Estamos vivendo o chamado espírito olímpico, com a chegada das inúmeras delegações das dezenas de países que vieram para participar da Rio 2016. Os problemas, como as águas poluídas da Baía da Guanabara ou os riscos para a segurança na cidade maravilhosa, começam a ser obscurecidos, com a alegria dos atletas e turistas que diariamente chegam ao país, pelos mais variados meios de transportes.
A presença de um navio, atracado no Porto do Rio de Janeiro para ser utilizado como hospedagem do time de ouro de basquete norte-americano, coloca também a atividade portuária dentro do noticiário olímpico nacional e internacional.
As apresentações das belas instalações do parque olímpico, bem como os novos sistemas de transporte público, em especial o VLT, completam o ambiente e cenário para as apresentações de uma possível nova Rio de Janeiro. O famoso legado olímpico é apresentado com uma série de instalações e infraestruturas que permanecerão disponíveis para a cidade e sua população, mesmo após a cerimônia de encerramento das Olimpíadas Rio 2016.
Um dos principais destaques deste famoso legado olímpico tem relações com a nossa cidade e região. Alguns podem estar pensando na implantação do VLT. Afinal, se no Rio de Janeiro os noticiários têm repetidamente apresentado o VLT, como a grande nova maravilha do transporte público no Rio de Janeiro, aqui em nossa região temos o VLT também circulando, mesmo que ainda de forma parcial, dando a impressão de que esta seria a grande relação que podemos atrelar entre nossas cidades – além, logicamente, da atividade portuária.
Mas, na realidade, creio que temos outro tema presente no Rio de Janeiro olímpico que devemos destacar para analisarmos o que aconteceu em nossa cidade recentemente. Ou melhor, o que não aconteceu em nossa cidade. Refiro-me ao programa de revitalização portuária “Porto Valongo”. Um programa que foi seguido pelas principais cidades portuárias do mundo e que demonstra, de forma clara, a maturidade nas relações cidade-porto.
A maioria dos portos do mundo tem utilizado os programas de revitalizações de antigas e tradicionais áreas portuárias, não mais adequadas para operações de cargas, como instrumentos culturais e turísticos, sinalizando para os respeitos mútuos entre as comunidades urbana e portuária.
Logicamente, a implantação de programas de revitalizações portuárias depende de alguns princípios e requisitos, para que se tornem realidades. Sobre tais questões poderemos aprofundar em outro momento.
Neste momento, no caso específico de Santos, é sobejamente conhecida a certeza de que a região histórica precisa de soluções adequadas para a Avenida Portuária, bem como para os antigos armazéns abandonados e em contínuo processo de demolição, pela atuação do tempo.
A realidade é que, com a presença do trânsito de caminhão naquela região, não haverá revitalização. E somente o denominado mergulhão resolverá a questão do caminhão.
Não podemos prejudicar ou inviabilizar a atividade portuária. Porém, precisamos garantir a urbanização integral do Centro Histórico de nossa cidade. O Rio de Janeiro também enfrentou este desafio, e com um agravante. Antes de implantar o mergulhão, precisou demolir uma grande extensão de via elevada.
Até quando vamos continuar convivendo com aquela região abandonada e sem utilização socialmente adequada? O país busca se recuperar desta crise econômica e, nestes momentos, os programas estratégicos precisam ser debatidos, definidos e priorizados. Vários estudos e projetos conceituais foram elaborados e precisam ser colocados na pauta novamente, para o bem da cidade e do porto.
Será que vamos precisar mudar o nome de Porto Valongo para Porto ou Santos Maravilha, para que tenhamos nosso programa de Revitalização Portuária viabilizado? O nome é o que menos importa. Precisamos, sim, lutar para viabilizarmos algo!