Datas Comemorativas

E tudo começou no boteco…

18/06/2016
E tudo começou no boteco… | Jornal da Orla
Um dos bairros mais charmosos da cidade, sede de um comércio vigoroso e diversificado, o Gonzaga faz aniversário nesta terça-feira (21). Para efeitos formais, estaria completando 127 anos, que se refere à data da lei que formalizou como bairro a área compreendida entre a praia e as avenidas Bernardino de Campos (canal 2), Washington Luiz (canal 3) e Francisco Glicério. Mas a riqueza de sua história remonta a tempos mais antigos, época em que a maior parte dos santistas morava na região central (a “Cidade”) e se aventurava esporadicamente para vir à praia. Banho de mar, só se por recomendação médica. 
 
O bairro começou a se desenvolver com a operação de uma linha de bonde ligando o centro à orla. Neste contexto, um dos principais personagens era um comerciante bem humorado: o Gonzaga. 
Antônio Luiz Gonzaga, o personagem que dá nome ao bairro, foi um simpático comerciante que abriu o primeiro do bar de frente para a praia de Santos. O estabelecimento tornou-se referência para os passageiros da linha de bonde que ligava o centro da cidade à orla. “Vou descer no Gonzaga”, diziam. O boteco cresceu e passou a ser também uma pensão, com quartos para os banhistas. O comércio foi passado para frente e depois fechou. No lugar (esquina da avenida da praia com a rua Marcílio Dias) foi instalada a sede do Clube XV e hoje abriga uma agência da Caixa Econômica Federal.
 
Sabe de quem você está falando?
Eles estão presentes no cotidiano de quem mora, trabalha ou frequenta o Gonzaga. Mas muita gente desconhece quem foram os personagens que emprestam os nomes às vias do bairro. Conheça alguns deles:
 
Ana Costa (1857-1903)- Esposa de Casimiro Alberto Matias da Costa, proprietário de vários terrenos na região onde hoje é a Vila Mathias, com quem teve seis filhos. Foi a primeira via pública da cidade a receber iluminação pública elétrica.
 
Azevedo Sodré (1864-1929) – Irmão de Ana Costa, foi vereador e intendente de Santos.
 
Galeão Carvalhal (1859-1925)

Advogado, nascido em Salvador, foi um dos principais líderes do movimento abolicionista em Santos. Foi deputado estadual, federal e foi presidente do Conselho de Intendência entre 1891 e 1892, na época cargo equivalente ao do prefeito. No Cemitério do Paquetá, há um mausoléu com a imagem em tamanho natural de uma mulher debruçada sobre a sepultura, um casal de crianças e o busto dele.
 
Carlos Afonseca

Português,foi vereador, presidente da Câmara (1911-1912), prefeito (1914-1916), delegado de polícia, comerciante de café, diretor da Sociedade Portuguesa de Beneficência e do Clube XV.
 
Marcílio Dias

Marinheiro, foi herói da Batalha de Riachuelo (Guerra do Paraguai), travada em 11 de junho de 1865. Morreu abraçado à bandeira do Brasil. 
 
Euclides da Cunha

Jornalista, autor de “Os Sertões”, na qual descreve a Guerra de Canudos, um dos livros mais importantes da literatura brasileira, por seu rigor histórico e estilo artístico. Foi assassinado por Dilermando, amante de sua mulher, Ana Emília.
 
Deodoro da Fonseca – Marechal do Exército, comandou um golpe militar que destituiu o imperador D. Pedro II, em 15 de novembro de 1889, e instituiu a República. Assumiu um mandato de presidente provisório, que deveria durar até 1894.
 
Floriano Peixoto

Também Marechal, era o vice de Deodoro. Deu um golpe dentro do golpe e assumiu a presidência em 1891, ao comandar setores que consideravam Deodoro fraco. Ficou conhecido como “Marechal de Ferro” por suprimir revoltas com extrema violência.
 
Tolentino Filgueiras – Médico sanitarista, teve atuação decisiva no combate ao surto de febre amarela que atingiu Santos na última década do século 19 e os primeiros anos do século 20.
 
Fernão Dias (1608-1681)

Bandeirante paulista, comandou expedições em busca de  esmeraldas em Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Talvez tenha chegado até o Uruguai. Pelo caminho, matou e escravizou índios.
 
Othon Feliciano- Médico, foi um dos fundadores da Gota de Leite, em 1914, ocupando o cargo de diretor geral. Antes chamada de “Rua 274”, entre 1923 e 1964 a via tinha o nome de Aymorés.
 
Jorge Tibiriçá (1855-1928)

Nascido em Paris, doutor em Engenharia Agronômica e Filosofia, foi secretário estadual de Agricultura e governador de São Paulo, tendo se destacado pela defesa do setor cafeeiro.
 
Timbiras– Etnia indígena presente no Maranhão, mas acabou se popularizando na região Sudeste por conta da obra “Os Timbiras”, do poeta Gonçalves Dias, publicada na Alemanha em 1857. A pretensão do autor era fazer um épico brasileiro  à altura de “Os Lusíadas”, de Luís de Camões.
 
Goytacazes- Outra etnia indígena caiçara, isto é, que viviam no litoral brasileiro, mais precisamente onde hoje é o estado do Espírito Santo.
 
Símbolos do Gonzaga
 
Praça da Independência
Inaugurada para marcar o centenário da proclamação da Independência do Brasil, em 7 de setembro de 1922), a praça abriga um monumento em homenagem aos irmãos Andrada e Silva (José Bonifácio, Martim Francisco e Antônio Carlos). 
 
Idealizado pelo historiador Affonso d’Escragnolle Taunay, o projeto foi escolhido em um concurso público que tinha entre os jurados o pintor Benedicto Calixto. As esculturas foram feitas pelo francês Antoine Sartorio. 
 
Propositalmente de costas para o mar, e de frente para o interior, o monumento representa a emancipação do Brasil de Portugal, com representações de várias cenas históricas do processo de Independência em que os irmãos Andrada estiveram envolvidos. As escadarias simbolizam a sedimentação e a evolução do país após sua independência. 
 
Nos quatro cantos do monumento, há quatro rostos que ilustram etnias que compuseram o início da colonização brasileira: o índio, o branco, o mestiço (mameluco) e o branco (representado por um bandeirante).
 
Praça das Bandeiras- Localizada no fim da avenida Ana Costa, abriga mastros onde tremulam, permanentemente, as bandeiras de todos os estados brasileiros. Nela também está situada a Fonte 9 de Julho, inaugurada em 1936, para homenagear os combatentes da Revolução Constitucionalista de 1932.
 
Felinos no jardim– Quem nunca tirou ou levou uma criança para tirar uma foto sobre a escultura de um leão existente no jardim da praia do Gonzaga? Feita pelo artista plástico Sigismundo Fernandes, a obra está lá desde 10 de outubro de 1940. Já a “leoa” tem origem incerta até hoje (acredita-se que tenha sido confeccionada nas oficinas de esculturas do Instituto Escolástica Rosa. Chamado para opinar sobre a verdadeira espécie do animal, o veterinário Eduardo Filetti analisou a anatomia da estátua e concluiu: não é uma leoa, mas um jaguar.
 
Galerias- Inspirados em uma tendência surgida em Paris, no século 19, diversos prédios do bairro contam com galerias. O conceito é unir espaços residenciais e comerciais e, ao mesmo tempo, abrir novas passagens entre as vias. A primeira galeria do Gonzaga, a Ipiranga, foi inaugurada em 1964, no térreo de três edifícios geminados: D. Pedro I, D. Pedro II e Jose Bonifácio. Hoje, há mais cinco, próximas à Praça da Independência (Ipiranga, Queiroz Ferreira, Campos Elíseos, 5ª Avenida e Brasil (da rua Floriano Peixoto à rua Marechal Deodoro) e ainda a A.D. Moreira (entre a rua Floriano Peixoto e a  avenida Presidente Wilson) e a Nova Azevedo Sodré (liga a avenida Ana Costa à rua Bahia).
 
Shoppings- Uma das principais características do bairro é o seu pujante comércio. Além de lojas de rua dos mais diversos segmentos, uma das peculiaridades é a quantidade de shoppings centers: o primeiro, o Parque Balneário, foi inaugurado em 29 de novembro de 1977; o Miramar em 1988; e o Pátio Iporanga, em 2009. 
 
Cinemas- Do passado glorioso, quando ficou conhecida como “Cinelândia”, pouco ficou. Hoje, o Gonzaga possui apenas as salas de cinema do Roxy (na avenida Ana Costa e dentro do Pátio Iporanga), o Espaço Cultural Unibanco (no Miramar Shopping) e o Cine Arte Posto 4, no jardim da praia. Em tempos áureos, havia cinemas como Praia Palace, Indaiá, Alhambra, Iporanga,  Atlântico e Gonzaga.