A lambança da eliminação do Santos na Libertadores, pela escalação supostamente irregular do jogador Pato Sanchez, representa apenas a ponta de um iceberg de incompetência e de negócios prejudiciais ao clube nos últimos anos.
A questão é dramática. Ameaça de maneira concreta a manutenção da grandeza centenária do Santos. O episódio Sanchez deve servir de alerta como um dos muitos sintomas do processo de apequenamento em andamento no Peixe.
Nâo é difícil entender a origem do problema. Como um clube grande do futebol brasileiro, o Santos paga salários equivalentes aos dos rivais. Faz negócios de dimensão financeira também equivalente aos de São Paulo, Palmeiras, Corinthians, Flamengo…
O patamar desses salários e das comissões pagas a intermediários nesses negócios está muito acima da média da Baixada Santista. Porque essa remuneração seleciona, nos outros clubes grandes, profissionais e disputadíssimos num mercado altamente competitivo e empresários de alto nível. Uns, porque são muito competentes. Outros, porque articulam negócios muito vantajosos. No Santos, atrai profissionaise empresários sem essa mesma competência. Eles se aproximam desses cargos e dessas comissões por apadrinhamento, embarcados nas correntes políticas que disputam o poder do clube: advogados, jornalistas, “empresários”… Ou seja: são esses interesses mesquinhos que movimentam alguns desses cartolas que lideram essas correntes que fragmentam o Peixe. Não é simples coincidência que tanto o ex-presidente Modesto Roma como o atual, José Carlos Peres, tenham sido antes funcionários remunerados do Santos.
O treinador Cuca expressou esse problema de incompetência gigantesca de maneira clara no final do jogo de terça-feira no Pacamebu: “beabá”.
No início do ano, o torcedor santista tinha certeza de que era impossível que a administração Peres / Rollo fosse pior que a anterior. Esperava ter banido do clube na eleição alguns pesadelos como:
– o “esquecimento” de Modesto Roma de colocar no papel um acerto contratual milionário com o jogador Robinho
– aquela absurda acusação sem provas de interferência na arbitragem formalizada na CBF contra um repórter da Rede Globo
– a contratação de um zagueiro argentino indicado por garçons e taxistas
– o prejuízo na troca de fornecedora de uniformes
e outras – muitas – lambanças do mesmo quilate.
Pois não é que o que era muito ruim podia ficar pior? Ficou. Ficou por um único motivo: porque agora a incompetência está afetando o time que entra em campo. A gestão Peres / Rollo tem a irresponsabilidade de colocar um clube da grandeza do Santos na disputa de 4 competições sem nenhum jogador qualificado no setor de meio campo. Troca o treinador depois da janela de paralisação da Copa do Mundo e não antes.
Perde no tapetão, pela escalação supostamente irregular, uma classificação às quartas da Libertadores que o time tinha encaminhado heróica e brilhantemente na Argentina.
Pode ficar ainda pior com o impeachment de Peres? Pode, infelizmente. Também não é difícil entender o porquê. Porque será mais do mesmo. Mais tempo perdido. Porque são exatamente esses mesmos interesses mesquinhos que movimentam muitos dos que tentam derrubar Peres. Se o vice, Orlando Rollo, discorda agora, abertamente, do presidente quanto às diretrizes de gestão do clube, por que se uniu a ele na eleição do ano passado? Nâo divulgaram na campanha que tinham um mesmo projeto para o clube? Ou era só uma estratégia para chegar ao poder?
Seria hora, nesse momento difícil, de todos os santistas se unirem pelo bem do clube. Mas o que mais se vê é o “fogo amigo”, de quem só pensa em cargos remunerados e comissões em negócios e quer que o Santos se lixe.
A casa da Maria Joana
É a Conmebol. Deixar para divulgar a punição ao Santos no dia do jogo é puro deboche. Coisa de instituição de quinta categoria. Nem em campeonato interno de presídio se vê tamanha esculhambação. Se a consulta ao sistema informatizado Comet não vale nada, para que existe o tal sistema? O River Plate fez a tal consulta direta à Conmebol e a resposta veio errada. O Cruzeiro também fez e a resposta não chegou antes do jogo. No caso da Chapecoense, o delegado avisou no vestiário que o jogador não tinha condição de jogo. Está na hora dos clubes brasileiros, que sustentam a Libertadores com as cotas de TV, estudaram sair da competição e organizar uma outra, talvez com México e Estados Unidos.