TV em Transe

Mais uma perda, exclamação

28/02/2019
Mais uma perda, exclamação | Jornal da Orla

Duas semanas depois de Ricardo Boechat, mais um grande jornalista se foi, dessa vez no jornalismo esportivo? Roberto Avallone.

 

Na mídia impressa, fez parte do período que representou o auge do Jornal da Tarde, sendo chefe de reportagem da editoria de esportes. Mas seu grande momento veio na telinha, à frente da “Mesa Redonda” dominical da TV Gazeta que apresentou por 18 anos.

 

Na segunda metade dos anos 80 e início dos 90, antes do surgimento da internet e da tv a cabo, os fãs de futebol que queriam ver algo além dos gols da rodada tinham na “Mesa Redonda” a salvação do domingo à noite. Enquanto o “Fantástico” só mostrava bola na rede, a atração da Gazeta trazia os melhores momentos das partidas dos grandes clubes paulistas, reportagens, entrevistas nos vestiários e repercutia a rodada com os debates no estúdio – muitas vezes acalorados, algumas vezes folclóricos. No meu caso, era um programa obrigatório. Aliás, não apenas para mim, pois a “Mesa Redonda” conseguiu em várias oportunidades a proeza de colocar a Gazeta em primeiro lugar no ibope. E com Roberto Avallone no comando.

 

Irreverente, ele criou um estilo todo próprio, incluindo bordões – campo antes restrito a narradores – inspirados nas redações de jornais: “no pique", "parem as máquinas" ou então a pontuação ao final das frases, do tipo "Que golaço, exclamação”.

 

Atualmente, Avallone participava duas vezes por semana do "Redação Sportv", apresentado pelo competente André Rizek – talento que ele descobriu quando chefiou a editoria de esportes do Jornal da Tarde.

 

Tortura – “O glorioso Cléber Machado teve que transmitir, coitado, São Paulo 0 x 0 Red Bull, com os comentários de Caio Ribeiro“. Quem disparou essa frase não foi nenhum torcedor num bar: o autor é Fausto Silva, logo no início do seu “Domingão” do dia 24.

 

O problema é que não se trata de um caso isolado e não vem de hoje. Está difícil acompanhar o futebol nacional. Nível técnico baixo, bola maltratada. Isso se já não bastasse nossa tradicional desorganização – está aí o campeonato carioca, que não me deixa mentir.

 

O que salva são as competições internacionais, como a Libertadores, onde pelo menos os duelos eliminatórios costumam prender a atenção do telespectador, mesmo que tecnicamente o jogo não seja uma maravilha. Mas a bola local anda pequena demais.

 

Foto: Reprodução/Infoesporte