A juventude é uma fase mágica da vida, onde nos sentimos eternos e acreditamos que sempre teremos o frescor da idade. O que torna difícil imaginar o impacto da notícia de uma doença grave, que pode levar à morte, nesse momento da vida. Mas foi o que aconteceu com a cirurgiã-dentista Priscila Morelli, diagnosticada com câncer de mama aos 29 anos. Depois da cirurgia de remoção de uma das mamas, e ainda na fase de controle da doença, um novo choque com a descoberta de um nódulo cancerígeno no pulmão. Nada, porém, foi capaz de derrotar a jovem, que venceu por duas vezes a doença, casou e é mãe de um menino de um ano, o qual amamenta até hoje com o seio preservado.
Exemplos de superação sempre trazem sopros de esperança e otimismo para quem vive problema semelhante ou se deixa abater por coisas menores. E Priscila, com certeza, é um deles. A jovem, hoje com 34 anos, não tem histórico de câncer de mama na família ou outro fator de risco para a doença. O primeiro sinal foi um nódulo na axila, percebido durante o banho após chegar da academia de ginástica. Ela procurou um médico, fez ultrassom, que não acusou nada de relevante. Cinco meses depois, ao fazer exames pré-operatórios para implante de silicone, veio a descoberta. “Um mês antes comecei sentir minha mama endurecida”, conta.
Priscila teve que retirar um dos seios em 2011, com reconstrução imediata. Depois fez várias sessões de quimioterapia e radioterapia. Como jovem, e vaidosa, sua primeira preocupação foi com a queda de cabelos. A possibilidade de morrer ficou em segundo plano. “O ser humano é altamente adaptável. A gente aprende a conviver com as dificuldades. Desde o primeiro dia tentava não focar nos efeitos colaterais do tratamento. Chegou um momento que desliguei. Pensava, tenho que fazer e pronto”.
Após a fase crítica, Priscila passou a fazer check-up a cada quatro meses. No segundo, em uma tomografia de tórax apareceu um nódulo no pulmão direito. Aí, confessa que baqueou. “A gente pensa no monstro da metástase. Queria abandonar o tratamento, depois pensei: que infantilidade, gosto muito de viver, tenho que tentar tudo”.
Foi nesta época que conheceu o futuro marido, Ricardo Firmino, que trabalhava com sua irmã. “Não estava com minha autoestima tão baixa, porque o tratamento não fez meu cabelo cair”. Quatro anos depois do diagnóstico de câncer de mama ela engravidou de Pedro, que nasceu saudável em 25 de setembro de 2015. “Eu meio que assumi o risco. Nunca se sabe se haverá recidiva durante a gestação”. Ela amamenta o filho até hoje e agradece o médico que fez sua cirurgia: “na época eu falei para ele tirar os dois seios. Aí ele perguntou com que mama eu ia amamentar quando tivesse um filho”.
Prevenção, a lição que fica
Depois de todo o sofrimento que passou, ficou um ensinamento que Priscila faz questão de passar adiante: “Quanto antes for feito o diagnóstico, melhor. O diagnóstico precoce é essencial para salvar a vida. Faço check-up a cada seis meses, toda vez há uma tensão e creio que será assim o resto da vida. Mas se estou bem hoje é porque eu fiz exames, descobri a doença e busquei tratamento. As mulheres não podem ter medo de fazer mamografia”. Priscila, que já era adepta da doutrina espírita, conta que ficou mais espiritualizada. “Crer fortalece, seja qual for a religião. A oração fortalece, a gente consegue melhor êxito no tratamento”, conclui.
Caminhada outubro rosa
Neste domingo (16) acontece a 7ª Caminhada Outubro Rosa, com saída às 11h em frente ao Aquário Municipal, na Ponta da Praia. A concentração é às 10h e os participantes caminharão até o Canal 7, retornando ao ponto de partida. Não é necessária inscrição prévia e o evento é aberto a qualquer interessado. A realização é da Prefeitura em parceria com o Instituto Neo Mama.
Pede-se aos caminhantes que compareçam usando camiseta rosa. Quem não tiver a peça, pode adquirir um kit (camiseta, esmalte, viseira e folheto explicativo) a R$ 3, vendido no local pelo Instituto Avon, com renda revertida para obras assistenciais.