O Santos poderia ter tido uma semana tranquila. Vem de dois bons resultados: uma vitória na Argentina, pela Libertadores, sobre o Estudiantes, e outra no Pacaembu, sobre o Ceará, na estreia do Brasileiro.
Também resolveu a pendência com o lateral Zeca, trocado com o Inter pelo atacante Sasha. Conseguiu, além disso, emprestar alguns jogadores que não estavam sendo utilizados e cuja presença no elenco incomodava o torcedor: o volante Leandro Donizete, o atacante Rodrigão e o zagueiro Cleber. A semana, assim, tinha tudo para ser tranquila. Mas foi uma das mais turbulentas dos últimos anos.
Um dos fatores dessa turbulência foi provocado por 22 conselheiros de oposição: a apresentação de um pedido de impeachment do presidente José Carlos Peres que ainda não tem nem quatro meses de gestão.
O pedido está mal formulado e já foi retirado pelos próprios 22 conselheiros.
Outro pedido desse tipo, pela suposta participação do presidente em empresa de agenciamento de jogadores, estava sendo preparado por outro grupo.
Um membro do Comitê de Gestão declarou ter recebido ameaça de morte de um dos tais conselheiros e diz ter farto material para ingressar com queixas-crime contra ele.
Outro caso policial teve Boletim de Ocorrência registrado por pedofilia contra o coordenador, já afastado, das divisões de base, e sócio de José Carlos Peres na tal empresa. Um atleta de 19 anos, hoje na Portuguesa Santista, denunciou ter sido molestado sexualmente em 2010, quando tinha 11 anos e tentava uma vaga no Santos.
Essa coleção de notícias negativas torna transparentes as reações dos grupos políticos derrotados na eleição de dezembro no Peixe.
Aqui vão relacionados alguns fatos. A avaliação fica por conta de cada leitora e de cada leitor.
O conselheiro que encabeçou o pedido se elegeu pela chapa do ex-presidente Modesto Roma Junior, derrotado na eleição de dezembro. O próprio conselheiro diz não acreditar no impeachment, mas que "comemora a dor de cabeça" que provoca em José Carlos Peres. Avisa que "novos pedidos vão complicar de vez a vida de Peres", ou seja, da administração do clube.
A denúncia de pedofilia é gravíssima e deve ser investigada com o máximo rigor. Vale registrar que o advogado do atleta denunciante também se elegeu na chapa do ex-presidente. O atual empresário desse jogador conduziu quase todas as contratações de jogadores do Santos na gestão de Roma.
Por outro lado, outro candidato derrotado, Andrés Rueda, que aceitou participar do Comitê de Gestão e assim ajudar o clube na gestão de Peres, repudiou e refutou imediatamente o pedido de impeachment.
As três associações que apoiaram a candidatura de Nabil Khasnadar, também derrotado em dezembro, Santos Autêntico, O Santos que Queremos e Santos 21, também repudiaram o pedido em nota oficial em que pedem absoluto respeito pelo resultado daquela eleição.
