Clara Monforte

Olhos nos Olhos com Rafaela Freitas

20/03/2015
Olhos nos Olhos com Rafaela Freitas | Jornal da Orla
Com 17 anos, a jovem patinadora RAFAELA FREITAS é dona de títulos sul-americanos, brasileiros e paulistas, além de já ter mostrado sua garra,  talento e suavidade em diversos lugares do mundo, levando o nome de Santos, do Clube Internacional de Regatas, e defendendo o Brasil por onde compete. Em busca de novos desafios e conquistas, desde janeiro, está em Firenza, na Itália, onde ficará durante alguns meses para um treinamento forte. O objetivo é um só: ser medalhista no Mundial de Patinação Artística, que acontece em setembro, na Colômbia. Na primeira vez que disputou um Mundial, ano passado, alcançou a 9ª colocação. Agora, quer alçar voos mais altos. Nesta entrevista, fala de esforço, superação e revela que os santistas podem ter esperanças: uma medalha pode estar prestes a vir para cá.
 
O que representa para você a palavra “desafio”?
Desafio é você treinar todos os dias, e sempre terem coisas novas para serem conquistadas. Nunca poder se dar por satisfeita e estar sempre correndo atrás.
 
Aos 17 anos, você é dona de títulos sul-americanos, brasileiros e paulistas. Como isso funciona em sua cabeça?
Representa todo o meu esforço e todos os meus treinos. São títulos que trazem boas lembranças e conforto de saber que valeu a pena.
 
Teme que a autoconfiança de tantas conquistas possa atrapalhá-la?
Não. Prefiro entrar na quadra sabendo que tenho grandes chances de medalha, ou de vencer, do que saber que estou lutando para estar entre as cinco melhores, ou algo do tipo. Acho que as conquistas ajudam, mas confiança demais não é muito bom. Sempre deve existir a medida certa.
 
Você já competiu em diversas partes do mundo. De que lugar gostou mais?
Adoro competir fora, então é difícil dizer, mas acredito que gostei mais da Espanha, em 2014. Porque foi meu primeiro mundial, foi uma sensação totalmente nova, diferente e emocionante. Eu pude depois conhecer um pouco do país. Não é sempre que dá tempo de fazer isso.
 
Como e quando passou a gostar de patinação artística?
Não sei dizer ao certo. Minha mãe dá aula para quem inicia na patinação, e me levava junto com dois anos. Eu ficava brincando, então, desde que me entendo por gente, tenho patins nos pés. Vejo fotos minhas em casa, pequena e de patins. Acho que gosto desde sempre, cresci com isso.
 
Você considera um dom ou força do incentivo?
Tem que ter uma harmonia. Já vi gente que tem o dom, mas não tem a força do incentivo, e vice-versa. Então tem que ter os dois.
 
O que vem fazendo para conquistar medalha no Mundial de Patinação? Santos pode ter esperanças?
Estou aqui na Itália me dedicando bastante. Treino todo dia e me esforço ao máximo, porque ,além de alegrar Santos, eu quero minha medalha de Mundial. Meu objetivo é o ouro, claro! Mas não tenho como conquistar isso da noite para o dia e tenho consciência do quanto é difícil. Então, ficar entre as cinco melhores também já é uma enorme conquista!
 
Escolher esse objetivo não é muita responsabilidade para uma menina de 17 anos?
Acho que é um pouco, sim, mas faz parte. Quando fui para o meu primeiro Sul-americano, com 11 anos, eu me esforcei muito e voltei com uma medalha de ouro e outra de prata. Patino desde pequena e estou acostumada.
 
O que está achando da cidade de Firenze?
Gosto de Firenze. É uma cidade bonita, tranquila, tem um centro grande e cheio de coisas para ver e conhecer. Estou feliz.

E do que mais sente saudade de Santos?
Sinto muito falta da minha família, da minha cachorra, da praia e do mar. É difícil para quem sempre viveu há cinco minutos da praia, agora não ter nenhuma por perto.
 
E o que você faz quando não está sendo patinadora profissional?
Aqui na Itália, eu fico um pouco com as meninas daqui. Conheço, passeio, descanso… E em Santos, eu estudava e saía com os amigos também.
 
Tem os mesmos sonhos de uma garota comum?
Sim, tenho os meus sonhos do esporte. Mas, fora isso, tenho meus sonhos de profissão, desejos e conquistas também.
 
O que iguala e o que diferencia você das meninas que não têm a mesma vida?
O que iguala é que eu também estudo, saio com os amigos, levo uma vida normal. O que diferencia é perder uma festa por causa de treino, ou precisar voltar cedo porque no dia seguinte vou treinar, e também os aprendizados que um esporte pode trazer: só quem faz, sabe.
 
Você afirmou que não deixará as quadras antes de conquistar um Mundial. Por que essa convicção e, mais do que isso, esta determinação?
Porque acho que me abdiquei e fiz muita coisa pela patinação. O Mundial é o campeonato mais importante que tem nesse esporte. É ele que eu almejo, e parar antes disso seria jogar todos esses anos e esforços para o ar.