Para vencer o desafio de apresentar novidades em um espetáculo que se realiza há 17 anos, o diretor teatral Amauri Alves apostou na ancestralidade dos índios brasileiros e nas mais recentes tecnologias de mídia na encenação da fundação de São Vicente de 2015.
Para completar, o maior espetáculo a céu aberto em uma praia do mundo incluirá apresentações de bonecos gigantes, e a participação de artistas estrangeiros, de sete países (da América Latina, Europa, África e Ásia).
As apresentações acontecem até domingo (25), sempre às 20h30, na arena montada na praia do Gonzaguinha. O ingresso é um pacote de 400 gramas de leite em pó, que será encaminhado às creches municipais.
A narrativa deste ano será feita do ponto de vista dos índios guaranis, que habitavam a região na época da chegada da expedição comandada por Martim Afonso de Souza. “Vamos mostrar as características, as tradições dos nativos. Era parte da cultura das tribos de cuidar do ecossistema, respeitar os anciãos e guerrear com aldeias rivais para preservar a honra, aprisionar escravos e realizar rituais de canibalismo”, detalha o versátil Amauri Alves, que é responsável pelo roteiro do espetáculo (em parceria com o músico Flávio Medeiros), a direção e ainda faz parte do elenco , interpretando João Ramalho.
Com os efeitos de videomapping (técnica que utiliza a projeção de imagens no cenário, no caso as areias do Gonzaguinha), o narrador apresentará a criação do mundo na perspectiva indígena, onde o Deus supremo Monã fez céus e terra. Entre as entidades ligadas à natureza, aparecerão tupã, caaporã e uiara, guardiões da luz, das florestas e das águas. Cada um será representado por um boneco gigante -o maior terá oito metros de altura.
O que não será novidade é a participação de atores globais: este ano o navegador português Martim Afonso de Souza será interpretado por Ricardo Tozzi, o Cacique Piquerobi por Rafael Zulu e o pajé por Hélio Cícero.
Mais uma vez, a encenação terá no elenco cerca de mil pessoas da comunidade.
E mais!
Jovens preparam curta-metragem
Todo o processo de criação do espetáculo foi registrado por seis jovens da cidade e resultarão na produção de um curta-metragem. “O início do projeto foi em outubro e queremos mostrar o espetáculo a partir da perspectiva do elenco. Por isso, estamos acompanhando diariamente os preparativos”, afirma o jovem cineasta Cássio Santos, já premiado no Festival de Gramado em 2013. “Tudo é registrado nas câmeras da equipe: as companhias de dança, teatro, quadrilhas juninas e até artistas estrangeiros dão seus relatos na tela”.
Realizado pela Secretaria da Cultura, o documentário de cerca de 15 minutos tem direção de Cássio, que divide o argumento com a produtora Erica Rodrigues e Victor Luiz. O grupo também é formado por João Vitor Andrade (fotografia), Kauê Rodrigues (som) e Valdir Vieira (elétrica). Além desta obra, o grupo ainda fará uma segunda gravação, registrando a sessão completa do grande musical.