Os dois nunca alcançaram o patamar de ídolos da torcida do Santos. Alguns torcedores gostam deles, outros, não. Impossível, entretanto, negar que viveram bons momentos no clube.
Geuvânio participou, por exemplo, dos 5 a 1 no Corínthians em janeiro de 2014. Drible da vaca inesquecível no ídolo corintiano Ralf no quarto gol, marcado por Bruno Peres. Fez um golaço no São Paulo, em Rogério Ceni, na semifinal do Campeonato Paulista de 2015, numa arrancada de 56 metros, desde o campo do Santos.
Lucas Lima, cérebro do time, foi reconhecido por muitos analistas como o melhor jogador em atividade no Brasil em 2015. Tem sido convocado para a seleção brasileira pelo treinador Tite. Fez muitos jogos mágicos pelo Santos, como a goleada de 5 x 0 no Botafogo em 2014, pela Copa do Brasil, ou os 3 x 0 no São Paulo, no ano passado pelo Brasileiro, ambos no Pacaembu.
Tanto Geuvânio quanto Lucas Lima despontaram para o futebol no Santos. É natural que tenham um carinho grande pelo clube que os projetou.
Assim, muitos torcedores receberam com tristeza as notícias referentes aos dois nesta semana. Geuvânio, apesar de uma cláusula contratual de prioridade ao Santos numa volta ao futebol brasileiro, preferiu o Flamengo. Lucas Lima, ao que tudo indica, assina pré-contrato com o Barcelona no início de julho e vai embora no final do contrato, em dezembro.
As duas histórias ainda prometem desdobramentos. O Santos sinaliza que vai reclamar na Fifa contra a opção de Geuvânio. Pode ganhar algum dinheiro. Também pode reclamar de assédio sobre Lucas Lima. Falta uma semana ainda para o início do período em que ele pode assinar pré-contrato.
Mas nesse tipo de relação entre o clube e jogadores com essa trajetória, o dinheiro não é o mais importante. O que pesa aí é o respeito e o carinho do jogador pela camisa que vestiu.
Em episódios recentes, isso ficou muito claro. Robinho foi repatriado em 2010 e teve participação fundamental na conquista da Copa do Brasil naquele ano. Elano foi repatriado em 2011 e também brilhou no Paulista e na Libertadores conquistadas naquele ano. Renato voltou em 2014 e tem sido a referência de equilíbrio da equipe em campo.
Antes de Geuvânio, Diego também preferiu o Flamengo a uma volta ao Santos, aí por questões financeiras. Que nesse tipo de operação podem ser equacionadas com empenho e criatividade.
Importantíssima na relação do clube com esses atletas é a habilidade dos dirigentes. A Modesto Roma Junior, Dagoberto dos Santos e Luiz Taveira visivelmente têm faltado o carisma, a sensibilidade, a criatividade e a competência para conduzir esse tipo de negociação.