O uso de medicamentos é baseado em estudos científicos bastante elaborados e controlados. Um medicamento somente é liberado quando há garantias de que o efeito desejado se apresenta na maioria das pessoas de forma relativamente controlada e de que as reações adversas são conhecidas e que não afetariam negativamente o tratamento. Porém, o uso de medicamento não é 100% controlável por causa da mente humana. Dois efeitos são amplamente conhecidos pelos cientistas: o placebo e o Nocebo.
Melhora com remédio de mentira
O efeito placebo é quando, a despeito de não se usar uma substância farmacologicamente ativa, consegue-se resultados terapêuticos expressivos. Essa importante prática investigativa visa a aferir o quanto da melhora da doença estudada não é efeito do atendimento médico, do fato de estar participando de um experimento ou da própria vontade de melhorar.
Na investigação do efeito dos medicamentos, algumas pessoas recebem placebo e outras, medicamentos de fato e faz-se a comparação dos resultados. Obviamente, os resultados esperados do medicamento devem ser superiores ao do placebo. Todo esse processo é aprovado por uma comissão de ética que avalia o número de pessoas que recebem o placebo em proporção ao medicamento em si. Os voluntários são informados sobre essa prática, bem como das eventuais reações adversas. O médico que acompanha o caso não sabe o que o voluntário estará tomando, para não intervir em seu julgamento. Os frascos são identificados por códigos pela coordenação do experimento, que analisa os resultados.
Em algumas doenças, as pesquisas já definiram o quanto há de efeito placebo no tratamento, com resultados positivos podendo ser superior a 20% nestas: doença de Crohn, síndrome da fadiga crônica, colite ulcerativa, depressão maior e enxaqueca. E em mais de 30% na síndrome do intestino irritável e nos casos de mania bipolar.
Efeitos colaterais sem tomar
O efeito Nocebo, por sua vez, é quando o usuário do medicamento relata as reações adversas previstas para o medicamento, porém não fez uso de substâncias ativas. Estudos comparativos mostram que são sentidas mais reações adversas com o uso de medicamentos genéricos, pela crença de que esses medicamentos são piores do que os de marca. Quando as pessoas fazem uso de medicamentos genéricos, porém sem saber a origem, a incidência de reação adversa diminui. Estudos neurológicos demonstram alterações funcionais do cérebro que explicam tanto o placebo quanto o Nocebo. Portanto, o efeito placebo ou Nocebo não é uma mera criação da mente, porém algo que é inerente ao ser humano, qual seja a capacidade da mente controlar o corpo, dentro de certos limites.
Se ainda tiver dúvidas, encaminhe-as para o Centro de Informações sobre Medicamentos (CIM) do curso de Farmácia da Unisantos. O contato pode ser pelo e-mail [email protected] ou por carta endereçada ao CIM, avenida Conselheiro Nébias, 300, 11015-002.
