O desenvolvimento da economia trouxe diversas modificações no comportamento do brasileiro. Jovens começam a sair mais cedo de casa para estudar em outra cidade, mulheres adiam a maternidade em prol de uma boa colocação profissional, homens deixam o casamento na lista de planos para um futuro distante.
Com a vida acelerada, muitos compromissos e tarefas, as pessoas passam, cada vez menos, tempo em casa, e, por isso, optam por imóveis menores, bem localizados, mais aconchegantes e de baixa manutenção. Antes, as famílias eram numerosas, as mulheres eram, em sua maioria, donas de casa, e, por esses motivos, os imóveis precisavam ser amplos, com várias dependências, incluindo até o famigerado quarto da empregada – cômodo impensável de se ter nos imóveis de hoje.
Para todas as faixas etárias
Há algum tempo, as construtoras apostam em condomínios luxuosos, mas com apartamentos menores, de 45 a 50 metros quadrados. São imóveis de um ou nenhum dormitório, chamados de studios.
“Entre as pessoas que se interessam nessas unidades mais compactas estão os jovens, estudantes, recém-separados e turistas que sonham em ter um apartamento na praia. São imóveis com um quarto que, neste caso, acomoda bem quatro pessoas”, explica o engenheiro e diretor da construtora Engeplus, Roberto Barroso.
Esses condomínios são caracterizados, principalmente, pela gama de serviços que oferece. Por este motivo, explica o engenheiro, têm atraído também idosos que, ou seguem o modelo dos turistas e querem curtir a aposentadoria na praia, ou ficam viúvos e preferem morar em um apartamento mais compacto a viver com os filhos. Já existem alguns condomínios que são pensados para idosos. “São empreendimentos que oferecem serviços como lanchonete, lavanderia, arrumação por 45 minutos por dia, academia com personal trainer, sauna, piscina e áreas de convívio”, diz Barroso.
Um bom investimento
Viver em um apartamento compacto é uma escolha interessante financeiramente, pois este tipo de imóvel custa menos. Em tese, consome menos água, menos energia, é mais fácil de manter climatizado, tem baixa manutenção, entre outros benefícios. Para além disso, esses studios atraem o interesse de investidores, que pensam em retorno a médio/longo prazo. “São apartamentos com valores atraentes e muito fáceis de serem alugados”, explica o engenheiro.
“As pessoas não querem mais morar em apartamentos grandes, para ter empregados. Muitas vezes, não querem nem cozinhar ou não fazem as refeições em casa, optam por delivery. Esta é uma tendência mundial, principalmente, nos países asiáticos, onde morar é muito caro. Lá, existem apartamentos cápsulas, onde em 40 metros quadrados moram quatro pessoas”.
Santos depois do pré-sal
A descoberta do pré-sal favoreceu o mercado imobiliário em Santos. Como consequência da novidade à época, houve muito investimento em imóveis menores para atender os executivos que optassem por trabalhar e morar na cidade.
“Essa tendência de apartamento studio chegou em Santos por conta do pré-sal. A cidade pulsava investimento e, com isso, grandes construtoras vieram pra cá, a partir de 2012. Esse foi um momento muito positivo para os investidores”, explica do sócio-proprietário da Lopes Conceito, Ronaldo Roldão.
Segundo o empresário, neste momento, porém, o mercado imobiliário santista se volta mais para o usuário do que para o investidor. “Os imóveis compactos foram um grande case de sucesso. Hoje, funcionam muito bem para temporada, locações diárias por plataformas como o AirBnB. São excelentes para quem quer mais qualidade de vida, sem custos muito altos”, conclui.
O segredo é o projeto
Em uma área que é normalmente pequena, como um apartamento compacto, é preciso pensar em tudo que é essencial para viver de forma confortável em um único espaço. A arquiteta Mariana Yamauti explica que, na hora de decorar o imóvel, é necessário pensar nele como um todo para torná-lo multifuncional.
“Com espaço reduzido, é preciso pensar em como tirar melhor proveito do ambiente. Por isso, os móveis planejados são essenciais”. Ela alerta para a importância de se contratar um profissional nesses casos em que o imóvel tem dimensões restritas.
“Um bom arquiteto vai planejar todo o projeto do apartamento e fazer um briefing – essa é uma das etapas mais decisivas para a elaboração de um projeto. O cliente irá expor suas necessidades, sua rotina, seus desejos e o arquiteto vai juntar todas essas informações. E, dessa forma, o apartamento ficará único, pois cada cliente tem desejos diferentes. Além de funcional, agradável, aconchegante, sem deixar o estilo e a beleza de lado”.
Para a arquiteta, o principal desafio ficará com os novos moradores do imóvel. “Ele precisa se adaptar, repensar o estilo de vida e desapegar de algumas coisas. Talvez o maior desafio para o profissional seja fazer com que o cliente enxergue as possibilidades que existem e não fique preso ao que costumam usar no mercado”, conclui.
Uber dos apartamentos
Maximizando a proposta dos serviços por aplicativos, já existe, em São Paulo, o “Uber” os apartamentos ou moradia sob demanda. Com uma rápida pesquisa no site da plataforma Housi, é possível escolher o imóvel compacto que mais atenda a sua necessidade, alugar sem burocracia e morar pelo tempo que quiser. A empresa que administra esses empreendimentos oferece mobília e decoração sofisticadas e todos os serviços de um condomínio.
“A Housi é um aplicativo de moradia on demand, 100% digital e sem burocracia que permite ao usuário escolher por quanto tempo ele quer ficar na moradia. A empresa nasceu com o objetivo de facilitar o processo de locação e gestão imóveis, além de integrar serviços e experiências que vão além do tradicional aluguel, oferecendo liberdade de morar pelo tempo que quiser com a facilidade de um clique, benefícios com parceiros e vivências em comunidade”, explica Alexandre Lafer Frankel, CEO da Housi.
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