Simplesmente Vinho

Quinta da Covela: local e vinhos exuberantes

29/10/2016 Cristina Barbosa
Enoleitores,
Em nosso passeio por Portugal fomos passar um fim de semana no Douro, mais precisamente na Quinta da Covela, uma vinícola datada do séc. XVI, mas superatual e bem cuidada, já que em 2011, após um breve período de abandono, foi adquirida por uma dupla de novos proprietários. Um deles, o simpático inglês Tony Smith, nos recebeu muito bem e apresentou o melhor da vinícola e daquela região; o outro é um investidor brasileiro. Com todo o cuidado e respeito pela tradição e qualidade dos vinhos, eles optaram por manter a mesma equipe, com o renomado enólogo Rui Cunha, envolvido no projeto desde 1992 e responsável pela elaboração dos vinhos desde 1998.
 
Situada numa encosta belíssima, com vista para o Rio Douro, entre a zona granÍtica da Região dos Vinhos Verdes e a região de xisto dos Vinhos do Porto, mais precisamente próxima a São Tomé de Covelas e Santa Cruz do Douro, aliando o charme da beleza natural à sua rica história cultural, pois, desde os anos do XVI, a antiga Casa de Covela, formada pelas ruínas do solar renascentista, os lagares e a capela, testemunha a presença multissecular da produção de vinhos e importância histórica desta quinta.
 
Na segunda metade do século passado, esta pertenceu ao cineasta Manoel de Oliveira, transformando-a em várias frentes. No final dos anos 80, a Quinta foi adquirida pelo empresário Nuno Araújo, que investiu firmemente nas vinhas e nos vinhos mais atualizados, com blends modernos, criando a marca Covela. Aos poucos, foi ganhando notoriedade nacional e internacional: em 2007, conquistou o Estatuto de Produtor Biodinâmico, consagrando a Covela na vanguarda vinhateira do país.
 
Além da casa principal e da adega, atualmente esta possui três outras casas modernas, de linhas sóbrias, assinadas pelo conceituado arquiteto português José Paulo dos Santos. São muito bem decoradas e assentadas na encosta, onde aliam uma vista cinematográfica sobre as vinhas e o deslumbrante Vale do Douro.
 
Dentre as castas cultivadas para os vinhos, a avesso (original da região do Minho), é a principal dos brancos, associada a arinto, chardonnay, viognier e gewurztraminer. A uva tinta touriga nacional é muito plantada para os rosés e o Covela escolha, um tinto tranquilo, que junto à merlot, cabernet sauvignon e cabernet franc produzem o Covela colheita selecionada – ótimo vinho. 
 
Andamos pelos vinhedos, que já não tinham as uvas brancas, recentemente colhidas, enquanto ainda havia algumas tintas. Passamos pelas ruínas e também pelo pomar, até chegarmos à adega propriamente, onde pudemos ver todo o início do processo de elaboração dos brancos , na sua fermentação e na preocupação dos responsáveis pela temperatura das cubas de inox , pois esta etapa é muito importante, fazendo toda a diferença no produto final.
 
Vamos aguardar a chegada no mercado da safra 2016….
 
Enoabraços e uma ótima semana a todos!