Digital Jazz

Desenhos animados e o Jazz

28/09/2015
Desenhos animados e o Jazz | Jornal da Orla
A sugestão da coluna desta semana foi dada algum tempo atrás pelos meus queridos amigos e parceiros da New Site Brasil, empresa que desenvolve o site da Rádio Jornal da Orla/Digital Jazz, César Farkas, Wilton Junior e Fabiano Luiz.
 
Uma lembrança muito pertinente em razão da existência de inúmeros desenhos animados que têm o Jazz como trilha sonora das suas aberturas e dos seus principais episódios.
 
Pensando sobre o assunto, me lembrei dos desenhos do Charlie Brown, Os Simpsons, Betty Boop, Du, Dudu e Edu, Tom e Jerry, Os Jetsons, Manda Chuva, Os Flinstones, A Pantera Cor de Rosa, Família da Pesada e Padrinhos Mágicos entre tantos outros. São muitos, não é mesmo. E com grande qualidade musical.
 
Os estúdios Disney, Hanna Barbera, Walter Lantz, Warner Bros., Universal e MGM, desde as décadas de 30 e 40 ofereciam o Jazz como parte integrante das suas histórias, onde podemos encontrar belos registros musicais. E nas décadas seguintes também.
 
Ouso dizer que, graças aos desenhos animados, várias gerações de fãs do Jazz foram formadas. Num primeiro momento subliminarmente e depois anos mais tarde com a efetiva descoberta do gênero por conta própria.
 
Como muitos destes desenhos animados ainda são exibidos atualmente nos canais abertos e nos canais segmentados para crianças na TV a cabo, posso afirmar que ainda teremos muitas crianças sendo formadas e iniciadas ao som do Jazz. Que sorte a delas e de todos nós.
 
Cito uma das cenas mais marcantes nos desenhos animados, aquela da Betty Boop, dançando ao som do tema clássico “Minnie The Moocher”, de Cab Calloway (1931).
 
Outra turma jazzista é a do simpático Charlie Brown ao lado de seus amigos Linus e Snoopy, que desfrutaram do jazz na maioria dos seus episódios, compostos pelo pianista Vince Guaraldi.
 
E destaco também as trilhas de abertura dos desenhos do esperto Manda Chuva e a do bonachão Fred Flinstone, que tiveram clássicos da Era do Swing executados por afinadas Big Bands. E, mais recentemente, me chamou a atenção a abertura do desenho do Du, Dudu e Edu, com um alucinante boogie woogie.
 
Pesquise e ouça as trilhas dos seus desenhos favoritos e não se surpreenda por descobrir grandes afinidades com o Jazz.
 
 
Antonia Adnet – “Tem + Boogie Woogie no Samba”
 
 
Ela é jovem, muito talentosa e tem no sobrenome o legado de uma família muito musical. Ela é filha de Mario Adnet, violonista, compositor, produtor e arranjador carioca, que tem excelentes trabalhos lançados no mercado nacional e internacional.
 
De forma criativa e arrojada ela resolveu selecionar alguns sambas brasileiros, que tiveram, entre as décadas de 30 e 50, influência do Jazz, mais precisamente do Boogie Woogie, seu subgênero mais dançante e divertido.
 
A inspiração deste seu terceiro CD como líder, lançado pelo selo Biscoito Fino com 12 faixas, veio do trabalho do próprio pai, “Samba Meets Boogie Woogie”, lançado no ano de 2008, apenas no exterior, mais precisamente nos Estados Unidos e Canadá. Ela aproveitou grande parte do trabalho minucioso de pesquisa musical que havia sido feito pelo seu pai e incorporou algumas outras novidades.
 
Antonia canta e toca violão com muita propriedade e talento e teve a companhia de Jorge Helder no contrabaixo, Rodrigo Campelo na guitarra e violão, Marcos Nimrichter no piano, Antonio Neves na bateria, Armando Marçal na percussão, além de um time afinadíssimo de metais, todos dirigidos pelo competente maestro Mario Adnet, que atacou no violão em algumas faixas. Os vocais de integrantes da família com Mario, Chico, Joana e Muiza Adnet merecem grande destaque. E, para encerrar, as participações especiais de Roberta Sá, João Cavalcanti, Pedro Paulo Malta e Alfredo Del-Penho, que também auxiliou na pesquisa de repertório.
 
Os temas “Chiclete com Banana”, “Eu Quero Um Samba”, “Joãozinho Boa Pinta”, “O Que É Que Tem?”, “Tintim Por Tintim”, “Pra Que Discutir Com Madame” e “Adeus América’ são os meus destaques.
 
Arranjos elegantes, um time de músicos de primeira, além da sua voz doce e afinada dão ao CD um frescor ainda mais marcante. E definem musicalmente o que viria mais adiante, com a chegada da Bossa Nova. Viva a mistura de ritmos e influências.
 
 
Duo Taufic – “Todas as Cores”
 
 
Uma das sonoridades mais incríveis, que pude ouvir nos últimos tempos, encontrei neste CD independente que registrou em estúdio a reunião especial destes dois talentosos irmãos, o pianista Eduardo e o violonista Roberto Taufic, propagadores da genuína Música Instrumental Brasileira.
 
Eles se reuniram pela primeira vez no ano de 2008, quando lançaram o primeiro DVD e este é o segundo CD lançado pela dupla de irmãos e foi gravado em apenas dois dias no Blue Spirit Studios, localizado na cidade de Milão, Itália.
 
Merece destaque a sonoridade cristalina do áudio que registrou os dois instrumentos piano e violão, que surpreende a cada faixa que escutamos.
 
Para ter uma ideia da importância do CD, os textos de todas as músicas, que estão no encarte do disco, foram assinados com a precisão e todo o conhecimento técnico do pianista e compositor Egberto Gismonti, que referendou o trabalho da dupla.
 
Eduardo mora em Natal/RN e Roberto vive a maior parte do tempo do ano na Europa, mais precisamente na Itália e no próximo mês eles partem para uma concorrida turnê pelo Brasil, que já tem confirmadas as cidades de Fortaleza, Natal, Recife, Londrina e Maringá. Infelizmente, por enquanto, nada agendado para as cidades de São Paulo e Santos. Estamos tentando e quem sabe em breve conseguimos reverter este quadro, pois o show deles ao vivo é sensacional.
 
Meus destaques ficam por conta das composições autorais “Ciranda de Sonhos”, “Maxixando”, “O Mar nos Teus Olhos”, “Frevando”, “Belo Monte”, “Baticumbando”, “Reflexão”, a faixa título do CD “Todas as Cores” e as inspiradas releituras de “Chega de Saudade” e “Upa Neguinho”.
 
As baladas românticas, as valsas e os temas mais vibrantes são sempre pontuados com citações do Jazz, da Bossa Nova, do Maxixe e do Choro.
 
O diálogo musical da dupla impressiona pela grande sensibilidade, bom gosto e pela mistura de ritmos, influências, timbres, bons sentimentos e improvisos de tirar o fôlego.  Os caras são feras e brasileiros, com muito orgulho. Levam nossa música para todas as partes do planeta. Ainda temos saída. Acredite !!!