Existe uma ressalva a ser feita aí. O goleiro é a posição mais privilegiada nesse aspecto por alguns motivos. É mais fácil ser longevo no gol porque o mercado europeu dá menos atenção para os arqueiros brasileiros, principalmente, porque a maioria assume a titularidade já bem depois dos vinte anos. Os que brilham mais novos, como Alisson, Rafael Cabral e Neto, têm mercado fora.
Alguns goleiros do Brasil, mesmo com passagem por outros clubes, seguem o exemplo de longevidade no mesmo clube de Ceni e Marcos, como Fábio (Cruzeiro), Jefferson (Botafogo), Diego Cavalieri (Fluminense) e Weverton (Atlético/PR). Apenas o primeiro tem pelo menos uma década debaixo das traves do mesmo clube.
É quase impossível um jogador brasileiro de destaque passar a carreira toda atuando no Brasil, como acontecia com frequência antigamente. Essa parte, infelizmente, é aceitável. Porém, existem muitos jogadores que constroem a carreira fora e voltam para o clube de origem ou do coração no Brasil.
Dois exemplos muito bacanas foram o de Alex, no Coritiba, e Juninho Pernambucano no Vasco. O segundo, inclusive, abriu mão até de salários para atuar. Já consagrados e com muito dinheiro no bolso, voltaram por amor à camisa. Vale lembrar que isso nem sempre depende do jogador. O interesse precisa ser mútuo.
Na contramão deles, dois casos recentes machucaram bastante o sentimento dos torcedores. Robinho, na hora de mostrar gratidão e agradecer por todas as vezes que o Santos o reergueu, preferiu jogar no Atlético Mineiro. Conca, anos ganhando fortuna na China, fez ainda pior, foi atuar no rival Flamengo. Ainda mais para uma torcida carente de ídolos recentes como a do Fluminense. Diego seguiu o mesmo caminho. Ronaldinho Gaúcho é odiado pela torcida do Grêmio por tal comportamento. São muitos exemplos.
Nesse aspecto, os brasileiros têm muito o que aprender com os argentinos. Lá eles realmente voltam e atuam por amor. São torcedores de verdade. É comum ver até alguns atletas tatuarem o escudo do clube como fizeram Cavenaghi, com o do River, e Di María, Rosário Central. Aimar, Saviola, Verón, Heinze, Diego Milito e Máxi Rodrigues, com carreiras sólidas fora, voltaram para o clube do coração.
Para muitos, o futebol virou mais dinheiro e menos paixão, mas são exemplos como Juninho, Alex e os argentinos que ainda dão o toque de romantismo e a sobrevida que nós, torcedores, precisamos.