Ante as dificuldades, dois caminhos se apresentam: o da acomodação pura e simples e o do esforço para a superação. Isso define, no mundo, os perdedores e os triunfadores. Triunfadores sobre si mesmos, sobre a adversidade.
Selma nasceu em uma propriedade agrícola sueca, administrada por sua família. Portadora de um defeito articular na perna esquerda, aos três anos de idade, viu-se subitamente impedida de andar. Com as pernas inertes, passou a infância sem brincar muito, a ouvir as histórias e lendas contadas por sua babá, Kaysa. Sua avó, que a levava de um lado a outro, lhe dizia: “Aprenda a voar pelo pensamento”.
Quando via as crianças patinando no gelo, ela recomendava: “Feche os olhos e com a imaginação patine pelo universo”.
Em determinado verão, viajando com a família para uma estação de águas, conheceu a esposa do capitão do navio.
Ao ser convidada a conhecer a embarcação, Selma viu uma ave-do-paraíso e, sendo uma criança de imaginação aguçada, achou-a capaz de fazer milagres, fato que a fez, repentinamente, voltar a andar, apesar de continuar claudicando, por causa das dores que sentia na perna esquerda. Aos 15 anos, depois de ter dedicado toda a infância à leitura, Selma decidiu que seria escritora e passou a escrever versos.
A situação financeira da família, agravada pela doença do pai, definiu a venda da propriedade, onde Selma nascera, crescera e tanto amava. Aos 24 anos, com a ajuda financeira de um empréstimo feito por seu irmão Johan, Selma entrou para a escola de formação de professores. Ela se tornou professora de história e prometeu a si mesma que iria readquirir a propriedade familiar.
Graças à sua imaginação, alimentada pelos mitos, lendas e histórias de fantasmas de sua terra, escreveu contos, que se materializaram em livros. Seu grande sucesso, alcançado em 1910, veio com um livro que foi desafiada a escrever por um diretor de escola. Um livro que contasse a história e a geografia da Suécia para as crianças das séries primárias.
Com isso, conseguiu seu intento: readquirir a propriedade da família, onde voltou a residir e viveu até o final dos seus dias. Ao receber o Prêmio Nobel de Literatura, em 1910, ela narrou um encontro que teve com seu pai, já falecido, enquanto adormecera no trem, a caminho de Estocolmo. Ele a lembrou que deveria ser grata. Por isso, foi um discurso de gratidão, em que disse não ser nada mais do que a boca e a caneta, registrando o que sua mente, desde a infância, recebera.
Falou da grande dívida de gratidão que levava em seu coração. E afirmou: “A gratidão é o fardo mais pesado que se carrega. Não há como resgatar essa dívida eterna”. Selma não somente superou as próprias dificuldades, mas foi militante das causas feministas e uma pacifista convicta.
No início da Segunda Guerra Mundial, ajudou vários intelectuais alemães a fugirem, conseguindo-lhes vistos suecos. A poetisa alemã Nelly Sachs foi por ela salva de ser colocada num campo de concentração. Escreveu a grande contista sueca: “Ninguém pode livrar os homens da dor, mas será bendito aquele que fizer renascer neles a coragem para a suportar”.
[com base em dados biográficos de Selma Lagerlof e da Redação do Momento Espírita]
PAZ, SAÚDE E PROSPERIDADE