Esse detalhe chamou muito a atenção na reunião do Conselho Deliberativo do Santos nesta terça-feira: a unanimidade das duas decisões contra a gestão de Modesto Roma.
Por que essa unanimidade chama a atenção? Porque a chapa que apoiou a reeleição de Roma em dezembro, oito meses atrás, elegeu 64 conselheiros. Nenhum deles, inclusive os coordenadores da chapa, presentes, bem como o ex-presidente do Conselho, esse membro nato, também presente, foi até a tribuna defender o ex-presidente. Nenhum deles votou contra a reprovação das contas de 2017, que pode provocar a expulsão de Roma do quadro de associados. Nenhum votou contra a decisão que pede da Comissão de Inquérito e Sindicância uma punição mais dura que a simples advertência para o ex-presidente no imbróglio do contrato pós-eleição que confessa uma suposta dívida milionária do clube com uma empresa que teria atuado para o Santos receber do PSG a porcentagem (claramente definida na legislação da Fifa) de clube formador na transferência, no ano passado, de Neymar.
O isolamento político de Modesto Roma, traduzido nessas duas unanimidades contra ele no Conselho é impressionante. E se deve a uma também impressionante coleção de lambanças, equívocos e negociações sob suspeitas que estão sendo investigadas.
Algumas delas já eram conhecidas, como o “esquecimento” de documentar um acordo de mais de R$ 1 milhão com Robinho, o prejuízo gerado pelo contrato de fornecimento de uniformes com a Kappa, a contratação de um zagueiro indicado por um garçom e um taxista… Outras foram noticiadas nos últimos dias, como o pagamento de R$ 451 mil em passagens aéreas e hospedagens para o empresário Luiz Taveira, a polêmica em torno do valor das luvas pagas ao jogador Vechio, R$ 3 milhões de direitos de imagem pagos ao zagueiro Noguera, aquele do garçom…
No caso daquela suposta intermediação de uma empresa com sede em Malta, o Conselho do Santos aprovou que os elementos reunidos até agora sejam enviados para o Ministério Público para apuração de eventual crime
Se a situação do ex-presidente é crítica a esse ponto, a do atual, José Carlos Peres, também é bem complicada. Enfrenta pedidos de impeachment tramitando no Conselho, erra feio no planejamento e vê o clube lutando contra um rebaixamento inédito na sua história centenária.
Um momento interessante da reunião de terça-feira no Conselho, foi o de uma intervenção do conselheiro Esmeraldo Tarquínio. Ele lembrou que o Santos saiu com sucesso de duas crises políticas que resultaram no afastamento de presidentes, em 1982 e 1994. Em 1983, para um vice-campeonato brasileiro e um título paulista em 1984. E em 95, para outro vice brasileiro.
Em campo, apesar dos resultados negativos, o time parece ter saído da UTI. Já respira sem a ajuda de aparelhos. Aparentemente, isso se deve ao trabalho do treinador Cuca.
No sábado, na derrota para o Atlético Mineiro por 3 x 1, o Peixe saiu perdendo, empatou ainda no primeiro tempo e, no segundo tempo, teve um pênalti claro em Gabriel não marcado, quando o jogo estava empatado. Essa marcação poderia ter alterado radicalmente aquele resultado.
Na quarta-feira, o Santos venceu o Cruzeiro por 2 x1 num Mineirão lotado, no jogo de volta da Copa do Brasil. Novamente um erro de arbitragem prejudicou o Peixe. O árbitro encerrou o jogo no momento de um contra-ataque com oportunidade definida de gol. E antes do final do período de acréscimos que ele mesmo tinha determinado.
Neste sábado, na Vila Belmiro, contra o Sport, a equipe santista tem uma oportunidade preciosa de confirmar essa recuperação com uma vitória e iniciar uma sequência de jogos que afaste o clube da zona de rebaixamento.