Santos está entre as cidades mais “nerds” do Brasil, segundo pesquisa recente. Os números comprovam: ano passado, o “Nerd Cine Fest Santos” atraiu 4 mil pessoas. Em 2015, o sucesso promete ser maior, com ampla programação e sessões gratuitas no Cine Roxy 4, do Pátio Iporanga, sempre às 21h, – segunda, com “Interestelar”, e terça, com “Corrente do Mal”, que é sensação nos Estados Unidos. ANDRÉ AZENHA, crítico de cinema do portal G1 e um dos idealizadores da iniciativa, esclarece o fenômeno.
As culturas “nerd” e “geek” invadiram, mesmo, a cidade de Santos?
Sim, sempre tivemos fãs de quadrinhos, games, etc.. Mas era algo mais segmentado. De uns anos para cá, essa cultura se popularizou. Quem não se sentia à vontade perdeu a timidez e passou a se mostrar. O cinema teve papel fundamental nessa difusão.
Em 2014, o “Nerd Cine” recebeu 4 mil pessoas em uma semana. Santos estava carente de eventos assim?
Santos sempre teve vocação para cinema e existem outros eventos voltados a animes e quadrinhos. O “Nerd Cine” é um festival de cinema diferente e, por isso, as pessoas abraçaram.
Antes ser “nerd” e “geek” era sinônimo de bullying. Hoje, é possível dizer que existe um orgulho de fazer parte destas tribos?
Sim, existe até o “Dia da Toalha”, que seria o “Dia do Nerd” e faz referência ao livro “Guia do Mochileiro das Galáxias”. Hoje ser “nerd” é ser “cool”, mas preferimos não nos ater a rótulos: o festival é para todos.
É uma maneira de dizer: “não tem problema ser quem você quiser”, concorda?
Com certeza. Os quadrinhos, já nos anos 70, estavam na vanguarda de abraçar a diversidade. Em “Super-Homem”, a repórter Lois Lane, para escrever sobre o preconceito racial, se disfarça de negra e sofre todos os preconceitos possíveis. “Lanterna Verde” andava pelas ruas para denunciar a desigualdade social. Os mutantes do “X-Men” representam todas as minorias. Com as adaptações para os cinemas, Hollywood tornou a discussão maior.