Coluna Dois

O novo status dos treinadores

15/10/2016
O novo status dos treinadores | Jornal da Orla
Merece uma análise a reação da galera corintiana à possível chegada de Oswaldo de Oliveira. O presidente Roberto de Andrade quer o treinador. A torcida, ou pelo menos uma parte significativa dela, não. E foi à luta. Houve tudo quanto é tipo de manifestação, real e virtual, desses torcedores contra a contratação de Oswaldo.
 
O corintiano já percebe que o desempenho do time em campo tem tudo a ver com o trabalho do treinador. Isso ficou muito claro. Tite e Cristóvão Borges tiveram resultados completamente diferentes com o mesmo grupo de jogadores.
 
A reação constitui uma quase novidade. Até alguns anos atrás era muito comum ouvir de torcedores que o trabalho do treinador era supérfluo. Que o que importava era exclusivamente a qualidade do elenco. Esse pensamento ainda existe. Mas se tornou minoritário.
 
Os treinadores ganharam outro status tanto no futebol como nos outros esportes. Não há como negar a qualidade diferencial de um Bernardinho, por exemplo, ou de um José Roberto Guimarães, do vôlei olímpico brasileiro. Nem de um Tite, um Mourinho, um Simeone, no futebol. 
 
Os treinadores se tornaram conhecidos do público principalmente com a área que conquistaram em torno do campo e com as entrevistas coletivas depois dos jogos.
A visibilidade trouxe valorização salarial. Os contratos ganharam a estratosfera. Mas também surgiram exigências novas.
 
Joel Santana foi ridicularizado por causa da pronúncia abrasileirada das poucas frases que conseguiu aprender em inglês quando treinou a seleção sul-africana.
 
Vanderlei Luxemburgo se mostrou patético na televisão no começo deste mês ao contestar críticas ao péssimo resultado dos trabalhos dele nos últimos dez anos, à desatualização e à dificuldade com outros idiomas.
 
O treinador que não sabe se expressar nas entrevistas perdeu espaço, assim como aquele que não acompanha a evolução dos recursos que a ciência e a tecnologia colocam à disposição do trabalho dele.
 
O boleiro simples e malandro ficou para trás na profissão.
 
A nova situação traz embutidos outros riscos. Um treinador competente pode esconder a incompetência dos dirigentes. Ainda assim, isso representa um avanço.
 
Tite na seleção ilustra com perfeição essa equação. Os cartolas levaram o futebol do país à falência. A Seleção foi transformada num balcão de valorização artificial de jogadores. Depois do naufrágio na Copa e da reincidência dos vexames de Dunga nas eliminatórias, a cartolada teve de renunciar ao balcão de negócios e entregar o comando do time a um treinador bem preparado. Mas os dirigentes continuam grudados que nem cracas nos postos procurando outras oportunidades para maracutaias…
 
Nos clubes, a situação é exatamente igual. Tem muito treinador por aí montando times competitivos que escondem o amadorismo, a incompetência e a rapinagem dos dirigentes.  
 
Investiu alto
A Nike sofreu um baque em 2014 ao perder o contrato de três potências europeias que estavam entre os 10 clubes do mundo que mais vendem camisas. Manchester United e Juventus trocaram a empresa norte-americana pela rival Adidas e o Arsenal fechou acordo com a Puma. A resposta da Nike veio nesta semana, quando acertou um contrato milionário e longo com o Chelsea até 2032. Os Blues vão receber 60 milhões de euros por ano, exatamente o dobro do  que ganhavam com a empresa alemã. O vínculo começa na temporada 2017/2018.
 
Vale a pena?
O Corinthians acertou com o técnico Oswaldo de Oliveira e o anúncio não repercutiu bem dentro e fora do clube. A escolha pessoal do presidente Roberto de Andrade culminou na saída do diretor de futebol adjunto Eduardo Ferreira, contrariado com a vinda do treinador. O nome também não agrada boa parte da torcida, como abordado acima. O aproveitamento de Oswaldo no Sport foi péssimo. Em 34 jogos, 9 vitórias, 9 empates e 16 derrotas, o equivalente a cerca de 35% dos pontos disputados. Ele também não deixou saudade nas passagens recentes por Santos e Palmeiras.
 
2017 é logo ali
Ainda faltam oito rodadas para o desfecho do Brasileirão, mas os clubes de cima da tabela já estão de olho nos reforços para a  temporada seguinte. O Santos, inclusive, já acertou a contratação do atacante Vladimir Hernandéz, 1,60m de altura, destaque do Junior Barranquilla, da Colômbia. Ele marcou 15 gols em 42 jogos na temporada. Por outro lado, o Palmeiras está disposto a pagar a multa de quase R$ 10 milhões para contar com o meia Raphael Veiga, revelação de 22 anos do Coritiba.
 
Jogando em casa
O Santos definitivamente se sente muito bem no Pacaembu. A vitória por 1 a 0 no clássico contra o São Paulo foi o 15º jogo seguido no estádio em que o Peixe saiu com vitória. De quebra, quebrou o recorde de vitórias seguidas no tradicional estádio. O último jogo antes dessa sequência foi a derrota para o Ituano no primeiro jogo da final do Paulistão 2014.