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DVD: United Kingdom of Ipanema

13/10/2015
DVD: United Kingdom of Ipanema | Jornal da Orla
O guitarrista inglês Andy Summers fez parte de um dos mais importantes grupos de Pop Rock das décadas de 70 e 80, o The Police, ao lado do contrabaixista e cantor Sting e do baterista Stewart Copeland. Um trio fenomenal que fez história e marcou toda uma geração de fãs e, até os dias de hoje, o grupo continua sendo cultuado pela sua sonoridade. Dono de um estilo elegante, Andy Summers é um apaixonado pelo Jazz e pela música do Brasil, especialmente a Bossa Nova. A primeira gravação que o encantou foi “Manhã de Carnaval”.

Esteve por aqui em diversas ocasiões e sempre marcou suas passagens com shows e gravações de discos ao lado de artistas brasileiros e também participações em DVDs.  Hoje vou destacar o DVD “United Kingdom Of Ipanema”, registro maravilhoso feito no Rio de Janeiro que reuniu Roberto Menescal e Andy Summers, gravado no ano de 2008 e lançado pelo selo Musickeria, que hoje virou um produto raro e muito difícil de ser encontrado.

 
O DVD já vale somente pelos “extras” e lá você vai poder conferir um bate-papo muito descontraído entre Menescal, Summers, o saudoso Pery Ribeiro, Marcos Valle e Leila Pinheiro, que cantaram e conversaram sobre as músicas da Bossa Nova. A gravação foi feita no apartamento que pertenceu à cantora Nara Leão (Edifício Champs Élysées localizado na Av. Atlântica no. 2856 – 3º. Andar, de frente para o mar na praia de Copacabana), exatamente no mesmo local, onde noite após noite, se reuniam para cantar e tocar, Menescal, Carlos Lyra, Chico Feitosa, os irmãos Castro Neves e Ronaldo Bôscoli, que era o líder da turma. Ao ver as imagens é impossível não se emocionar. E você vai poder conhecer onde funcionava o Quartel-General da Bossa Nova. E o DVD contou também as participações espaciais do grupo Bossacucanova, Cristina Braga, Fernanda Takai e Luiz Carlos Miele.

E até recomendo que você primeiro assista aos “extras” e depois assista ao show. Tenho certeza de que você não vai se arrepender. A parte musical também é de altíssimo nível e reuniu Summers e Menescal nos violões, a competente cantora de timbre forte e envolvente Cris Delanno, Adriano Giffoni no contrabaixo, João Cortês na bateria e Adriano Souza no piano. O repertório escolhido a duas cabeças apresentou, numa levada “bossanovista”, os clássicos do The Police, “Roxanne”, “Every Breath You Take” e “Message In A Bottle”. E mais, “Manhã de Carnaval” (tema preferido de Summers), “Samba do Avião”, “Garota de Ipanema”, “Barquinho”, “Bye Bye Brasil”, “Samba de Verão”, “Chega de Saudade”, “Só Danço Samba”, entre outros que marcaram a Bossa Nova.

 
Apesar de escolas musicais muito diferentes, a reunião de Menescal com Summers mostra que a música não tem barreiras e pode aproximar magicamente culturas muito diferentes. No show podemos ver que a sintonia e a integração de ambos é absolutamente mágica.
 
 
Toots Thielemans & Elis Regina – “Aquarela do Brasil”
 
 
A cantora Elis Regina dispensa comentários. Foi única e incomparável. No ano de 1969, na Suécia, se encontrou com outro gênio da música: o gaitista e guitarrista belga Toots Thielemans e juntos gravaram “Aquarela do Brasil”, um disco delicioso e que emana muita alegria. Foi lançado no formato de CD no ano de 1998, pelo selo Polygram, e o considero como um dos discos mais expressivos de Elis e apesar de ter sido gravado há muitos anos, ouvindo o disco hoje, constatamos que sonoridade do trabalho é bastante atual. Foi gravado com muita neve e frio na cidade de Estocolmo, mas o resultado final ficou quente e marcou profundamente a carreira de ambos.
 
Na cozinha musical, Antonio Adolfo no piano, Roberto Menescal na guitarra e violão, Jurandir Meirelles no contrabaixo, Wilson das Neves na bateria e Hermes Contesini na percussão.
 
Chamam à atenção os temas instrumentais “Five for Elis”, tema composto por Toots em homenagem à sua parceira e “Honeysuckle Rose”, onde ele toca gaita, guitarra e assovia. Simplesmente, sensacionais os seus solos.
 
E, mais, “Aquarela do Brasil”, “Wave”, “Canto de Ossanha”, “Visão”, “Wilsamba”, “Você” e “O Sonho”, onde Elis dá um verdadeiro show de interpretação . Um encontro gostoso de Elis Regina com a Bossa Nova e ali podemos sentir sua juventude, energia e vitalidade. E penso que desta forma é que devemos nos lembrar dela, com alegria e muitas, muitas às saudades.
 
O jornalista sueco Oscar Heldlund, que esteve presente as gravações, nas notas sobre o disco escreveu: “Porém a música é uma constante condição de extremos. E seu mistério não pode nem deve ser resolvido. Entre outras coisas, o mistério de duas pessoas que nunca se viram antes fazerem música juntos numa harmonia tão completa”. Ele conseguiu explicar de forma muito feliz e inspirada, o que foi este raro encontro musical.
 
 
Chico Pinheiro & Anthony Wilson – “Nova”
 
 
Guitarra e violão. Estados Unidos e Brasil, unidos por um bom propósito: a boa música.
 
O violonista, guitarrista, arranjador e compositor paulista Chico Pinheiro, um dos nomes mais expressivos e criativos da nova geração de músicos do país, encontrou com o guitarrista de Jazz americano, Anthony Wilson, que nos últimos anos tem acompanhado a pianista e cantora canadense Diana Krall. Lançaram, no ano de 2007, o CD “Nova” pelo selo independente Buriti, e o repertório de doze temas conta com uma mistura bem equilibrada do Jazz, Bossa Nova, Samba e ritmos latinos.
 
Conseguiram realizar a proeza de reunir uma dezena de músicos talentosos e convidados especiais como Ivan Lins, Cesar Camargo Mariano, Dori Caymmi e Armando Marçal.
 
Anthony Wilson é curiosamente um apaixonado pela música brasileira e quando conheceu o trabalho de Chico Pinheiro, numa de suas constantes vindas ao nosso país, o convidou para registrarem em estúdio suas afinidades musicais.
 
O repertório traz composições autorais e de outros compositores e seleciono como destaques “Café com Pão”, “Laranjeiras”, o samba jazz contagiante de “Cuba”, a faixa título “Nova”, “Two Fives” e “Requebre Que Eu Dou um Doce”.
 
A musicalidade da dupla é absurda e apesar de mundos e, linguagens diferentes, eles conseguiram realizar um trabalho de extremo bom gosto e com muita naturalidade.