Saúde

30% dos brasileiros sofrem de ejaculação precoce

08/05/2023
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Quando o assunto é sexo, atingir o orgasmo rápido demais é uma das maiores preocupações dos homens. A ejaculação precoce é um problema que acomete muitos homens e a maioria deles sofre em silêncio. A vergonha e o constrangimento os inibem de procurar ajuda.

No Brasil, cerca de 30% dos homens têm ejaculação precoce, segundo dados da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), e 48% relatam ter tido problemas desse tipo em alguma etapa de sua vida sexual. O médico urologista Heleno Diegues Paes explica que, para abordar este assunto, primeiro é preciso entender a diferença entre orgasmo e ejaculação.

“O orgasmo nada mais é do que a percepção do nosso cérebro, que reflete no nosso corpo uma sensação de prazer, no ápice da relação sexual. Ao atingir esse ponto de prazer, acontece a emissão do esperma, que é chamada de ejaculação. Claro que o orgasmo e a ejaculação andam de mãos dadas, mas o que as pessoas desejam é o orgasmo”.

As pessoas que têm dificuldade em retardar o orgasmo precisam melhorar o autocontrole. Perceber os gatilhos no ato sexual que o aproximam do orgasmo e tomar providências para que não seja dado o passo final.

O médico explica que, recentemente, foi compreendido que o neurotransmissor serotonina está envolvido no mecanismo do orgasmo e que a sua alta concentração nas sinapses cerebrais dificulta a obtenção do orgasmo.

A estratégia de aumentar a concentração de serotonina nas fendas sinápticas já é usada com sucesso no tratamento da depressão e ansiedade, com os medicamentos chamados Inibidores da Recaptação da Serotonina (iRS). Dessa forma, alguns medicamentos usados para o tratamento desses transtornos, como a paroxetina e a fluoxetina, passaram a ser usados para o tratamento da ejaculação precoce.

O efeito desses remédios atinge seu ápice ao redor da terceira semana de uso. Dessa forma, é necessário o seu uso de forma contínua, similar a um remédio para hipertensão arterial ou diabetes.

Há poucos anos, houve a descoberta de um novo iRS que tem início de ação mais rápido e é eliminado do organismo após algumas horas. A dapoxetina, que é um remédio já utilizado em vários países, passou a ser produzido e comercializado no Brasil.

“Ou seja, o homem toma um comprimido uma hora antes da relação e vai ter o efeito durante aquele ato sexual. Depois de algum tempo o efeito do remédio sai do organismo e vida que segue”, explica o especialista.

Porém, o especialista afirma que é necessário individualizar cada caso. Não é porque agora temos a Dapoxetina que os demais medicamentos deixaram de ter utilidade. “Pelo contrário, quem tem um componente de ansiedade muito exagerado, se beneficiará de um tratamento de longo prazo e poderá não ter um resultado satisfatório com a nova medicação”.

Por fim, fica o alerta: “O tratamento da ejaculação precoce exige o entendimento sobre sexo e orgasmo, melhoria da técnica sexual, melhoria da autopercepção e do autocontrole. Os medicamentos são auxiliares na busca pelos objetivos citados. Se o sexo não está fluindo devido ao tempo rápido de atingir o orgasmo, o ideal é não se automedicar e procurar ajuda de um urologista. Esse sim é o profissional habilitado para ajudar”.