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Vila Mathias na esquina do antigo com o novo

13/04/2019
Vila Mathias na esquina do antigo com o novo | Jornal da Orla

Comércios, residências, carros, praças, bancas, igrejas, faculdades, centros de esporte e cultura… Bairro que funde o velho e o novo, a Vila Mathias é uma das regiões que se inova, mas sem perder a essência. Neste domingo (14), o bairro com maior extensão territorial da cidade completa 130 anos de contínua transformação.

 

A região, que tem de tudo um pouco, começou com uma instalação de empresa de bondes. O português Mathias Casimiro Alberto Matias da Costa comprou a concessão dos serviços de bondes, puxou os trilhos da praia pela Avenida Ana Costa e, no final dessa via, instalou a empresa, sem imaginar que daí iniciaria a história de um dos bairros mais frequentados de Santos anos depois.

 

Miss – Era no bairro onde vivia a primeira miss Brasil, quando conquistou o título, em 1922. Maria José Leone, a Zezé Leone, residia na esquina das avenidas Senador Feijó e  Rangel Pestana. O fato movimentou não só o bairro, como também muita gente da cidade, que foi até sua casa conhece-la pessoalmente.

 

Arquibancada natural – Na mesma década, quem queria apreciar o futebol frequentava o Morro do Lima. Entre as confluências das avenidas Pinheiro Machado e Bernardino de Campos, o local tornou-se uma arquibancada natural do campo da equipe da Portuguesa. Daquela vista, assistia-se a jogos sem precisar pagar ingresso — a única preocupação era garantir as disputadas vagas pelos melhores ângulos.

 

Água mineral – Localizada na encosta do Monte Serrat, a Biquinha da Vila Mathias jorrava água gelada, leve e “santa”, pois, além de tudo, era atribuída a feitos milagrosos. Em consequência, formavam-se longas filas.

 

Sétima Arte – O bairro chegou a ter cinco salas de cinemas: Carlos Gomes, Bandeirantes, Paratodos, São José e Dom Pedro. O conforto era mais ou menos o mesmo: chão de cimento, ferro no interior, teto de zinco e lona. Entretenimento garantido, com ingresso barato. 

 

Cultura – Em 1972, foi inaugurado o Centro Cultural Patrícia Galvão, um projeto arquitetônico moderno para a época e arrojado até os dias de hoje. Abriga diversos equipamentos culturais, como o Teatro Municipal Braz Cubas, o Museu da Imagem e do Som, a Hemeroteca e a Galeria de Artes.

 

Memória – Mesmo que não faça mais parte do bairro desde 1968, é impossível falar sobre essa região sem relembrar o Cesário Bastos, primeiro colégio público de Santos. O prédio da Praça Narciso de Andrade levou quase nove anos para ficar pronto. A inauguração se deu a 24 de abril de 1916. 

 

Comércio – As casas comerciais também também fazem parte desta história. Não é de hoje que o bairro é edificado como uma região de funcionalidades mercantis. O posto de venda de automóveis e caminhões, onde atualmente funciona a Casa de Azulejo; a Casas Paris, na Lucas Fortunato, que vendia os mais finos tecidos franceses; e o tradicional Restaurante Almeida, que reunia a elite santista como Pagu e Plínio Marcos, são exemplos.Mas não só isso, o espaço residencial – que mesmo em poucos pontos, ainda se encontra presente em construções baixas – evidencia a diversidade e contraste de um bairro que, em todos os aspectos, não para de crescer.

 

Um bairro repleto de curiosidades 

 

• A estação de bondes elétricos do bairro permitiu a expansão urbana da orla, já que o caminho era feito por toda a Avenida Ana Costa.

 

• A Vila Matias tem seus limites dados pelas ruas Joaquim Távora, Xavier Pinheiro e Manoel Tourinho, avenidas Rangel Pestana e Campos Sales, trechos da Bernardino de Campos e Waldemar Leão, e a Cláudio Luís da Costa.

 

• O navio Kasato Maru trouxe os primeiros imigrantes ao Porto de Santos em 1908. Várias famílias se fixaram na cidade. Para abrigá-los, em 1929, criou-se uma escola só para japoneses na Rua Paraná. Na época da Segunda Guerra, o governo ocupou o prédio, que hoje abriga a Associação Japonesa de Santos.

 

• Na Carvalho de Mendonça com Avenida Washington Luís, se constituiu por muito tempo um centro abastecedor de produtos hortifrutigranjeiros. Na época de festejo junino, produziam balões no local.

 

• O bairro foi sede do Oswaldo Cruz Atlético Clube, que nasceu em 1946 e conquistou diversos títulos de campeão na época dos desfiles de Dona Dorotéia. 

 

• A Avenida Senador Feijó abrigava os famosos bailes da Sociedade Humanitária na década de 60. Músicas ao vivo e orquestras movimentavam o local.

 

• A maioria dos centros acadêmicos estão na Vila, como, Unip, Universidade São Judas Tadeu, UniSantos, Unifesp e  Senac.

 

• Mathias Casimiro Alberto Matias da Costa e Ana Costa foram casados e ambos deram nomes a regiões muito conhecidas em Santos.

 

• Em 1910, a criação de uma doutrina filosófica-espiritual e científico-cristã nasceu em Santos e recebeu o nome de Racionalismo Cristão. O templo de tijolinhos está localizado na Avenida Ana Costa.

 

• A sede da atual CET abriga as Ruínas do Quilombo do Pai Felipe, conhecido como Rei Batuqueiro. No local, negros e brancos se encontravam para rodas de pernada e batuques.