Ponto de Vista

Ponte da discórdia

21/08/2019
Ponte da discórdia | Jornal da Orla

Meus amigos, começo minha jornada neste importante espaço destacando um tema que já se transformou numa verdadeira lenda urbana. Trata-se da famosa e, jamais efetivada, ligação seca entre Santos e Guarujá. Depois de debates e projetos infrutíferos durante mais de 80 anos, finalmente temos uma possibilidade real para a construção de uma ponte, ligando a Via Anchieta, próximo à entrada de Santos, com a rodovia Dom Domênico Rangoni. 

A obra deverá ser realizada pela Ecovias, que, por conta disso, já acertou com o Governo do Estado a prorrogação do contrato de administração do sistema Anchieta/Imigrantes por mais alguns anos. Entre o prefeito de Santos e o governador de São Paulo, também está tudo ok. Então, se todas as partes estão acordadas e o aspecto financeiro equacionado, só falta começar a obra, certo? Errado! 

Surpreendentemente, ainda existem mistérios a serem desvendados neste assunto tão desgastante. Por um lado, a Codesp, estatal que administra o porto de Santos, não concorda com o projeto. O presidente da empresa entende que a obra pode atrapalhar uma hipotética expansão do cais santista. Ao lado dele, um grupo de empresários defende que a altura da ponte, prevista para mais de 80 metros, pode inibir a entrada de navios mais modernos que já navegam pelos mares do planeta. 

Vale lembrar que essas opiniões não são unânimes. Outros técnicos e gestores que atuam no nosso porto advogam a favor da obra. Ou seja, na hora que a cidade e a região conseguem, finalmente, fechar uma equação financeira das mais complicadas, em parceria com o governo do Estado e viabilizam junto a Ecovias uma obra dessa magnitude, interesses estranhos se colocam na contramão do nosso desenvolvimento. 

A ponte deverá ser construída no município de Santos, portanto não existe, a princípio, nenhum outro ente federativo que possa interferir. Mas, é claro, que uma pressão exercida pela União junto com empresários pouco ou nada preocupados com os interesses e as necessidades regionais pode, mais uma vez colocar tudo a perder. 

Por causa disso, fica o alerta. Vamos acompanhar as cenas dos próximos capítulos com atenção, na certeza de que a hora é agora. Se essa ponte não sair desta vez, duvido que outra oportunidade apareça. 

 

 

Foto: Divulgação/Ecovias