O jogador estava fatiado. O clube detinha 35% dos direitos, outros 35 pertenciam ao Fundo Doyen e os empresários de Geuvânio ficavam com os 30% restantes.
Do total de 11 milhões de euros da negociação, coube ao Santos, portanto, a quantia de R$ 17,16 milhões.
Só que a direção do Peixe pagou a um intermediário, a empresa Lets Goal Empreendimentos e Participações Ltda, uma comissão bem gorda, de R$ 2,94 milhões.
O Conselho Fiscal do Santos reprova a relação da direção do clube com esses intermediários. No caso da Lets Goal, um membro do CF testemunhou a reunião em que o negócio foi fechado e revelou que não havia nenhum representante da tal empresa naquele momento. As informações estão na análise do CF relativa ao balancete do primeiro trimestre deste ano e em reportagem postada no portal Terra na internet.
O presidente Modesto Roma Junior diz que é assim mesmo e que se não pagar comissão não vende nem compra jogador. “É a regra do jogo”, define Roma.
É evidente que a explicação não cola. É estapafúrdia. Não tem pé nem cabeça.
Que função desempenhou a empresa intermediária para que se justifique o pagamento de uma “comissão” de quase R$ 3 milhões, fatia de 17,13% do que o Peixe recebeu?
Para se ter uma referência, no mercado imobiliário, a lei determina que a taxa de corretagem na venda de um imóvel seja de 6%, que muitas vezes acaba sendo reduzida na negociação.
Será que o Fundo Doyen e os empresários do jogador também pagaram comissão? Ou só o clube concorda com esse tipo de achaque? Que contrato inclui essa taxa vampiresca?
É provável que se o juiz Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, perguntasse ao doleiro Alberto Youssef, ao ex-diretor da Petrobrás, Nestor Cerveró, ou ao deputado Eduardo Cunha o porquê das propinas, a resposta fosse exatamente igual à do presidente Modesto Roma Junior: “É a regra do jogo”.
É certeza também que se uma Operação Lava Jato for realizada no futebol brasileiro vai revelar um esquema tão podre e fedorento quanto o que foi desvendado na política, o da divisão das propinas.
E, aí, o distinto público vai entender a presença diária nos clubes de futebol de dirigentes não-remunerados, mas que ficam lá o dia todo.
É por amor ao clube? Ou a expectativa é participar da divisão de comissões gordas como essa que o Santos pagou à Lets Goal na negociação de Geuvânio?
Brasileirão
A 15ª rodada tem como grande atração o clássico entre Corinthians e São Paulo, no domingo, às 16h. O Timão, embalado, recebe o São Paulo, ainda na ressaca pela eliminação na Libertadores. No mesmo horário, o Palmeiras busca manter a liderança contra o Internacional, na reestreia do técnico Falcão, no Beira-Rio. O Peixe joga no sábado contra a Ponte Preta na Vila Belmiro, às 18h30. O jogo marca o retorno do atacante Ricardo Oliveira, que não atua desde a final do Paulistão.
Idas e vindas
Não bastasse a eliminação na Libertadores, o São Paulo também vai perder jogadores importantes para a sequência da temporada. Paulo Henrique Ganso está a caminho do Sevilla, da Espanha, enquanto o atacante Jonathan Calleri já se despediu oficialmente do Tricolor. Outro que deve deixar o clube é Alan Kardec. O São Paulo sonha com a contratação de Diego Tardelli, assim como o Corinthians. Gilberto, ex-Vasco, já foi apresentado.
Final inédita
Após marcar presença em nove finais consecutivas na Copa Libertadores da América, o futebol brasileiro vê pela terceira vez uma final sem representantes do país da principal competição da América do Sul. Desta vez, quem disputa a grande final é o ótimo time do Atlético Nacional, da Colômbia, que passou sem problemas pelo São Paulo. O outro finalista é o equatoriano Independiente del Valle, que tirou o tradicional Boca Juniors com autoridade. Passagem carimbada para a primeira final da história do clube com duas vitórias contra os argentinos.
Venda burra
Muitos torcedores do Santos estão contrariados com a venda do mando do jogo contra o Flamengo no Brasileirão. Entendem que jogar com o Fla em outro estado é inverter o mando de jogo, em função da presença nacional da torcida do adversário. E que o jogo é de seis pontos, contra um concorrente direto por uma vaga no G4.