Perimetral

Contêineres no Porto de Santos: queda de somente 7chr37?

05/11/2016
Alguns especialistas destacam que os desmandos do desgoverno anterior vão continuar apresentando a sua conta e prejudicando praticamente uma geração inteira.
 
São profissionais que, agora desempregados, veem frustrados os seus planos para o desenvolvimento de suas carreiras e famílias.
 
Jovens recém-formados, após a dedicação para suas formações universitárias ou em cursos técnicos profissionais, se vêem estupefatos com a total inexistência de perspectivas futuras.
 
Profissionais com longa experiência se preparando para usufruir do tempo de descanso, com o seu merecido repouso, enfrentam o desespero da realidade do desemprego, sem contar com o tempo necessário para a aposentadoria, por mais insuficientes que seus valores apontassem.
 
A verdade é que praticamente não há nenhum segmento imune às consequências desta crise sem precedentes da história de nosso país. A realidade da crise também vem marcar o ponto em nosso Porto de Santos. Durante meses sequenciais, em plena crise nacional, as manchetes jornalísticas destacavam que o Porto de Santos batia recordes sucessivos, dando a impressão que se tratava de uma ilha de segurança e prosperidade nacional.
 
Os repetidos recordes mensais, nas toneladas movimentadas, escondiam as realidades das consequências desta crise nas operações portuárias que envolvem maior valor agregado.
 
Neste espaço, eu já alertava em artigos anteriores, que as análises apenas considerando as toneladas movimentadas escondiam o grave cenário com as baixas movimentações de contêineres. Sempre destaquei os contêineres, porque envolvem as movimentações de mercadorias com alto valor, que implicam também em várias atividades logísticas acessórias gerando, portanto, repercussões econômicas em outras atividades logísticas em nossa região.
 
Agora, as realidades não têm mais como ser escondidas!
 
A imprensa noticiou que, em toneladas movimentadas, o Porto de Santos estacionou e as operações com contêineres despencaram 7%, comparando os períodos de janeiro a setembro, de 2016 e 2015. As movimentações de contêineres de importação caíram 6% neste período, enquanto as exportações beiram os 8% de queda.
Isto é muito sério. É o país e o Porto de Santos perdendo negócios, arrecadações, competitividade.
 
Mais grave ainda quando se conclui que tais quedas representam perdas nas oportunidades de trabalho e emprego e de repercussões nas arrecadações municipais e nas gerações de atividades econômicas no comércio e serviços. Há, entretanto, um outro fator de preocupação. 
 
As estatísticas indicam queda de 7% nas movimentações do Porto de Santos. Porém, incluindo também as movimentações de um terminal de contêineres, que, segundo a legislação portuária atual não é considerado como integrante de tal sistema, pois trata-se de terminal privado.
 
O terminal portuário privado, que nestas estatísticas movimenta praticamente 19% do total, apontado indevidamente como sendo o Porto de Santos, na verdade representa redução ainda maior nas movimentações efetivas do porto. Esta parcela de 19% das movimentações de contêineres representa a transferência de movimentações de um regime portuário, o Porto Organizado, para outro regime, denominado pela lei como sendo de Terminal Privado.
 
A competitividade, entre estes dois regimes legais portuários, é necessária para o bem do país. Entretanto, precisamos acompanhar tais flutuações e buscarmos atuações conjuntas para que os terminais que compõem o Porto Organizado tenham as mesmas condições e possam competir com o modelo do Terminal Privado. Assim, teremos tranquilidade, para que as flutuações de cargas, entre os dois regimes portuários, sejam resultado somente de eficiência e melhores estratégias comerciais, e não por desequilíbrio nos regramentos legais. O Porto de Santos perdeu mais do que 7% das movimentações de contêineres. O que podemos fazer para que mantenha sua competitividade?