Comportamento

Amor puro e incondicional

26/10/2019
Amor puro e incondicional | Jornal da Orla

Pelagem solta pela casa, xixi fora do lugar, móveis e chinelos destruídos. Nada disso tem mais importância do que a companhia e todo o amor que os animais oferecem, de forma pura e gratuita aos seres humanos. Quem tem um bichinho de estimação sabe que não tem preço aquele rabinho abanando quando você chega em casa e o quanto é relaxante afagar a barriguinha do pet.

 

Puro afeto
Na relação entre humanos e seus pets quem mais se beneficia é o tutor. A psicóloga Thais Santos explica que o motivo de tanto apego aos animais é a simplicidade da troca. “Eles rebaixam as nossas defesas. Algo muito diferente do que com seres humanos. Para nos relacionarmos com eles, não precisamos ficar preocupados sobre o que eles vão pensar da roupa que estamos usando ou se nos farão uma crítica, por exemplo”. 

 

A especialista lembra que se trata de um espaço de liberdade e não de julgamento. “É o que todo mundo quer e precisa. Algumas pessoas são muito rígidas no convívio social e acabam sendo mais livres com os animais”.

 


Amanda Ribeiro e o chihuahua Romeo

 

“Antes do Romeo, aqui em casa rolava o papo de “não quero saber de cachorro”. Hoje minha mãe fala “se você se mudar, vamos compartilhar a guarda dele”. O Romeo chegou numa fase em que eu não estava muito bem. Ele trouxe a alegria que me faltava, preenchendo meus dias e cuidava muito mais de mim do que eu dele. Ele é pura alegria! Faz festa pra todo mundo, brinca o tempo inteiro, percebe quando alguém da família não tá bem”.  

 

Contato terapêutico
Já é provado pela Medicina que o contato com os animais causa diversos benefícios à saúde humana, como prazer e bem-estar. O sucesso da Pet Terapia mostra que eles são verdadeiros aliados e complementam o tratamento de pessoas que estão passando por algum problema de saúde. 

 

“A troca com o animal traz um relaxamento, principalmente, para as crianças. Acariciar um bichinho é muito benéfico. O paciente fica mais relaxado e solto e isso colabora muito no processo de tratamento, pois é terapêutico”, informa a psicóloga. 

 

Há empresas que permitem que os funcionários levem seus pets em um determinado dia do mês. “Há profissionais de Recursos Humanos que relatam que ocorre até uma mudança no clima do escritório quando os animais estão circulando por lá. Espontâneos, não fazem ideia de que aquele é um ambiente mais formal e qual o momento certo de pedir carinho. Por isso, desmontam o clima sóbrio que as empresas costumam ter”, diz Thais. 

 

Isadora Beliago e o digital influencer dog Apache José

 

“Olhar para o Apache todos os dias me faz lembrar que não posso permitir que a seriedade do mundo me consuma. Ele faz de mim um ser humano melhor e me mostra, por exemplo, que um rosnado pode resolver a situação sem precisar cuspir ofensas pela boca”.

 

Catherine de Ornelas e sua alma gêmea Kakashi

 

“Adotei um gato dois anos atrás que é minha alma gêmea. A gente se entende. Ele dorme no mesmo travesseiro que eu, é extremamente sociável e sem vergonha igualzinho a mim. Não consigo imaginar minha vida sem ele. Já tive muitos bichinhos que morreram, já sofri muito, mas nunca amei nenhum como amo o Kakashi”.

 

Gabriela Amparo, a pitbull Amora e Shell

 

“A Amora e a Shell representam vida dentro de casa, alegria. São companheiras em qualquer ocasião, de tristeza, de decisões, de sorrisos. Já passei por momentos em que eu arriscaria dizer que elas me salvaram”. 

 

Vínculo eterno
A vida moderna trouxe algumas mudanças no comportamento humano. Hoje, cada vez menos pessoas moram em casas. Assim, principalmente, os cães saíram da condição de guardiões do imóvel e passaram a ser considerados membros da família. Há casais que optam até mesmo por não ter filhos, mas têm um cão ou gatinho.

 

“Observamos que há uma mudança cultural. Basta ver a quantidade de pet shops que existem em nossa cidade. Recentemente anunciaram um cemitério para pets. E faz todo sentido! Se eles são considerados como parte da família, nada mais justo que tenham um lugar adequado para descansar em paz”, explica a psicóloga.

 

Flávia Soares, a pequena Tereza, e os spitz Julieta e Pingo

 

“Quando engravidei, perguntaram se eu iria me desfazer dos cachorros. Amor maior não há. É cada riso fácil que a Tereza dá pra esses dois! Quando a adotei, a Julieta não interagia com ninguém, era assustada, sofria maus tratos. E só o fato de ela ficar junto da minha filha é uma vitória”.  

 


O “papai” Guilherme Sintoni clicou os vira-latas Bart e Lisa 

 

“Eles foram abandonados em uma caixa de papelão. Quando os conheci, decidi adotar os dois de uma vez. Eles significam tudo. Não consigo nem definir de uma forma específica. São uma forma de amor puro, amor demonstrado na alegria de me ver chegar em casa. Seja de uma viagem, seja de ter ido levar o lixo para fora. Simplesmente amam e demonstram”. 

 

Sem exagero!
Ter de um bichinho deve, necessariamente, ser algo leve. A psicóloga alerta para os excessos nos cuidados e na tentativa de humanizar o pet. “Tudo o que reduz a nossa vida àquilo é perigoso. Algumas pessoas deixam de fazer as suas atividades ou sair com um amigo por causa do animal. Não pode ser algo que mude a sua vida social”, alerta a psicóloga.

 

Segundo ela, exageros no trato com o animal pode fazer mal até mesmo para o bichinho. “Há cães que sofrem com a ausência do dono. Ou seja, a dependência não é saudável para o próprio animal. Temos que entender que eles não possuem o mesmo ritmo que os humanos, que algumas coisas não fazem parte do repertório deles e que também precisam de espaço e liberdade”, conclui.

 

Fotos: Arquivo Pessoal e Pixabay