A última semana de qualquer ano repete de maneira insistente o conflito entre o passado e o futuro. O contraste entre as realizações e frustrações do ano findo com os desafios, expectativas e desejos para o novo período que se avizinha.
Quando paramos para analisar nossas atividades, em geral constatamos que precisamos continuar avançando em algumas direções, como também concluímos que precisamos adotar novas maneiras e procedimentos para solucionar problemas e corrigir algumas frustrações passadas.
Nestes momentos, é fundamental entendermos que o final de um ano e o começo de outro é uma ótima oportunidade para analisar os caminhos que estamos trilhando. É um momento de parada. Um momento de reflexão. Enfim, um momento para verificarmos onde estamos errando e onde estamos acertando.
Já dizia Albert Einstein que “insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes”. Então, se os resultados não são os adequados, precisamos analisar com calma e frieza sobre o que estamos fazendo, na busca de resultados diferentes. Se continuarmos fazendo do mesmo jeito, certamente teremos os mesmos resultados.
Neste momento de transição, precisamos separar o que precisa se mantido, pois os resultados são os esperados, e principalmente o que precisa ser mudado, porque os resultados são frustrantes e diferentes do que pretendemos. Estas verdades valem para o cotidiano de nossas vidas e também devem ser imperiosas para as atividades que nos rodeiam.
Para o nosso porto, também devemos aproveitar esta fase para reflexões e definições. Precisamos perguntar o que está dando certo e o que está sendo frustrante no sistema portuário. Por que o sistema portuário está enfrentando conflitos, frustrações e perda de oportunidades? Por que o nosso Porto de Santos, depois de meses sequenciais de crescimentos, vem apresentando resultados negativos, em especial nas movimentações que envolvem maior valor agregado? Porque o porto local perdeu competência e poder de deliberações?
Na maioria das ocasiões em que paramos para fazer estas avaliações, buscamos avaliar o passado e tentar aplicar soluções presentes, que, em geral, são apontadas como novidades. As novas modas do momento são apresentadas como soluções para se avançar no futuro.
Muitos se esquecem das experiências passadas. Viram as costas para as lições do passado! O futuro e as lições do presente são, sim, importantes. Porém, as experiências do passado devem sempre ser enfocadas, para abandonar as práticas inadequadas e, principalmente, repetir ou aperfeiçoar o que já demonstrou ser o mais acertado.
No ambiente portuário, precisamos olhar para o passado, recuperando as melhores práticas que já nos acompanharam e melhorando-as quando necessário, pois somente assim o nosso porto também recuperará seu caminho de referência nacional e internacional.
Precisamos abandonar os erros do passado, que geraram a atual e imprópria legislação, e buscar a recuperação das melhores práticas portuárias, mundialmente adotadas. Somente olhando para as experiências positivas do passado é que poderemos projetar um futuro melhor para o nosso porto e, por consequência, para nossa cidade e região.
O passado nos aponta para o futuro. Mas não o passado retrógrado. O passado que mantinha as evoluções no sentido da modernidade, da participação da comunidade nas decisões portuárias, no efetivo respeito entre o porto e a cidade. O passado que garantia planejamentos futuros debatidos de forma compartilhada. O passado onde não havia um porto em Brasília. Havia, sim, um porto em Santos! Havia uma cidade portuária de Santos! Vamos, juntos, verdadeiramente irmanados, recuperar o passado da modernidade para garantir a modernidade futura. Modernidade futura para o porto, para a cidade e para toda a comunidade. Feliz Ano novo! Feliz cidade portuária, em especial no novo ano!