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Vem aí o Rio-Santos Bossa Fest 2016

14/12/2015
Vem aí o Rio-Santos Bossa Fest 2016 | Jornal da Orla
O objetivo principal do “Rio-Santos Bossa Fest 2016” é trazer entretenimento para o público da região, através de um estilo que é um dos principais alicerces da música popular brasileira, que é a Bossa Nova.
 
De forma acessível e com entrada gratuita, o público será incentivado a se integrar à música e ao ritmo, promovendo uma agradável confraternização entre os participantes.
 
O Festival será dividido em dois dias, com 4 atrações no total, sendo duas apresentações por dia, todas brasileiras, de artistas de alto gabarito e reconhecidos no exterior, das cidades do Rio de Janeiro, considerada co-mo o berço da Bossa Nova e de Santos, mostrarão com muita propriedade um repertório especial de canções de grandes compositores e intérpretes do gênero.
 
Acontecerá nos dias 24 e 25 de janeiro de 2016, no Teatro Guarany, localizado no Centro Histórico de Santos.
 
As atrações: palestra “Caminhos Cruzados: João Gilberto e Tom Jobim” com o Zuza Homem de Mello, musicólogo, jornalista e produtor musical e os shows musicais de Rita Lima & Banda, Sonia Rocha Willcox & Banda, tendo como convidada especial Kika Willcox e o grupo No Olho da Rua ao lado da cantora Cris Delanno.
 
Além de levar ao público o melhor da produção brasileira da Bossa Nova, o Festival também irá fazer parte das comemorações do Dia Nacional e Municipal da Bossa Nova, comemorados sempre em 25 de janeiro.
 
A data que celebra o Dia Nacional da Bossa Nova foi criada através da Lei federal no. 11.926, de 17 de abril de 2009, inspirada no dia de nascimento de Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, dia 25 de janeiro.
 
Em Santos, foi instituída através de Lei Municipal no. 2.972, de 14 de março de 2014, inspirada num pedido que fiz diretamente ao nobre Vereador Douglas Gonçalves, que inclui no Calendário Oficial do Município, a Semana da Bossa Nova, comemorada sempre de 19 a 25 de janeiro.
 
A Bossa Nova que pode ser definida simplesmente como a forma de execução do samba (harmonias, arranjos, acordes, colocações vocais, seleção e comportamento instrumental), teve seu marco inicial em 10 de julho de 10958, quando o cantor e violonista João Gilberto gravou o 78 rpm “Chega de Saudade”, composição de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, no estúdio da gravadora Odeon, na Cinelândia, no Rio de Janeiro.
 
Historicamente e com vários registros documentais, constata-se que quase ao mesmo tempo em que nascia o gênero no Rio de janeiro, a cidade de Santos também cultivava centros criativos para que compositores se manifestassem dentro do mesmo ambiente cultural e musical.
 
As cidades do Rio de Janeiro e Santos andaram juntas no desenvolvimento do gênero, o que o público em geral desconhece. Além de compartilhar este desenvolvimento musical, as cidades compartilham cultura, hábitos, costumes e geografia muito similares.
 
A proposta do Festival é trazer ao público santista o encontro e o intercâmbio de músicos, compositores, intérpretes e artistas locais com os da cidade do Rio de Janeiro, onde a Bossa Nova nasceu.
 
 
Antonio Carlos Jobim – “The Composer Plays”
 
 
A primeira vez que ouvi este disco foi quando tinha 14 anos, ainda no formato LP, e tenho que confessar que nunca me esqueci da sonoridade mágica das suas 12 faixas instrumentais.
 
É um dos trabalhos de Tom que mais gosto. Na verdade, sou suspeito, pois toda a discografia do maestro é perfeita e inquestionável para mim.
 
Este disco foi lançado originalmente em 1963, pela gravadora americana Verve, e foi o primeiro trabalho de Tom Jobim lançado no Estados Unidos (na época em que a Bossa Nova estava em alta por lá, e contou com a produção do genial Creed Taylor, que apresentou e recomendou a participação do também genial arranjador alemão Claus Ogerman.
 
Os solistas principais: Leo Wright na flauta, Jimmy Cleveland no trombone, George Duvivier no contrabaixo, Edison Machado impecável na bateria, uma imposição de Tom, para preservar a nossa batida exclusiva e uma orquestra de cordas afinadíssima.
 
O resultado musical foi perfeito e dessa parceria com Ogerman nasceu uma afinidade/amizade que durou 17 anos (1963 – 1980), possibilitando a realização de vários discos primorosos.
 
Não tenho dúvidas de afirmar que Claus Ogerman tornou-se o arranjador predileto de Tom, afinal foi com quem ele mais trabalhou ao longo da sua carreira.
 
Em 1964, o mesmo disco foi lançado no Brasil pela gravadora Elenco, com o título “Antonio Carlos Jobim”, inclusive com uma capa diferente da original.
 
Não deixe de ouvir este trabalho único e definitivo de Tom Jobim, hoje já disponível em formato de CD, totalmente remasterizado. Garanto que será amor à primeira vista, ou melhor, amor à primeira audição.
 
 
Jobim – “Antonio Brasileiro”
 
 
Antonio Brasileiro foi o último trabalho de Antonio Carlos Jobim. Um verdadeiro testamento musical de um artista acima da média e sem comparações.
 
Curiosamente foi lançado no mercado com 12 faixas, alguns dias depois da sua morte, tornando-se sucesso de crítica e de público.
 
Não por essa razão, pois o trabalho é memorável e com várias surpresas muito agradáveis e marcantes, reforçando toda a universalidade de Tom Jobim.
 
A primeira surpresa que destaco foi a gravação de “Insensatez” ao lado de Sting, contando também com a participação do contrabaixista Ron Carter.
 
Também “Samba de Maria Luiza” e “Forever Green”, que contaram com a participação muito especial da sua filha caçula Maria Luiza, que encantou e não desafinou, mesmo sendo uma garotinha de apenas 7 anos na época da gravação.
 
E mais o acréscimo na Banda Nova, do seu neto Daniel, na época com 21 anos, que assina também a produção do disco ao lado do pai, Paulo Jobim, além de tocar os teclados em 2 faixas.
 
Para encerrar, “Blue Train”, ou para nós brasileiros simplesmente “Trem Azul”, numa versão de emocionar, que contou com um solo mágico do flugelhorn do também saudoso Marcio Montarroyos e o inspiradíssimo tema instrumental “Radamés & Pelé”.
 
Merece destaque o reforço de 8 violinos, 2 violas, 2 cellos, 2 trompas, o clarinete de Edu Morelenbaum, a guitarra de Pedro Sá, a percussão do genial Duduka da Fonseca e os trombones de Raul de Souza e Vittor Santos, que, pela qualidade do disco, renderam ao trabalho postumamente um Disco de Ouro e um Grammy.
 
É um daqueles discos que não cansamos de ouvir e que marcou em alto estilo a despedida do nosso querido e eterno maestro.
 
É para sempre Tom !!! Saudades !!!