Porto

O que Calixto viu (e o que não viu)

30/01/2015
O que Calixto viu (e o que não viu) | Jornal da Orla
Que o pintor Benedicto Calixto (1853-1927) pintou cenas que mostram como Santos era no passado não é novidade. O surpreendente é que muitos dos ângulos retratados em suas telas só seriam possíveis se o artista estivesse voando. 
 
Foi o que descobriu o fotógrafo Sérgio Furtado, um especialista em captar imagens aéreas, ao fazer os registros que estão no livro “Olhares – da tela à fotografia”, uma obra impecável lançada no ano passado, patrocinada pela Codesp, para marcar os 120 anos do maior complexo portuário do hemisfério sul. A publicação direção de arte e projeto gráfico da jornalista Cristina Sara.
 
A ideia de Furtado foi muito original: reproduzir, com fotos, as cenas apresentadas por Calixto no século passado, quando o cenário da cidade era muuuito diferente ao dos dias de hoje. Assim, o fotógrafo fez diversos sobrevoos, munido de reproduções dos quadros, e fazia os registros, no mesmo ângulo das pinturas. 
 
“Fiquei impressionado, pois em algumas só consegui reproduzir o mesmo ponto de vista de Calixto voando a uma altitude de 1.000 pés, ou seja, cerca de 350 metros de altura. Não existia helicóptero e, até onde sei, o artista não costumava pintar a bordo de um balão. Então, é um completo mistério como ele conseguiu”, declara.
 
O livro, que infelizmente é uma edição limitada, além de apresentar este interessante antes-e-depois, traz uma segunda parte com imagens bastante atuais e superlativas, mostrando todo o gigantismo e modernidade do Porto de Santos. 
 
Para obtê-las, Furtado fez mais do que uma centena de sobrevoos, sempre buscando os melhores ângulos, sem abrir mão da plasticidade. Com 40 anos de experiência como fotógrafo e cinegrafista, 150 mil fotos aéreas e cerca de 500 horas de voo na bagagem, ele já colocou para decolar novos projetos, obras retratando os manguezais da Baixada Santista e outra sobre o Porto, que devem ser lançadas ainda este ano.


Olhar privilegiado – Além desta interessante comparação entre passado e presente, a obra de Furtado revela detalhes, obtidos de um ponto de vista muito privilegiado. São cenas que mostram as peculiaridades do maior porto do hemisfério sul.