Perimetral

chr34Navegandochr34 melhor em terra do que na água

15/07/2017

Mundialmente a guerra dos portos, envolve suas localizações estratégicas, seus acessos terrestres e aquaviários e suas atuações de atividades logísticas, com instalações avançadas para concentração e distribuição das cargas.

A batalha no campo terrestre, com os seus acessos rodoviários e possibilidades para o modal ferroviário, têm sido focos de especial atenção. Alguns especialistas chegam a afirmar, que a grande batalha dos portos, está concentrada em dominar sistemas de acessos terrestres.

Mundialmente os focos concentram-se nos acessos terrestres porque a questão aquaviária, de forma geral, tem sido atendida de forma adequada. Logicamente mundialmente também podem surgir problemas nos acessos aquaviários, porém de forma pontual e episódica. Não faz parte do cotidiano dos portos mundiais, problemas com profundidades inadequadas nos canais e pontos de atracação dos portos, por falta de dragagens.

Para qualquer gestor portuário responsável, a garantia da profundidade aquaviária, conforme tecnicamente definida como necessária, não é tema opcional. Trata-se de função obrigatório e estratégico. 

O porto existe para receber navios e não cumpre sua função básica, quando não disponibiliza a infraestrutura aquaviária dentro dos padrões necessários para as embarcações envolvidas com os mercados que pretende atuar. Esta deficiência funcional está ocorrendo de forma gritante no Porto de Santos. De forma mais flagrante nos últimos dias quando, da noite para o dia, surgiu um comunicado reduzindo a profundidade operacional de seu canal de navegação.

Como é possível entender, que no maior porto do hemisfério sul e fundamental para o comércio exterior brasileiro, como se fosse algo normal, ser divulgada a informação de que os navios somente poderiam circular com um calado máximo de 12,3 metros, quando se esperava a recuperação do calado de cerca de 14,5 metros?

No lugar de se corrigir o déficit já existe, permitiu-se que o problema se avolumasse.

E ainda mais vergonhoso, com uma mudança imprevista, que pegaram navios de surpresa, forçando suas permanências atracados nos terminais, sem conseguir programação de saída. Forçando também os navios com previsão de entradas, reduzir o recebimento de cargas para garantir que pudessem sair ao final de suas operações.

Depois de todos estes dissabores, apresentou-se com vitória a "conquista" de um calado de 12,6 em substituição ao anterior número de 12,3 metros. 

O Porto de Santos, "ganhou" trinta centímetros na profundidade do canal de navegação. Uma recuperação de apenas 2,4% na anterior profundidade e que ainda mantém um déficit de 13% em relação à profundidade formalmente definida e exigida de 15 metros.

A dragagem continua sendo tratada de forma inadequada no Porto de Santos, como em muitos outros portos nacionais. Não é possível continuar convivendo com tais tristes cenários. 

Enquanto no acesso aquaviário vivenciamos este triste cenário, no acesso terrestre, em especial no ferroviário, são divulgadas informações auspiciosas: O Governo Federal informou que pretende elevar a capacidade operacional da malha ferroviária paulista da RUMO, dos atuais dois pares de trens diários para cinco no futuro. Beneficiando diretamente, o aumento de capacidade diária ferroviária, para o Porto de Santos.

Enquanto o acesso aquaviário do Porto de Santos, continua vivenciando um déficit de 13%, em sua profundidade necessária, ou seja, em déficit na capacidade operacional aquaviária de 13%, o sistema ferroviário deverá crescer no percentual de 150%. Estamos avançando, nos acessos terrestres, porém continuamos "encalhados" no acesso aquaviário.

Saudamos as boas notícias para melhorias futuras, no acesso ferroviário, porém, sem solução para a dragagem corremos o risco de termos vagões parados no Porto de Santos, por falta de navios com capacidades para escoar ou receber as cargas nas velocidades adequadas. Quem vai responder pelo crescimento na capacidade ferroviária será a iniciativa privada. 

Chegou o momento de também permitir que a iniciativa privada garanta a recuperação e o crescimento na profundidade aquaviária do Porto de Santos. Precisamos garantir acessos adequados na água, assim como em terra os avanços continuam sendo demonstrados e previstos em melhorias futuras.