Roteiros Nacionais

Roteiros da literatura de cordel

20/10/2018
Roteiros da literatura de cordel | Jornal da Orla

Das muitas manifestações artísticas produzidas na região Nordeste do Brasil, a literatura de cordel é uma das mais ricas e interessantes. O estilo literário surgiu do romanceiro português, com os colonizadores, e é hoje reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. 

Além das belas praias e de muitos outros atrativos que encantam turistas de todo o mundo, quem viaja ao Nordeste tem a oportunidade de vivenciar esta arte que tão bem retrata a alma sertaneja.

Poetas e cantadores de Pernambuco
O estado de Pernambuco é um território extremamente fértil para a literatura de cordel. No Sertão do Pajeú a arte é explorada em um roteiro integrado por 17 municípios turísticos. Entre os principais atrativos estão a Rota dos Poetas e Cantadores, que fica em Afogados da Ingazeira, celeiro de cantadores de viola e do estilo literário; e a Rota do Cangaço, em Serra Talhada, um dos temas mais representativos da cultura popular nordestina.

A poucos metros do Marco Zero de Recife, no Centro Histórico da capital pernambucana, fica o Museu Cais do Sertão, que também apresenta referências da musicalidade, cultura popular e linguagem artística do cordel. 

O espaço faz parte do projeto Porto Novo Recife, que está transformando os antigos armazéns portuários em um grande pólo de turismo, serviços, entretenimento e lazer da cidade. Com tecnologia inovadora, automação e recursos de interatividade, mostra que o cordel também se modernizou e se reinventou com a computação gráfica, estampas coloridas e publicações online. Personalidades como Luiz Gonzaga estão em destaque no novo atrativo do litoral pernambucano.

Ainda em Pernambuco, a Feira de Caruaru, um dos maiores centros de cultura popular do Nordeste, também oferece um mergulho no estilo literário. Em uma das tendas, o Museu do Cordel expõe títulos originais, entre outras preciosidades, como tipografias e xilogravuras. O ambiente é enriquecido pela declamação de poetas populares, repentistas e cantadores de viola. 

No trajeto até Caruaru o turista pode fazer uma pausa em Bezerros, cidade com grande concentração de xilógrafos, artesãos responsáveis pela produção das figuras talhadas em madeira que ilustram os temas dos folhetos de cordel.

 

Literatura nas ruas de Sergipe

O estilo literário rompeu barreiras, entrou nas universidades, mas não perdeu a tradição da exposição em barbantes – daí o nome cordel – nas feiras livres, mercados e praças de Aracaju, a capital sergipana. A antiga capital de Sergipe, São Cristóvão, patrimônio cultural da humanidade reconhecida pela Unesco, é outro celeiro de produção da arte de cordel.

 

Bravura em verso e prosa
Já em Mossoró (RN) a Estação das Artes Elizeu Ventania, dedicada ao poeta e violeiro potiguar, é o “coração” de um corredor cultural de atrativos temáticos tipicamente nordestinos. Entre eles, destacam-se o Memorial da Resistência ao bando de Lampião e a igreja que ainda guarda as marcas do dia em que “choveu bala” na cidade, em 13 de junho de 1927. A bravura dos mossoroenses é um dos temas recorrentes dos cordelistas, com destaque para os personagens de Lampião e Maria Bonita, Padre Cícero e Frei Damião.

Rio, São Paulo, Brasília
A riqueza dessa literatura é tão grande que ela se espalhou por todo o Brasil, homenageando a memória e as referências do povo nordestino em grandes capitais brasileiras. A feira de São Cristóvão do Rio, o Centro de Tradições Nordestinas de São Paulo e a Casa do Cantador em Brasília são atrativos fora do Nordeste que oferecem uma agenda permanente de eventos e atraem visitantes o ano inteiro. A cidade do Rio de Janeiro é, também, a sede da Academia Brasileira de Literatura de Cordel.