A saída de Lucas Lima do Santos traduz, mais uma vez, o amadorismo da estratégia (ou falta dela) com que as questões do clube foram conduzidas nesses três anos da gestão atual, presidida por Modesto Roma.
Lucas Lima, depois de quatro anos no Santos, sai sem que o clube receba um centavo. Pior, sai incompatibilizado com a torcida. Pior ainda: sai, muito provavelmente, para ir jogar num rival. Muitos torcedores, entretanto, estão felizes com esse desfecho.
Mesmo com clima muito ruim no Santos, Lucas Lima sai muito valorizado. A proposta do Palmeiras para o meia, pelas notícias, tem cifras na casa de R$ 1 milhão por mês. R$ 60 milhões em cinco anos. Será que o Palmeiras está rasgando dinheiro? Fala-se também numa proposta chinesa de R$ 200 milhões. Convém lembrar que Lucas Lima, nesse período recente, foi o jogador do Santos mais vezes convocado para a Seleção Brasileira.
O desgaste entre o meia e a torcida poderia e deveria ter sido equacionado pela direção do clube. Um exemplo bem-sucedido desse tipo de ação aconteceu na gestão anterior. Um mix de marketing e mudança de comportamento reverteu o dano à imagem de Neymar provocado em 2010 pela briga pública do jogador com o treinador Dorival Junior. No caso de Lucas Lima, como também no de Zeca, a direção do Santos assistiu ao desgaste. Simplesmente se omitiu. Essa falta de estratégia no tratamento aos destaques e ídolos do clube tem outros exemplos.
Em 2016, o meia Diego voltou ao Brasil depois de 12 anos. Voltou para o Flamengo. Poderia ter voltado para o Santos? Deveria. Diego, bicampeão brasileiro pelo Peixe em 2002 e 2004, poderia ter voltado a ser ídolo do clube. Tanto que está na seleção de Tite. É difícil concorrer com clubes mais ricos? É. Mas é possível, com planejamento e competência. Um contra-exemplo, também da gestão anterior, é a primeira repatriação de Robinho, em 2010. Um projeto de marketing bem-sucedido trouxe o jogador para uma temporada vitoriosa pelo clube (conquistas de um Campeonato Paulista e de uma Copa do Brasil) entre as passagens dele por Manchester City e Milan. Mas como cobrar planejamento e competência? Um dos muitos episódios bizarros protagonizados pela gestão atual do Santos é o "esquecimento" do presidente Modesto Roma de formalizar um acordo que teria feito "de boca" com o próprio Robinho em janeiro de R$ 2015. Um reajuste, corrigido por ocasião do acordo entre clube e atleta, em setembro deste ano, de quase R$ 1 milhão e meio (R$ 1 416 883), esquecido !!!
Neymar, se e quando retornar ao Brasil, também não vai, provavelmente, desembarcar no Santos, onde foi formado. Isso porque o clube entrou com uma ação desastrada contra o atleta na Fifa, pedindo inclusive a suspensão dele por 6 meses. A ação foi rejeitada pela Fifa como improcedente (como, aliás, alguns advogados já haviam advertido a direção do Santos), o clube não ganhou nada com a iniciativa e ainda se indispôs com o maior ídolo da sua história na Era Pós-Pelé.
Eleição no Santos
O presidente Modesto Roma Jr, que tenta se reeleger, enfrenta três outras candidaturas no dia 9 de dezembro. Mas só um desses três se manteve na oposição durante todo o mandato atual: Nabil Khasnadar. Dos outros dois, José Carlos Peres participou como funcionário remunerado, gerente de marketing internacional da gestão Roma, até abril deste ano. Andres Rueda também participou, só que como membro não-remunerado do Comitê de Gestão nomeado pelo presidente atual. Os ataques, mútuos e virulentos, entre Peres e Roma (em briga de comadres se sabe as verdades) podem beneficiar Nabil e Rueda.