Meus amigos, no Japão, que como todos sabemos, é um dos países mais desenvolvidos do planeta, existe uma prática milenar que determina que todos devem fazer reverência diante do imperador. Opa! Nem todos. Como acontece com toda a regra, esta também tem uma exceção. Trata-se do professor. Sim, o professor, o mestre, o educador, é a única figura daquela sociedade milenar que ao invés de reverenciar, na verdade, é reverenciada pelo imperador. E não é difícil compreender o motivo de tal respeito e admiração da cultura japonesa pelo professor. É simples. A educação é a base para o sucesso de um povo ou de uma nação. Basta observar os países mais desenvolvidos do mundo, onde o equilíbrio social prevalece e as oportunidades surgem quase que naturalmente. São nações, onde a educação é prioridade dos governantes, especialmente para a infância, com escolas estruturadas, professores bem preparados e motivados para passar às crianças o ensino básico que lhes permitirá seguir em frente até os bancos universitários. Porém, lamentavelmente, não é a realidade do Brasil.
Há muito tempo, apresentamos sérias deficiências no ensino fundamental, situação que, por incrível que pareça, piora no ensino médio. Tanto isso é verdade que pesquisas apontam que mais da metade dos jovens entre 15 e 18 anos estão fora da escola. Além disso, os resultados apresentados são aterrorizantes. Matemática talvez seja o melhor exemplo da deficiência do ensino público brasileiro, onde nossa posição no ranking internacional é vergonhosa. Na verdade, salvo honrosas exceções verificadas em alguns municípios, onde os prefeitos tem forte relação com a área e investem na qualificação de professores e na estrutura escolar, no mais o que se vê é um verdadeiro descaso com a educação de base. Escolas cheias de problemas estruturais, professores com salários aviltantes e alunos que, muito mais que aprender, vão a escola por causa da merenda, já que em casa a alimentação não é suficiente.
E, pior. Não se vê no governo federal, responsável pela elaboração da política educacional do país, absolutamente nenhuma sinalização de que esse quadro terrível possa melhorar. Basta ver quem o presidente Jair Bolsonaro nomeou para a pasta, Abraham Weintraub, que passou a maior parte da vida no mercado financeiro e não tem no currículo nenhum trabalho sobre educação. Não é à toa que depois de seis meses no cargo, nada de importante aconteceu e o MEC segue numa confusão constante. Enfim, se a situação não era boa, a tendência é piorar. E ao invés de desenvolvimento intelectual, observamos o emburrecimento geral da república.
Quem sabe um dia, possamos imitar os japoneses e reverenciar os nossos mestres, conferindo a eles o devido respeito. Porque, por enquanto, reverenciamos a ignorância.