A rejeição dos dois pedidos de impeachment do presidente José Carlos Peres pelos associados do Santos no sábado passado (29/9) não deixou margem a nenhuma dúvida. Num dos pedidos, 2001 x 1155, no outro, 2064 x 1088.
O voto de confiança que recebeu na Assembleia Geral abre um novo período no mandato de Peres. Um período diferente. Uma porque a divisão que havia dentro da gestão fica bem atenuada com o enfraquecimento político do vice-presidente. Ele trabalhou abertamente pela aprovação do impedimento (herdaria o cargo) e saiu claramente derrotado das urnas. Outra porque o próprio Conselho Deliberativo, que aprovou a votação dos pedidos, teve a decisão contrariada pela Assembleia.
Alguns fatores tiveram peso determinante na decisão dos associados:
1.A rejeição, entre os associados, do vice-presidente, que assumiria a presidência no caso do impedimento ser aprovado.
2. A não caracterização clara de algum dolo do presidente, de algum prejuízo causado ao clube. Aparentemente, para os associados, se houve infração estatutária, foi leve. Contribuem para essa percepção os casos muito mais graves ocorridos na gestão anterior, de Modesto Roma, e levantados pela auditoria contratada pelo Santos.
3. A reação do time em campo. Os pedidos foram encaminhados ao Conselho quando o Peixe patinava na zona de rebaixamento do Brasileiro. E foram votados com a equipe, já reorganizada por Cuca, na metade de cima da tabela. A contratação do treinador representou um divisor de águas.
4. O respeito pelo resultado das urnas de dezembro. O impeachment levantou a suspeita de ser um golpe de grupos derrotados naquela eleição.
Para o presidente, o episódio representa não só uma segunda oportunidade mas também um alerta para a correção de erros que foram cometidos nos 9 primeiros meses da administração e na construção das alianças eleitorais. Peres deve fazer uma reflexão sobre os motivos de dois terços dos conselheiros votarem pela sua saída do cargo, assim como mais de um terço dos associados.
Libertadores
Palmeiras e Grêmio estão nas semifinais da Libertadores. Duas torcidas felizes. Santos, Cruzeiro, Flamengo e Corinthians ficaram pelo caminho. Para esses que tiveram o sonho continental frustrado, é hora de detectar erros e promover correções de rota. É hora também de observar palmeirenses e gremistas e avaliar no que os dois acertaram. Numa análise macro, é bem claro que um acerto importante do Grêmio é a continuidade do treinador Renato Gaúcho no cargo e a manutenção do time campeão do ano passado, com poucas perdas. O entrosamento gremista levou o futebol do time a um patamar bem mais alto do que a média da Série A do Brasileiro. No Palmeiras, também é bem claro que a política de formar um elenco muito forte foi bem sucedida. A contratação de Felipão corrigiu um erro do ano passado repetido neste ano: técnicos inexperientes (Eduardo Baptista e Roger Machado) comandando alguns jogadores marrentos. Felipão faz rodízio de titulares, o grupo todo joga e o Palmeiras está não só na semi da Libertadores como também no topo da tabela do Brasileiro.