Que a cidade do Rio de Janeiro é uma das cidades mais belas do mundo, isso não é nenhuma novidade. Afinal, além de sua privilegiada geografia, de suas belezas naturais, sua gente bonita, alegre e onde a música sempre se inspira em canções. É uma cidade extremamente musical e uma das mais culturais do nosso país.
Em 2010, foi lançado um projeto inédito em vídeo (com altíssima definição) nos formatos Blu Ray e DVD, numa parceria entre a empresa Helinews, do Comandante Ricardo Malagutti (que idealizou e executou o projeto no seu próprio helicóptero), a Música Fabril do renomado produtor musical Max Pierre, e a EMI Music, mostrando em imagens aéreas, o que a cidade do Rio tem de melhor, além de várias outras cidades importantes do Estado do Rio de Janeiro.
E, para viabilizar a ideia, foi constatada numa conversa entre Malagutti e Max Pierre, a necessidade da criação de temas musicais exclusivos para dar unidade e estilo ao projeto. Foi aí então que convidaram o guitarrista, compositor e produtor Ricardo Silveira e o pianista e tecladista Ricardo Leão (perfeitos nas interpretações), para que juntos cuidassem da trilha sonora original de “Rio in HD”. Tudo ficou simplesmente maravilhoso e complementou magicamente as imagens lindíssimas colhidas e que foram cuidadosamente editadas.
Todos os temas são inéditos, exceto o tema de abertura, “Aquarela do Brasil” (de Ary Barroso), executados pela dupla Silveira e Leão, contando com a companhia dos músicos Jessé Sadoc no flugelhorn e trompete, Marcelo Martins no sax tenor e flauta e Zé Canuto no sax alto e flauta.
Desta forma, as opções musicais se ampliaram, e podemos ver e principalmente ouvir composições muito inspiradas com nítidas influências da Bossa Nova, do Jazz, do Choro e da música New Age, com o melhor da música instrumental. Uma verdadeira viagem nas imagens e nos timbres sonoros.
Você vai poder conferir imagens em alta definição do Cristo Redentor, Pão de Açúcar, as praias e os bairros de Ipanema, Leblon, Copacabana, a Lagoa Rodrigo de Freitas, São Conrado, Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes e também Ilha Grande, Búzios, Cabo Frio, Saquarema, Angra dos Reis, Petrópolis e Teresópolis.
A trilha sonora é uma verdadeira e inspirada declaração de amor à região que todos os envolvidos escolheram para viver. E nos deixa com uma vontade muito grande de irá para aqueles lugares correndo, ou melhor, voando.
Não tinha como dar errado e, para nossa sorte, a dupla idealizadora já pensa em outros projetos. Vamos aguardar. Enquanto isso, só nos resta voar e viajar na sua inspirada trilha sonora.
Leo Gandelman – “Vip Vop”
O nome do trabalho autoral (independente e de estúdio) do saxofonista Leo Gandelman, que considero um dos sopros mais marcantes da nossa música, é bastante sugestivo. Faz alusão aos termos “Very Important People” – Vip e “Very Ordinary People” – Vop, muito usados, para designar as pessoas.
Leo, além de músico, é produtor, arranjador, compositor e é considerado um dos artistas mais requisitados da cena musical. Por isso, consegue transitar sem nenhum problema pelo Jazz, MPB, Pop e a Música Clássica. Um músico completo, versátil, sensível e muito talentoso.
“Vip Vop” é um trabalho feito com muito critério e absoluta qualidade, dando ênfase principalmente ao repertório instrumental da Bossa Nova e do Samba Jazz, que ganharam, nos dias atuais, muito espaço e vários lançamentos, perpetuando sua importância aqui no Brasil e também pelo mundo afora.
Estes gêneros influenciaram e inspiraram Leo Gandelman e seu parceiro pianista, David Feldman, nas composições do disco, pois podemos encontrar em todos os 10 temas do CD, lançado pelo selo Sax Samba (de Leo), pitadas da sonoridade do final da década de 50 e início da década de 60. Ganhou também uma bela versão em DVD, num show gravado ao vivo no Teatro Municipal de Niterói, curiosamente todo em preto e branco. Outra, bela dobradinha musical.
Destaco as faixas “Sinal Vermelho” e “Nego Tá Sabendo”, com uma levada bem brasileira, as baladas “Luz Azul” e “Neshama” e também os lindos temas “Lançamento”, “Numa Boa” e “Camisa 7”.
Na parte dos músicos, as participações do seu grande parceiro David Feldman no piano, Alberto Continentino no contrabaixo, Renato Massa na bateria e a presença especial em algumas faixas do disco de Serginho Trombone no trombone, Guto Wirti no contrabaixo, Rafael Barata na bateria e Sidinho Moreira na percussão.
E, como muito bem definiu Leo Gandelman sobre o seu trabalho “Vip Vop”, que pode ser considerado “sofisticado e descomplicado”. Recomendado para você que curte o melhor da Música Instrumental Brasileira.
João Parahyba – “O Samba no Balanço do Jazz”
O talentoso percussionista, baterista, compositor e produtor, também é um dos nomes mais respeitados da nossa MPB. Por muitos anos participou com a sua “timba” (surdo de mão) ritmada do famoso Trio Mocotó e, na carreira de mais de 40 anos, acompanhou vários dos grandes nomes da nossa música. Só para citar alguns deles: Jorge Benjor, Ivan Lins, Toquinho e Vinícius, Chico Buarque, Milton Nascimento e Cesar Camargo Mariano.
Também resolveu em seu último trabalho, lançado pelo selo Sesc, fazer uma releitura da sonoridade do Samba Jazz, ao lado de um sexteto bem afinado. Outra bela e muito bem recomendada homenagem ao gênero.
A produção do disco foi assinada por Roy Cicala, que, entre tantos trabalhos, foi responsável pelo disco “Imagine” de John Lennon e de alguns trabalhos ao lado de Frank Sinatra. Um nome de peso participando do projeto.
O repertório passeia por algumas de suas composições e pelos clássicos de Villa-Lobos, Moacir Santos, João Donato, Maurício Einhorn, Durval Ferreira, Laércio de Freitas, Amilton Godoy entre outros.
Destaco os temas “O Trenzinho Caipira” (numa levada digna de uma locomotiva rítmica), “Nanã”, “Sambou, Sambou”, “Number One”, “Búzios”, e “Batida Diferente/Estamos Aí”, numa versão sensacional.
Seus parceiros de estúdio foram Giba Pinto no contrabaixo, Rudy Arnaut na guitarra, Marcos Romera piano, Teco Cardoso no sax e flauta e as participações especiais de Tiago Costa no piano e Clayber de Souza na gaita, entre outros.
A sua “performance” une ritmos tradicionais, como o Jazz, o Samba, ritmos afro-brasileiros, folclore a sonoridades contemporâneas (sequencers, baterias eletrônicas e computadores).
O Samba Jazz agradece por ter sido muito bem representado e homenageado pela levada ritmada e bem brasileira de João Parahyba.