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Resenha da semana: Hereditário

23/06/2018
Resenha da semana: Hereditário | Jornal da Orla

O terror realmente vive uma excelente fase no cinema. Dentro de um gênero tão saturado como o do terror sobrenatural, que dentre todos os gêneros é o que possui maior poder de transformação, é de se espantar que Hereditário ganhe tamanho destaque, sendo até comparado como o novo O Exorcista, clássico longa dirigido por William Friedkin, em 1973. E posso dizer com bastante propriedade, que este longa pode marcar uma época, servir de referência e só o tempo dirá se daqui a alguns anos causará o mesmo impacto que o longa de Friedkin causa até hoje. Seria ótimo que este terror ganhasse o reconhecimento que tanto merece.

 

Hereditário é dirigido e roteirizado por Ari Aster, que não tem pressa em criar uma atmosfera sufocante e perturbadora para assustar e prender o público, apresentando os membros da família de maneira lenta e profunda, esbanjando longos planos e mostrando um domínio invejável ao criar uma atmosfera de inquietação.

 

Conduzindo o filme de forma segura, o diretor não tem medo de dar um novo olhar a um tema que já foi abordado diversas vezes e consegue criar uma das experiências mais sufocantes e aterrorizantes que tive na sala de cinema nos últimos anos, e posso citar como por exemplo a cena do acidente de carro, que facilmente não sairá da minha cabeça por algumas semanas.

 

Seu roteiro funciona maravilhosamente bem como terror e suspense mas principalmente como um drama de luto familiar que é extremamente bem construído e que consegue fugir totalmente dos clichês baratos, o que permite ao espectador uma exploração aprofundada dos dramas de cada personagem, e a excelente cena onde a mãe desabafa e conta de seus traumas passados durante uma sessão de terapia, é essencial para que conhecêssemos o pesado luto enfrentado pela protagonista.

 

Outro grande destaque fica por conta do trabalho de Toni Collette, que tem aqui a melhor atuação de sua carreira, construindo uma personagem perturbada e com um nível de entrega tão intenso que não precisamos que a personagem abra a boca para entendermos suas angustias e desespero. 

 

Hereditário não é um filme de terror tradicional e não pode ser recomendado para todos os públicos por se tratar de uma obra autoral construída lentamente e capaz de torturar o espectador. Com uma direção impecável e um elenco fantástico liderado por Toni Collete, esteja preparado para uma experiência angustiante, assustadora, cruel, perturbadora e horripilante.

 

Curiosidades: Este é o primeiro longa metragem dirigido por Ari Aster.

 

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