Digital Jazz

DVD chr34Jazzchr34 – Ken Burns

04/05/2015
DVD chr34Jazzchr34 – Ken Burns | Jornal da Orla
A caixa com quatro DVD`s traz 12 programas da série “JAZZ”, de Ken Burns, um dos principais e mais premiados documentaristas dos Estados Unidos, lançada no Brasil no ano de 2002, pela gravadora Som Livre.

Feita em parceria com a BBC de Londres, custou mais de 13 milhões de dólares e levou mais de 6 anos para ser produzida.

São 498 músicas e 2.400 fotos, que traçam à trajetória do Jazz desde o seu início, e tem mais de 12 horas e meia de duração.

Na época do seu lançamento, foi considerada muito importante para a popularização do Jazz, assim como os Festivais da Record, foram para a nossa MPB nos anos 60, tamanha a sua qualidade e abrangência.

É indispensável assistir, com muita calma e atenção, a cada um dos DVD’s da coleção para que você descubra todo o fascínio da história humana e muito rica do Jazz.

O destaque vai para a cuidadosa e marcante edição de imagens (principalmente as fotografias e filmes raros da época), áudios incríveis, depoimentos de críticos, jornalistas e músicos.

A consultoria musical do projeto ficou por conta do competente e versátil trompetista Winton Marsalis, um dos maiores expoentes do Jazz da atualidade.

Os geniais Louis Armstrong, Duke Ellington, Dizzy Gillespie, Charlie Parker, Miles Davis, Thelonious Monk, John Coltrane, Glenn Miller, Chet Baker, Billie Holliday, Sarah Vaughan, Herbie Hancock e muitos outros são alguns dos personagens que você vai encontrar em várias minibiografias.

Tenho certeza, que você vai se emocionar ao ver uma centena de momentos raros e clássicos de um século inteiro da História do Jazz.

Meu destaque vai para a sequência inédita dos saxofonistas Charlie Parker e Coleman Hawkins no ano de 1950, um filme experimental do clarinetista Benny Goodman datado do ano de 1929 e um super 8 caseiro, do pianista e “bandleader” Duke Ellington, ao lado da sua orquestra na estrada.

A edição dos filmes é primorosa e me espantou o trabalho feito com as milhares de fotos utilizadas no material. É impressionante ver o movimento das fotos e a composição das trilhas, que acompanham todas as imagens.

É preciso ressaltar que alguns nomes importantes não fizeram parte do documentário.

Nem por isso, a beleza e a sua real importância devem ser descartadas.

Ainda é possível encontrar a caixa com a Série “Jazz” no mercado. Recomendo. Um documento histórico sobre o Jazz, que merece ter lugar de destaque no nosso acervo.

 
Martin Pizzarelli – “Triple Play”

 
Não deve ser fácil ser coadjuvante durante tantos anos e manter a  mesma tranquilidade  e  serenidade.

A carreira consistente do talentoso contrabaixista Martin Pizzarelli está, intimamente, ligada à carreira de sucesso do seu irmão, o guitarrista e cantor John Pizzarelli, um dos maiores expoentes do Jazz da atualidade.

Mesmo conhecido apenas por ser acompanhante, ouso dizer que Martin é um dos maiores contrabaixistas da atualidade, esbanjando talento, virtuosismo, carisma e muita simpatia.

Em 2004, lançou, pelo Selo Victoria Records, seu único e raro trabalho como líder, ao lado de seu pai, o também genial guitarrista Bucky Pizzarelli e do incrível pianista Ray Kennedy, que infelizmente se afastou dos palcos por problemas pessoais.

Um disco recheado de “Standards” e destaco os temas: “As Long As I Live”, “Moonglow”, “Undecided”  e “Sister Sadie”.

Ele diz que não se incomoda de ser o fiel escudeiro de seu irmão durante todos esses anos. Para ele, uma grande honra.

Amante do Brasil, ele gosta muito de se apresentar por aqui e tive a honra de trazê-lo a Santos, por três oportunidades, ao lado de John Pizzarelli. Shows memoráveis e inesquecíveis.

Outra passagem importante por aqui foi vivida na primeira vinda de seu pai ao Brasil, no Festival de Jazz da cidade de Ouro Preto. Ao lado de um verdadeiro “dream team”, ele prestou uma emocionante homenagem à cantora Billie Holiday.

Naquela oportunidade, tive a honra e o privilégio de ser seu “roadie”, carregando o case de sua guitarra e podendo, ao lado de Martin, curtir aquele show memorável, do “backstage”, melhor local para assistir a um show.


Mas é extremamente prazeroso ouvi-lo como líder, tirando do seu contrabaixo um “swing”de arrepiar.

Tomara que ele se anime a gravar outros discos, afinal um talento desses não pode se dar ao luxo de apenas ser um músico acompanhante.

 
Larry Fuller – “Easy Walker”

 
O pianista Larry Fuller é outro bom exemplo de um talentoso acompanhante, que deveria ter mais espaço na cena do Jazz.

Ele começou sua carreira em 1988, acompanhando a divina cantora Ernestine Anderson e, em 1994, participou da última formação do trio do lendário contrabaixista Ray Brown, além de já ter acompanhado uma seleção de grandes músicos.

Em 2005, se efetivou no quarteto do guitarrista e cantor John Pizzarelli, na vaga deixada pelo pianista Ray Kennedy e onde permaneceu até o ano de 2013.

Em 2003, lançou, pelo Selo Pony Boy Records, o também raro e único trabalho solo “Easy Walker”, ao lado do lendário contrabaixista Ray Brown e do incrível baterista Jeff Hamilton, em gravações feitas em Los Angeles,  no ano de 1998.

Com nítidas influências do pianista canadense Oscar Peterson, ele, em todas as faixas do disco, dá um verdadeiro show de interpretação.

Destaco os temas: “Caravan”, “Compassion”, “Honey Suckle Rose” e “Candy’s Blues”.

Atualmente tem se apresentado como líder em diversos festivais e casas noturnas espalhadas pelos Estados Unidos e é sem dúvida, um dos pianistas mais talentosos da cena do Jazz atual.

Apesar de ter uma personalidade bem introspectiva, ele é um ser humano muito sensível e bastante criativo. Nas suas três passagens por Santos, pude descobrir seu lado mais engraçado e espirituoso.

Porém, quando senta ao piano, ele se transforma, mostrando, com muita firmeza e ousadia, seu raro talento na forma de tocar.

Seu talento merece também mais discos solos e quem sabe em breve não teremos surpresas agradáveis neste sentido.