Numa época em que o medo da violência urbana é uma constante na vida de cada um de nós, causou surpresa — e até certa desconfiança — os resultados do levantamento feito pela consultoria Urban Systems, que coloca Santos entre as 10 cidades mais seguras do Brasil. No ranking, Santos subiu da 29ª colocação (2016) para a décima. Com 1447 pontos, é a quinta melhor do Estado. A primeira do Brasil é Vinhedo (2172 pontos).
Denominado “Connected Smart Cities”, o estudo analisou mais de 700 municípios a partir de 70 indicadores, não apenas ligados diretamente ao combate à criminalidade. Entre eles, monitoramento de áreas de risco, iluminação pública, acidentes de trânsito, taxa de homicídios, investimentos em segurança, efetivo de policiais, guardas municipais e agentes de trânsito.
O secretário municipal de Segurança, Sérgio Del Bel, afirma que o resultado de Santos é reflexo da melhora nas condições gerais da Cidade, em setores como mobilidade, saúde, iluminação, infraestrutura e serviços.
Também influenciam no resultado ações de prevenção em morros e encostas, campanhas educativas de trânsito e fiscalização eletrônica. Entre 2011 e 2017, o número de atropelamentos fatais caiu 33,74% e o de vítimas graves caiu 79,33%.
Del Bel destaca ainda o aumento do número de câmeras de monitoramento (em 2012, eram 188 e hoje são 650) e do efetivo da Guarda Municipal (de 350, em 2013, para os atuais 500).
Segundo ele, a ação irá melhorar com o início do funcionamento do Centro de Controle Operacional (CCO), que reunirá as imagens das câmeras com órgãos de segurança (Polícias Militar, Civil e Federal, Guarda Municipal, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e Samu), trânsito (CET e EMTU) e Serviços Públicos (Prefeitura, CPFL, Comgás e Sabesp).
A Prefeitura informa que finalizou em abriu um programa de modernização da iluminação pública, que incluiu a substituição de 11.267 lâmpadas de vapor de sódio (amarela) e mais 507 de vapor metálico (branca), em 48 bairros. Lâmpadas de 100w foram trocadas por outras de 150w e, em alguns casos, as de 150w por 250w.
Delegado destaca importância da participação do cidadão
Segundo a Secretaria de Segurança Pública, o número de homicídios dolosos, nos cinco primeiros meses deste ano, caiu 28,6% (de sete para cinco), em relação ao mesmo período de 2016. Também houve, neste intervalo, redução nos índices de latrocínio (100%), roubo de veículos (19,2%), roubo de cargas (25,8%) e estupro (20%).
O comandante da Polícia Civil da região, diretor da Deinter-6, Gaetano Vergine, destaca a importância da comunicação do crime para tirar o criminoso de circulação e evitar que ele faça nova vítimas.
"Nós precisamos que a população exerça sua cidadania, participe. Precisa notificar o crime e reconhecer o autor, para ele ser punido e cumprir sua pena. A maioria das pessoas não faz isso, simplesmente comunica o crime, vira as costas e vai embora", explica. "O cidadão tem que registrar o boletim de ocorrência, se esforçar para reconhecer o criminoso no álbum de fotografias. E também temos que tomar cuidado, porque há vítimas que apontam pessoas erradas, que não praticaram o crime. Outras vezes, a pessoa tem medo, porque acha que bandido brasileiro é igual bandido de filme americano, que persegue a vítima por todos os cantos. Nosso criminoso é imediatista, capitalista, quer roubar e partir para outra. Não fica perseguindo ninguém", completa o delegado, que tem 39 anos de carreira.
Segundo ele, a comunicação do crime é fundamental para tirar o criminoso de circulação e evitar que ele faça nova vítimas. "A pessoa foi roubada e sobreviveu. A próxima vítima terá a mesma sorte? E se for ela a próxima vítima de outra pessoa que não comunicou o crime?", questiona.
Receptação
Vergine chama a atenção para outro crime, que alimenta um círculo vicioso: a receptação. As pessoas compram produtos roubados, mais baratos do que eles realmente valem, e acabam incentivando a prática de assaltos. "Os ladrões roubam porque tem quem compra, seja um celular, uma peça de carro ou moto", afirma.