeland. Um trio fenomenal que fez história e marcou toda uma geração de fãs e, até os dias de hoje, o grupo continua sendo cultuado pela sua sonoridade.
Dono de um estilo elegante, Andy Summers é um apaixonado pelo Jazz e pela música do Brasil, especialmente a Bossa Nova. A primeira gravação que o encantou foi “Manhã de Carnaval”. Esteve por aqui em diversas ocasiões e sempre marcou suas passagens com shows e gravações de discos ao lado de artistas brasileiros e também participações em DVD’s.
Hoje vou destacar o DVD “United Kingdom Of Ipanema”, registro maravilhoso feito no Rio de Janeiro que reuniu Roberto Menescal e Andy Summers, gravado no ano de 2008 e lançado pelo selo Musickeria, que hoje virou um produto raro e muito difícil de ser encontrado.
O DVD já vale somente pelos “extras” e lá você vai poder conferir um bate-papo muito descontraído entre Menescal, Summers, o saudoso Pery Ribeiro, Marcos Valle e Leila Pinheiro, que cantaram e conversaram sobre as músicas da Bossa Nova.
A gravação foi feita no apartamento que pertenceu à cantora Nara Leão (Edifício Champs Élysées localizado na Av. Atlântica no. 2856 – 3º. Andar, de frente para o mar na praia de Copacabana), exatamente no mesmo local, onde noite após noite, se reuniam para cantar e tocar, Menescal, Carlos Lyra, Chico Feitosa, os irmãos Castro Neves e Ronaldo Bôscoli, que era o líder da turma.
E até recomendo que você primeiro assista aos “extras” e depois assista ao show. Tenho certeza de que você não vai se arrepender. A parte musical também é de altíssimo nível e reuniu Summers e Menescal nos violões, a competente cantora de timbre forte e envolvente Cris Delanno, Adriano Giffoni no contrabaixo, João Cortês na bateria e Adriano Souza no piano.
O repertório escolhido a duas cabeças apresentou, numa levada “bossanovista”, os clássicos do The Police, “Roxanne”, “Every Breath You Take” e “Message In A Bottle”. E mais, “Manhã de Carnaval” (tema preferido de Summers), “Samba do Avião”, “Garota de Ipanema”, “Barquinho”, “Bye Bye Brasil”, “Samba de Verão”, “Chega de Saudade”, “Só Danço Samba”, entre outros que marcaram a Bossa Nova.
Apesar de escolas musicais muito diferentes, a reunião de Menescal com Summers mostra que a música não tem barreiras e pode aproximar magicamente culturas muito diferentes. No show podemos ver que a sintonia e a integração de ambos é absolutamente mágica.
Luiz Alves – “Mar Azul”
No ano de 2008, o mundo comemorou os 50 anos do surgimento da Bossa Nova e, no mesmo ano, o sofisticado e talentoso contrabaixista carioca Luiz Alves, entrou em estúdio para lançar apenas 1.000 cópias do seu primeiro trabalho como líder.
Com 10 faixas gravadas, o CD traz 7 composições próprias em parceria com Wagner Tiso e Luizão Paiva e outras 3 de outros compositores, que são das duplas Luiz Eça & Aloysio de Oliveira, João Donato & Lysias Enio e de Kiko Continentino.
Na minha opinião, ele esperou muito tempo para gravar e para nos mostrar seu trabalho autoral. Sua levada precisa no contrabaixo é absolutamente incrível e envolvente. E a demora para gravar um disco solo se deve principalmente pelas diversas e marcantes participações em estúdio ou nos palcos, acompanhando os maiores nomes da nossa música.
Na lista de suas importantes participações, estão algumas ao lado de Tom Jobim, Paulo Moura, Nana e Dori Caymmi, Sivuca, Egberto Gismonti, Luiz Eça e o seu grande parceiro João Donato, que ele acompanha há quase 40 anos.
Outra participação de destaque ocorreu no início da década de 70, no famoso grupo “Som Imaginário”, formado por ele, Wagner Tiso, Robertinho Silva, Nivaldo Ornelas, Paulo Braga entre outras feras.
Começou a tocar violão aos 8 anos de idade, por indicação do seu pai e somente aos 18, encarou definitivamente o contrabaixo como seu instrumento principal.
O CD “Mar Azul” é maravilhoso de ponta a ponta e apresenta uma levada revigorada da Bossa Nova, ao lado de convidados muito especiais, que de alguma forma estiveram com ele nos palcos em mais de 50 anos de carreira.
São eles: Alberto Chimelli (piano), Bebeto Castilho (flauta), Idris Boudrioua (saxofone), João Donato (piano), José Arimatéa (trompete), Robertinho Silva (bateria), Wagner Tiso (piano), Maurício Einhorn (gaita), Kiko Continentino (piano), Clauton “Neguinho” Salles (bateria e trompete), Ricardo Costa (bateria) e Ricardo Pontes (flauta).
Ouça os temas “Bolerito Pro Gusmão”, “Desilusão”, “Fátima”, “Don Donato”, o clássico “Imagem”, “Abre o Olho”, “Vento no Canavial” e a faixa título “Mar Azul”.
Seja na Bossa Nova, na MPB, no Jazz ou na música instrumental, ouvir Luiz Alves é sinônimo de bom gosto e alegria.
Jacques Morelenbaum Cello Samba Trio – “Saudade do Futuro – Futuro da Saudade”
Ele toca um dos meus instrumentos favoritos: o cello. E pode ser considerado como um dos músicos mais requisitados, experientes e talentosos do nosso país. Além de mandar muito bem como compositor, arranjador, maestro e produtor.
Em mais de 40 anos de carreira, são raros e primorosos os seus lançamentos como líder.
No ano de 2003, com uma formação também especial, formou o Jacques Morelenbaum Cello Samba Trio, composto por ele no cello, pelo genial e arrepiante Lula Galvão no violão e pelo garoto prodígio Rafael Barata na bateria e percussão.
Somente em 2014, se reuniram em estúdio, para gravar o álbum lançado pelo selo Biscoito Fino com 12 faixas muito inspiradas.
Gosto muito da mistura deste instrumento mais acostumado a se apresentar no repertório clássico, passeando por um repertório mais popular, como o Samba, a Bossa Nova e o Jazz.
Também merecem destaque suas parcerias com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Sting, Milton Nascimento, Hubert Laws, Kenny Barron. E a sua marcante participação por 10 anos, na Nova Banda, última formação do saudoso maestro Tom Jobim.
Seleciono os temas “Tim-Tim Por Tim-Tim”, “Eu Vim da Bahia”, “Coração Vagabundo”, “Retrato em Branco e Preto”, “Sambou…Sambou”, “Outra Vez” e “Você E Eu”.
Se você está à procura de uma sonoridade diferente, este CD é uma excelente opção para agradar nossos ouvidos, que andam tão cansados de ouvir tantas porcarias.
Música brasileira genuinamente interpretada por brasileiros, padrão exportação para todos os países do planeta.