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Vinho chr38 Bossa Nova: uma combinação perfeita

21/12/2015
Vinho chr38 Bossa Nova: uma combinação perfeita | Jornal da Orla
Algum tempo atrás, pesquisando na Internet, encontrei o blog “Vino Divino Vino”, de autoria de Elmano Marques, que num texto do ano de 2009, destaca a possível harmonização entre um bom vinho e a música.
 
No artigo, ele citou um interessante estudo científico feito pelo Dr. Adrian North, da Universidade Heriot Watt, de Edimburgo, na Escócia, denominado “Wine & Song: The Effect Of Background Music On The Taste Of Wine”.
 
A conclusão do estudo aponta que a música interfere na sensibilidade e percepção de características e nuances do vinho. E indica, também, que quando tomamos uma taça de vinho, escutando música, esta ação conjunta estimula a combinação dos sentidos no reconhecimento e recepção de estímulos sonoros, aumentando consideravelmente nossa capacidade para detectar aromas e sabores contidos em cada tipo de vinho. A pesquisa sugere uma infinidade de possibilidades sensoriais, unindo qualquer tipo de vinho a qualquer gênero musical. Seja o Jazz, o Rock, o Tango e principalmente a Bossa Nova, pela sua simplicidade e sofisticação. E, no referido blog, o autor fez uma interessante analogia da marca registrada da Bossa Nova, que é a voz & violão, com os vinhos de Sauvignon Blanc, encontrados na maioria das regiões produtoras, e como ele mesmo explica tecnicamente: “como fonte de frescor de fruta, potência e complexidade, quando não uma verdadeira sinfonia de aromas de frutos cítricos, exóticos e tropicais associados a ervas frescas”.
 
Reproduzo aqui as sugestões do “expert” em vinhos sobre os temas da Bossa Nova:  “Chega de Saudade” com João Gilberto (1959) harmoniza com o vinho de Sauvignon Blanc Trinity Hill, da Nova Zelândia (explosão de aromas de frutas tropicais com doçura e frescor); Já “Desafinado” com João Gilberto e Stan Getz (1964) harmoniza com o sul-africano Kunkani Lanner Hill (aromas intensos de maracujá e frutas cítricas); “Insensatez” com Rosa Passos e Ron Carter (2003) harmoniza com o ícone chileno Casa Marin Sauvignon Blanc Cypress (considerado um dos melhores vinhos brancos do Chile); Wave com João Gilberto (1977) harmoniza com o vinho francês Sauvignon Charton La Fleur Blanc; Já os temas “Samba De Uma Nota Só” com Nara Leão, “Minha Namorada” com Os Cariocas e “Eu e a Brisa” com Johnny Alf pedem a harmonização com o vinho francês Pouilly-Fumé Les Logères (com um saboroso toque cítrico e sofisticado e marcante presença mineral). E, para encerrar a lista de músicas, “Balanço Zona Sul” com Zimbo Trio, “Ela é Carioca” com Sérgio Mendes e Sexteto Bossa Rio e “Samba do Avião” com Eumir Deodato harmonizam com os maravilhosos vinhos Sauvignon Blanc Claude Bay, Palliser Estate, Sanctuary, Whiter Hills e Hunter’s, todos da Nova Zelândia.
 
Agora só falta você fazer a prazerosa experiência de ouvir estes clássicos da Bossa Nova, degustando os vinhos sugeridos.
 
Prova de que a música influencia a forma de como você sente o sabor do vinho e que também pode mudar seu estado de espírito. Então, concluo que a harmonização está diretamente ligada ao seu sentimento, ao momento que você vive e tudo o que está à sua volta no exato instante em que o vinho é apreciado. Eu vivenciei intensamente esta experiência e recomendo a sugestão. Uma combinação perfeita.
 
Aproveito para desejar a todos os leitores da coluna um Feliz Natal,  repleto de Paz e Harmonia.
 
 
“Bebel Gilberto In Rio”
 
 
“Filho de peixe, peixinho é”, assim posso definir a cantora e compositora Bebel Gilberto, que é filha dos brasileiríssimos João Gilberto e Miúcha e sobrinha de Chico Buarque.
 
Nascida nos Estados Unidos, em Nova York, ela durante muitos anos dividiu seus dias de vida entre os bairros de Manhattan e Ipanema e muito cedo começou na música.
 
Também pudera, foram muitas as influências familiares. Acaba de lançar pelo selo próprio Bebelucha, distribuído pela gravadora Biscoito Fino, no formato DVD e CD, ambos com 17 faixas, um registro ao vivo, que foi gravado no dia 5 de dezembro de 2012, em um grande palco montado ao ar livre na pedra do Arpoador, diante do mar de Ipanema, um dos mais belos cartões-postais do Rio de Janeiro e que teve a direção de Gringo Cardia.
 
Você vai ouvir belas músicas e assistir às imagens sensacionais.
 
O local foi estrategicamente escolhido, pois ali a cantora cresceu e colecionou histórias maravilhosas. E como ela mesma afirma, o seu coração continua no Rio de Janeiro e a sua cabeça em Nova York.
 
Na carreira já atingiu a marca de mais de 2,5 milhões de discos vendidos, fazendo sucesso no mundo inteiro com a sua Bossa Nova revitalizada, cantando em português e em inglês.
 
O repertório deste trabalho traz todas as músicas de seu primeiro álbum e de seus outros trabalhos, uma versão atualizada muito bonita de “Preciso Dizer Que Te Amo”, “Bananeira”, “Samba da Bênção”, “So Nice (Samba de Verão)” e as suas composições, “Mais Feliz”, “Tanto Tempo”, “Close You Eyes” e um dueto extra, gravado em estúdio, ao lado de Chico Buarque em “Samba e Amor”.
 
Os músicos que a acompanharam foram Masa Shimizu no violão e contrabaixo, Jorge Continentino nos sopros e violão, John Roggie nos teclados, Sacha Amback nos teclados, Magrus Borges na bateria e Marcos Suzano na percussão.
 
Uma grande celebração da carreira desta americana bem brasileira.
 
Marcos Valle & Stacey Kent  – “Ao Vivo”
 
 
Quando o CD foi lançado, Marcos Valle estava comemorando 50 anos de carreira, como um dos principais intérpretes e compositores da Bossa Nova, sempre com uma jovialidade surpreendente.
 
Já a incrível e simpática Stacey Kent apareceu na cena jazzística no ano de 1997 e logo despontou como uma das cantoras mais talentosas que surgiram nos últimos anos, sempre demonstrando em seus trabalhos uma grande admiração pelo Brasil.
 
Eles se admiravam musicalmente a distância, há muitos anos, e quis a vida que um dia se unissem para apresentações no mesmo palco.
 
Encontraram-se pela primeira vez aqui no Brasil para um projeto musical que marcou as comemorações dos 80 anos do Cristo Redentor em 2011 e depois, no ano seguinte, para outro projeto, desta vez com quatro apresentações e a química musical que compartilharam foi mágica e imediata.
 
Deu tão certo, que resolveram gravar um disco juntos, registrado nesta temporada nas apresentações feitas no Rio de Janeiro, no palco da casa Miranda e lançado pelo selo Sony Music.
 
O disco ganhou uma sonoridade mais jazzística, reforçando a versatilidade da música de Marcos Valle, que ganhou uma interpretação suave e cheia de emoção de Stacey Kent.
 
Destaco as inéditas “Drift Away” e “La Petite Valse” e as revigoradas releituras de “Summer Samba”, “If You Went Away”, “Batucada” e “The Face I Love”, com um belo solo do marido de Stacey o saxofonista Jim Tomlinson, com nítidas citações de Stan Getz .
 
A banda foi formada por Luiz Brasil  no violão, Alberto Continentino no contrabaixo, Renato Massa na bateria, Jessé Sadoc no trompete e flugelhorn, Marcelo Martins no sax e flauta, Aldivas Ayres no trombone, além de Marcos Valle no piano. Como é prazeroso ouvir a Bossa Nova incorporada ao Jazz, numa mescla única e perfeita.
 
CD indispensável e obrigatório que vai ganhar em 2016 uma versão em DVD. Que maravilha ouvir e desfrutar.