Esta semana mostrou, pela enésima vez, qual é a atração que ainda mantém vivos os estaduais: os confrontos entre os clubes grandes de cada estado. A rivalidade põe tempero nesses campeonatos que se desenrolam até a fase final enjoativos e insossos.
No Rio de Janeiro e em São Paulo, se algum dos 4 tradicionais fica fora das semifinais, o torcedor sofre com a zoação. Em Minas, Rio Grande do Sul, Bahia, se um dos dois gigantes estaduais não está na final, aguenta a gozação dos rivais.
Teoricamente, ninguém valoriza o título estadual. Mas a rivalidade mantém a chama. E os clássicos quase sempre apresentam ou grandes jogos ou, pelo menos, grandes emoções.
Os confrontos entre Palmeiras e Santos mostraram alguns momentos de grandes jogos. A outra semi, entre São Paulo e Corinthians, teve só momentos de emoção. E, mesmo assim, parcos, escassos.
O time melhor estruturado do Palmeiras, com um meio campo sólido e um toque de bola mais refinado, sofreu muito para eliminar o Santos só na decisão por pênaltis. Ganhou o primeiro jogo por 1 x 0, tendo o goleiro Jaílson como, indiscutivelmente, o melhor jogador em campo.
Perdeu o segundo jogo diante da sua torcida por 2 x 1 e conquistou a vaga na disputa de pênaltis. O momento mais bonito do confronto foi santista: o primeiro gol. A jogada toda foi uma pintura. O garoto Rodrygo desmonta a marcação palmeirense com um passe para o lateral Daniel Guedes por entre as pernas de um dos dois marcadores. Daniel olha antes de cruzar e coloca uma bola açucarada para um meio-peixinho maravilhoso do atacante Sasha.
Já o Corinthians conquistou a vaga no estilo característico: o drama. Perdeu o primeiro jogo por 1 x 0 no Morumbi são-paulino e só conseguiu o único gol que levou a disputa para os pênaltis nos acréscimos do segundo tempo do segundo jogo, diante da própria torcida.
Ainda que a disputa por pênaltis seja considerada loteria por muitos observadores, confrontos tipo mata-mata em dois jogos normalmente resultam em vitória do time mais preparado, o que vive um melhor momento.
Assim aconteceu no Paulistão. A mística do clássico atenuou deficiências graves da equipe santista, principalmente a carência de um meia articulador de jogadas e de um atacante de área. Gabigol está fazendo essa função fora das suas características de atacante pelos lados. O Palmeiras tem elenco mais forte e está mais entrosado.
O São Paulo, em princípio de remodelação pelo treinador Diego Aguirre, jogou quase o tempo todo retrancado e acabou castigado no final.
Palmeiras e Corinthians fazem uma final sem favoritos. O Palmeiras tem time mais forte. Mas isso nem sempre decide clássicos, como ficou claro nas semifinais.
Para o Campeonato Brasileiro, a conversa é completamente diferente. Tem de ter elenco. O Santos já entrou na contagem regressiva para equacionar carências graves. O São Paulo já tem as peças, falta a mão do maestro. O Palmeiras está praticamente pronto, precisa só de retoques. E o Corinthians, pelas derrotas diante do São Paulo na semi e do Bragantino nas quartas, nos primeiros jogos desses confrontos, indica que o torcedor, mesmo acostumado com situações melodramáticas, deve, desde já, ir cuidando do coração.