TV em Transe

Um momento antológico

24/01/2019
Um momento antológico | Jornal da Orla

A temporada final do “Tá no ar: a TV na TV” não poderia ter começado melhor.

 

A “Vila Militar do Chaves”, que satiriza os primeiros dias do governo de Jair Bolsonaro, foi um esquete simplesmente antológico. A atração da Globo, que em suas cinco temporadas anteriores ofereceu ao telespectador um humor de alta qualidade – inteligente, crítico e corrosivo – atingiu seu auge com esse quadro.

 

Diria até que foi um dos melhores momentos da tevê aberta nos últimos anos.

 

Tudo ali pode ser considerado brilhante: roteiro, caracterizações, atuações e a recriação as Vila do programa mexicano. E a imitação de Marcelo Adnet, encarnando o “Capitão”, é simplesmente impagável.

 

Além dele, participaram do esquete Márcio Vito (Chaves), Marcius Melhem (Seu Madruga), Luana Martau (Chiquinha), Georgiana Góes (Dona Florinda), Danton Mello (Professor Girafales) e Maurício Rizzo (Quico).

 

Barraco – E está instalado um barraco entre Record, Rede TV! e Globo por conta de entrevistas concedidas pelo senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). O filho do presidente falou ao “Domingo Espetacular” e ao “Rede TV! News” sobre a investigações por movimentações financeiras atípicas suas e de seu ex-assessor/motorista Fabricio Queiroz.

 

A Globo (no “Fantástico”) e a GloboNews fizeram críticas à forma como as entrevistas foram conduzidas, apontando falta de clareza nas indagações feitas pelo repórter Lúcio Sturm ao senador no “Domingo Espetacular” e ausência de “perguntas necessárias” na entrevista a Boris Casoy na Rede TV! .

 

Foto: Reprodução/Globo

 

Casoy retrucou alfinetando: “Eu fiz todas as perguntas que o momento requeria, algumas até de forma incisiva… Bom jornalismo é o que faz as perguntas isentas e imparciais e não o jornalismo inquisitivo que almeja obter respostas que gostaria de ouvir do entrevistado”.

 

Já Sturm disse ao colunista Mauricio Stycer que só soube que falaria com Flávio Bolsonaro 90 minutos antes da entrevista! E que teve liberdade para perguntar a ele o que quisesse.

 

De qualquer forma, lá vai o jornalismo descendo a ladeira. Quem já foi criticado (muitas vezes com razão), hoje critica. Por outro lado, a Record parece um veículo oficial do novo governo.