A tabela de classificação do Brasileiro sugere uma suposta superioridade do futebol paulista em relação ao resto do País. Três times do Estado de São Paulo, ocupam as três primeiras posições da tabela, Corinthians, Palmeiras e Santos. O gaúcho Grêmio vem em quarto lugar, dois pontos atrás do Santos e oito do líder Corinthians.
A ideia de superioridade, apesar da tabela, não se sustenta. A Copa do Brasil deste ano, o outro torneio de importância nacional, teve como campeão o Cruzeiro, mineiro, que no caminho eliminou o Palmeiras. O Santos caiu diante do Flamengo e o Corinthians diante do Inter gaúcho.
Na Libertadores, depois de três anos, o Brasil volta a estar representado na final. E quem chegou foi o Grêmio, do Rio Grande do Sul, que nesta semana, mesmo perdendo o jogo de volta por 1 x 0, em casa, espantou a zebra, o Barcelona, do Equador, carrasco de Santos e de Palmeiras nessa edição do torneio.
Ninguém consegue explicar a despencada corintiana no segundo turno do Brasileiro (ver nota ao lado), como também não era explicável o sucesso do primeiro turno. Elenco mediano nas mãos de um treinador inexperiente, mas que conhece bem o clube, em função do trabalho nas divisões de base e como auxiliar do treinador anterior, Tite. Dava tudo certo no primeiro turno e, de uma hora para a outra, passou a dar tudo errado. Obra dos deuses do futebol ou de algum misterioso fator extra-campo.
Os três clubes paparicados como possíveis bichos-papões da temporada, Flamengo, Palmeiras e Atlético Mineiro, cometeram o mesmo tipo de erro, elencos fortes comandados por treinadores inexperientes (Zé Ricardo, Eduardo Baptista e Roger Machado).
E a presença do Santos, no topo da tabela, para muita gente lembra a história da tartaruga em cima do poste: ninguém entende como chegou lá. É fácil explicar: o desempenho da defesa, a melhor do campeonato, com um eixo muito sólido: o goleiro Vanderlei, que atravessa uma fase extraordinária, o zagueiro Lucas Veríssimo que se firmou e hoje é um dos melhores do país e o volante Alison, que marca com muita força e determinação, característica que o antecessor dele na posição, Thiago Maia, também tinha. O ataque, como já foi abordado aqui, tem até agora a pior média de gols do Santos em brasileiros da fase de pontos corridos e uma das piores da história do clube.
Santos e Palmeiras, na reta final, tentam disputar o título com o Corinthians, com estratégias idênticas: colocação como treinador de interinos – Valentim no Palmeiras e Elano no Santos – que tinham histórico de assumir o cargo e levar a equipe a uma sequência de vitórias, que nos dois casos seria suficiente para a conquista do título, isso se o Corinthians continuar em queda livre.
Quem diria?
"Anote o que eu estou falando. O Corinthians vai despencar", disse Renato Gaúcho, no meio de julho. A previsão do técnico do Grêmio estava certa. Mesmo ainda líder e favorito ao título brasileiro, o Corinthians despencou. Fez apenas 12 pontos no segundo turno, a 17a campanha entre os 20 times. A vantagem caiu para cinco pontos e o Brasileirão ganhou emoção. A tabela não é das mais fáceis para o alvinegro: Palmeiras (c), Atlético/PR (f), Avaí (c), Flu (c), Flamengo (f), Atlético/MG (c) e Sport (f).